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Bactérias e areia fazem tijolos vivos – que se reproduzem
08/02/20
Tijolos vivos
Novos materiais de construção vivos, que podem crescer e se multiplicar, podem não apenas representar uma revolução no campo dos materiais de construção, como também ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa no futuro.
Chelsea Heveran e seus colegas da Universidade do Colorado, nos EUA, desenvolveram uma técnica que combina areia e bactérias para criar um material vivo que possui uma função estrutural, sem perder suas funções biológicas, como a capacidade de reprodução.
Heveran criou um suporte de areia e hidrogel para as bactérias crescerem. O hidrogel retém a umidade e os nutrientes para que as bactérias proliferem e mineralizem, um processo semelhante à formação de conchas do mar. Combinando os três, a equipe criou um material vivo “verde” que demonstra resistência estrutural semelhante à da argamassa à base de cimento.
“Usamos cianobactérias fotossintéticas para biomineralizar o suporte, então é realmente verde. Parece um material do tipo Frankenstein. É exatamente isso que estamos tentando criar – algo que permanece vivo,” disse o professor Wil Srubar, coordenador da equipe.
Tijolo que se reproduz
O tijolo de hidrogel e areia não está apenas vivo – ele se reproduz.
Se você dividir o tijolo ao meio, as bactérias podem crescer e se transformar em dois tijolos completos com a ajuda de um pouco mais de areia, hidrogel e nutrientes.
Em vez de fabricar os tijolos um por um, a equipe demonstrou que um tijolo-pai pode reproduzir até oito tijolos-filhos após três gerações.
“O que realmente nos entusiasma é que isso desafia as formas convencionais pelas quais fabricamos materiais de construção estruturais,” diz Srubar. “Isso realmente demonstra a capacidade de fabricação exponencial de material”.
Cultivando tijolos
O tijolo precisa ser completamente seco para atingir a capacidade estrutural máxima (maior resistência). É claro que a secagem estressa as bactérias e compromete sua viabilidade.
Para manter a função estrutural e garantir a sobrevivência microbiana, o conceito de umidade relativa ideal e condições de armazenamento é crítico.
Utilizando a umidade e a temperatura como interruptores físicos, os pesquisadores estabeleceram os parâmetros que permitem controlar quando as bactérias crescem e dão origem a novos tijolos, e quando o material permanece inativo para servir à sua função estrutural.
Você ainda não vai encontrar esses microrganismos que viram tijolos na casa de material de construção mais próxima da sua casa. Mas os pesquisadores afirmam que sua capacidade de manter suas bactérias vivas com uma alta taxa de sucesso mostra que os prédios vivos podem não estar muito longe no futuro.
“Esta é uma plataforma de materiais que prepara o terreno para novos materiais interessantes que podem ser projetados para interagir e responder aos seus ambientes,” disse Srubar. “Estamos apenas tentando dar vida aos materiais de construção, e acho que esta é a pepita dessa coisa toda. Estamos apenas arranhando a superfície e lançando as bases de uma nova disciplina. O céu é o limite”.
Artigo: Biomineralization and Successive Regeneration of Engineered Living Building Materials
Autores: Chelsea M. Heveran, Sarah L. Williams, Jishen Qiu, Juliana Artier, Mija H. Hubler, Sherri M. Cook, Jeffrey C. Cameron, Wil V. Srubar III
Revista: Matter
DOI: 10.1016/j.matt.2019.11.016
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Índia constrói casas resistentes a enchentes com materiais locais
09/12/19
Casas à prova de inundações
O estado de Kerala, no sul da Índia, que perdeu quase um milhão de casas em duas inundações desastrosas em 2018 e 2019, está tentando se adaptar às mudanças climáticas construindo casas resistentes a inundações.
Em dois anos, um sexto da população de 35 milhões de habitantes do estado foi afetado pelas inundações e 1,4 milhão delas teve que abandonar suas casas. Muitas casas frágeis foram destruídas e estão sendo reconstruídas do zero.
Percebendo que as inundações serão uma ocorrência cada vez mais regular no futuro, à medida que as mudanças climáticas continuarem a tornar o clima mais extremo, o plano é projetar e construir casas que possam suportar as inundações.
E, de acordo com os arquitetos pioneiros na área, elas devem ser construídas com materiais locais, como bambu, cal e lama.
“Estamos usando tijolos de barro entrelaçados, pilares feitos de bambu tratado, barro e concreto. Para reboco, usamos cascas de coco, bambu tratado e telhas de barro. O bambu é um substituto significativo do aço e tem uma resistência equivalente,” contou o arquiteto Gopalan Shankar.
Tecnologia habitacional de baixo custo
Shankar iniciou seu negócio sem fins lucrativos, o Habitat Technology Group, em 1987, como uma banda de um homem só.
Levou seis meses para ele conseguiu sua primeira encomenda, mas ele agora trabalha com 400 arquitetos, engenheiros e assistentes sociais, e possui 34 escritórios regionais e 35.000 trabalhadores treinados em toda a Índia.
No estado de Kerala, ele acaba de concluir a construção de 250 casas resistentes ao clima para as vítimas das enchentes.
O governo indiano tem um esquema que dá às pessoas um subsídio para reparar suas casas após uma enchente, mas as incentiva a construir de maneira a tornar as casas mais capazes de suportar impactos futuros.
“Em áreas propensas a inundações, quando há necessidade de residir lá, construímos a casa com o material disponível localmente que possa se mostrar eficiente. Os danos causados pelas inundações não afetam em larga medida o morador, tanto física quanto financeiramente,” disse Shankar.
Fonte: inovaçãotecnológica.com.br
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Madeira Transparente
15/07/19
Madeira transparente
Em 2016, uma equipe do Instituto Real de Tecnologia da Suécia apresentou uma madeira opticamente transparente.
Os pesquisadores fizeram a madeira ficar transparente removendo das paredes celulares da madeira de balsa um componente chamado lignina, que absorve a luz. Para reduzir a dispersão da luz, eles incorporaram acrílico como suporte.
Agora, a equipe adicionou à sua madeira sem lignina um polímero chamado polietilenoglicol (PEG), o que a tornou capaz de armazenar e liberar calor.
“Escolhemos o PEG por causa de sua capacidade de armazenar calor, mas também por causa de sua alta afinidade com a madeira. Em Estocolmo há um navio muito antigo chamado Vasa, e os cientistas usaram o PEG para estabilizar a madeira. Então sabíamos que o PEG poderia ir realmente profundamente nas células da madeira,” disse a pesquisadora Céline Montanari.
Material de mudança de fase
Conhecido como um “material de mudança de fase”, o PEG é um sólido que se funde a uma temperatura de 30º C, armazenando energia no processo. O material fica travado na estrutura da madeira, e a temperatura de fusão pode ser ajustada usando diferentes tipos de PEG.
“Durante um dia ensolarado, o material absorverá o calor antes que ele chegue ao espaço interno, e o interior ficará mais frio do que do lado de fora,” explicou Montanari. “E à noite ocorre o inverso – o PEG se torna sólido e libera o calor no ambiente interno para que você possa manter uma temperatura constante na casa”.
O acrílico foi novamente usado para proteger o material compósito da umidade. Como na versão anterior, a madeira modificada continua transparente, embora ligeiramente “enevoada”, permitindo alguma privacidade – e com o bônus adicional de armazenar e liberar calor.
Melhor que plástico ou vidro
Os pesquisadores apontam que a madeira transparente tem o potencial de ser mais ecologicamente correta do que outros materiais de construção, como plástico, concreto e vidro.
Além de suas capacidades de armazenamento térmico, esse “vidro de madeira” poderia ser mais fácil de descartar depois de ter servido ao seu propósito. “O PEG e a madeira são de base biológica e biodegradáveis. A única parte que não é biodegradável é o acrílico, mas ele poderia ser substituído por outro polímero de base biológica,” disse o professor Lars Berglund.
Agora, o foco está em ampliar o processo de produção para torná-lo viável industrialmente. A equipe estima que a madeira transparente poderá estar disponível para aplicações de nicho em design de interiores em cerca de cinco anos.
Eles também estão tentando aumentar a capacidade de armazenamento do material para torná-lo ainda mais eficiente em termos de energia.
Artigo: Multifunctional transparent wood for thermal energy storage applications
Autores: Céline Montanari, Y. Li, Lars Berglund
Revista: Proceedings of th ACS National Meeting & Expositions 2019
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Tijolos geram eletricidade limpa
08/01/19
Tijolos que geram eletricidade limpa e nunca precisam ser recarregados
Casas construídas com uma nova tecnologia de “tijolos verdes” não precisarão de painéis solares ou geradores eólicos para gerar eletricidade limpa.
Os tijolos termogalvânicos geram eletricidade de forma autônoma, bastando para isso que duas de suas faces estejam em temperaturas diferentes.
Por exemplo, se a parede externa de uma casa estiver quente por receber a luz do Sol, enquanto o interior está sombreado e fresco, a parede produz eletricidade.
Isto ocorre graças a processos de redução e oxidação eletroquímicos equilibrados que ocorrem dentro do tijolo. Enquanto os eletrodos nas suas faces estiverem em temperaturas diferentes, as reações eletroquímicas ocorrem e a eletricidade é gerada.
A grande vantagem é que os compostos envolvidos nessas reações não são consumidos, não se esgotam e nunca precisam ser recarregados – enquanto houver uma diferença de temperatura, a eletricidade será gerada.
Tijolos termogalvânicos
A técnica envolve o uso de água gelificada dentro do tijolo, usufruindo de uma estrutura interna muito conhecida dos matemáticos, chamada schwarzita, fabricada por uma impressora 3D. O benefício adicional é que essa estrutura de superfície mínima (schwarzita D) deixa os tijolos termogalvânicos mais fortes do que os tijolos comuns.
Além disso, a estrutura não apenas permite que a eletroquímica ocorra, como também serve para melhorar o isolamento térmico.
A equipe acredita que este novo dispositivo poderá ajudar a fornecer acesso a energia sustentável e acessível, principalmente em construções distantes de uma rede elétrica.
“A ideia é que esses tijolos possam ser impressos em 3D a partir de plástico reciclado e usados para construir rápida e facilmente coisas como abrigos para refugiados. Pelo simples ato de manter os ocupantes mais quentes ou mais frios do que o ambiente, a eletricidade será produzida, suficiente para fornecer iluminação noturna e recarregar um telefone celular.
“Crucialmente, eles não exigem manutenção, recarga ou reabastecimento. Ao contrário das baterias, eles não armazenam energia, o que também elimina o risco de incêndio e restrições de transporte,” disse o professor Leigh Aldous, do King’s College de Londres, que desenvolveu a tecnologia com colegas das universidades do Arizona, nos EUA, e Nova Gales do Sul, na Austrália.
Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br
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REPLAST
08/11/18
Toneladas de resíduos plástico estão contaminando a vida marinha nos oceanos e por tabela os pássaros e seres humanos e isso é um grande problema, mas felizmente muitas pessoas criativas estão bolando maneiras de resolver essa situação insustentável. A startup americana ByFusion desenvolveu uma tecnologia de tijolo ecológico reciclando os plásticos retirados dos oceanos.
Desta forma, os resíduos de plástico podem ser reutilizados de forma permanente, em vez de serem usados para criar outro item de plástico descartável que pode acabar de volta nos mares. A tecnologia foi uma ideia genial do inventor e engenheiro neozelandês Peter Lewis, e seu processo envolve uma plataforma modular que comprime os restos de plástico em blocos duráveis de várias formas e densidades, com base nas configurações personalizadas para serem encaixados como blocos de Lego.
O tijolo plástico reciclado se chama REPLAST, e seu sistema de fabricação é portátil pois vem dentro de um contêiner e pode ser transportado por caminhão e navio para qualquer lugar do mundo, e foi projetado para rodar com gás ou elétrico, e não precisa que o plástico seja classificado ou lavado.
A ByFusion descreve o REPLAST como um processo de fabricação sem emissões de CO2 e não-tóxico, e diz que os tijolos podem ajudar a melhorar a sustentabilidade de projetos de construção e contribuir para a certificação LEED. Até agora, os blocos de plástico reciclado foram concebidos para serem utilizados em paredes e barreiras de estrada, mas a empresa está aberta a personalização do material de construção para uso em outros tipos de projetos como casas e edifícios.
Não necessitando de cola ou adesivos, os tijolos ecológicos REPLAST poderiam representar a próxima onda de construção sustentável, uma vez que são totalmente reciclados a partir de resíduos de plástico recolhidos (sem discriminação para o tipo de plástico) e têm emissões de CO2 95% mais baixos do que os blocos de concreto tradicional. Devido à natureza dos detritos de plástico, os blocos são muito mais coloridos, também. O vídeo abaixo mostra a construção de uma parede com o simples encaixe dos tijolos de plástico.
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MIT estuda grafeno para construção civil
29/05/18
Engenheiros do MIT criam material de construção 10 vezes mais forte que o aço estrutural
Uma equipe de investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) criou um novo material, de baixo peso, que é considerado o mais resistente de sempre. De acordo com o MIT, o novo material de construção foi obtido através da compressão e fusão de flocos de grafeno.
Com uma configuração geométrica espongiforme, o material tem 5% da densidade do aço e uma resistência à compressão e tração 10 vezes superior.
Apesar das excecionais propriedades estruturais do grafeno serem, há muito tempo, conhecidas, a sua utilização em elementos tridimensionais tem sido limitada pela dificuldade em traduzir o comportamento bidimensional, amplamente estudado e documentado, para o fabrico 3D.
De forma a ultrapassar esta lacuna, os investigadores do MIT analisaram o comportamento do material ao nível atómico, produzindo um modelo matemático que consegue traduzir com um grau de fiabilidade elevado, as observações experimentais.
A equipe conseguiu comprimir pequenos flocos de grafeno, através de uma combinação de calor e pressão, de forma a produzir estruturas estáveis, de geometria otimizada, que possuem uma grande área superficial em comparação com o seu volume.
O material tridimensional de grafeno é composto por superfícies curvas, meticulosamente dispostas de forma a maximizar a resistência à tração e compressão do elemento.
Embora o uso do grafeno seja um fator importante, ele não é determinante na obtenção de resistências elevadas, estando o comportamento mecânico dos elementos fabricados pelo MIT, principalmente dependente da organização geométrica atómica, pelo que a opção por outros materiais é igualmente possível.
De acordo com os investigadores, a disposição geométrica poderá até ser aplicada em elementos estruturais de grande escala, como os pilares ou tabuleiros de pontes de betão.
Outra das opções colocada pelos engenheiros norte-americanos, mais viável para o fabrico industrial do material, é o uso de partículas poliméricas ou metálicas para a construção do modelo inicial, sendo este revestido com grafeno através de deposição química a vapor. O processo seria finalizado através da sujeição dos elemento estruturais a um tratamento de calor e remoção física ou química do modelo, de forma a restar apenas a estrutura tridimensional de grafeno.
Fonte: https://www.engenhariacivil.com
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Tinta Solar
08/04/18
Tinta Solar transforma superfícies em gerador de energia a partir do Hidorgênio
Hidrogênio pode ser utilizado em carros que não emitem poluentes tóxicos, porém o custo da produção do hidrogênio é um fator limitante para que essa tecnologia seja mais amplamente aplicada. Isso está prestes a mudar com a descoberta de pesquisadores australianos que descobriram uma forma de produzir Hidrogênio usando luz solar e vapor de água.
Hidrogênio é a energia ideal
O processo consiste em pintar o composto químico em tetos e superfícies que ficam expostas ao sol. O pesquisador e co-autor Kourosh Kalantarzadeh explica:
Hidrogênio é a fonte de energia ideal no Planeta, se você pode transformar água em hidrogênio, você terá uma fonte infinita de energia
A pesquisa foi publicada no jornal ACS Nano e descreve como a tinta utiliza a luz solar para quebrar a umidade em hidrogênio e oxigênio. O método atual utilizado é a eletrólise. Esse é um processo ineficiente para escala industrial, pois requer alta quantidade de energia para ser completada, além de anular seu propósito original de criar energia sustentável
A nova descoberta pode ter um impacto significativo na busca por alternativas aos combustíveis a base de carbono. Hidrogênio pode ser usado em veículos automotores e até foguetes quando postos em compressão. De fato, NASA é o maior usuário de hidrogênio no mundo.
O gás também é capaz de acumular energia, fazendo dele um agente de transformação no desenvolvimento de células combustíveis sustentáveis. Esse poderia ser o fim para as baterias de lítio que são muito poluidoras e prejudiciais. O pesquisador Torben Daeneke na Universidade RMIT, diz:
Baterias de íons de lítio são as piores em termos de pegada de carbono. Elas ainda precisam evoluir muito para baixar sua pegada de carbono
A tinta recém descoberta é a combinação de lubrificante sulfeto de molibdênio comum e nanopartículas de dióxido de titânio. Dióxido de titânio é a substância que oferece às pastas de dente e protetores solar sua coloração embranquecida. Tal material absorve tanto a energia solar, quanto a umidade do ar. Ele pode dividir a água em hidrogênio e oxigênio para que seja usado como combustível.
Pesquisador Dr. Torben Daeneke afirma:
A simples adição desse novo material pode converter um tijolo em fonte de energia
Essa tinta não será comercializada elos próximos cinco anos, mas pesquisadores acreditam que uma vez tento o processo melhorado, será muito acessível e adaptável em diferentes climas. “Qualquer lugar que tiver vapor de água no ar, até em regiões distantes da água, poderá produzir energia”.
A tinta poderá ser usada em qualquer superfície, de casas a paredes e cercas. Sua habilidade de transformar qualquer estrutura em energia limpa é incrível. Uma vez comercializada a tinta se juntará a uma crescente lista de produtos disponíveis para empoderar pessoas a terem o controle de produção de sua própria fonte de energia.
Fontes: Futurism, Seeker, RMIT
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Hempcrete: o Cânhamo na Construção Civil
08/04/18
Cultivado há séculos, o cânhamo é uma planta versátil, com mais de 25 mil aplicações. Dentre seus vários usos está o hempcrete (concreto de cânhamo), uma alternativa mais sustentável para a construção civil.
O hempcrete é um agregado feito de cânhamo. Suas fibras funcionam bem como material de construção porque são leves e ao mesmo tempo resistentes, oferecendo excelente regulação térmica e controle de umidade.
Essa ideia não é nova, os primeiros registros deste tipo de material datam do século VI, quando o material foi encontrado em pilares de pontes na França. Embora tenha sido redescoberto recentemente, ele tem sido usado na construção de casas e edifícios, e seu uso está se difundindo pelo mundo todo.
O concreto de cânhamo é um material eficiente, não-tóxico e resistente ao mofo, usado como isolamento térmico, para fazer pisos, tetos e paredes.
É muito comum o hempcrete ser combinado com outros materiais em uma técnica apelidada de “parede sanduíche”. O sistema é muito simples: Escolhe-se dois pilares fixos (de madeira, alvenaria ou outro tipo de estrutura). Em seguida, estes dois pontos são ligados por dois compensados de madeira, um de cada lado, deixando um vão entre eles. Esta célula ou espaço vazio é então preenchido com a mistura. Logo os compensados são removidos expondo a parede pronta!
Sendo um material natural respirável, o hempcrete também é frequentemente usado para fazer pisos ou isolamento em telhados. Engenheiros e arquitetos podem usar o material derivado do cânhamo para formar todo o revestimento térmico de uma obra.
Embora seja mais comum o hempcrete ser incorporado em projetos saindo do papel, ele também é um material ideal para melhorar o desempenho térmico de edifícios mais antigos ou até mesmo restaurar prédios históricos. Em particular, ele funciona muito bem no reparo de paredes danificadas ou quando se quer adicionar isolamento em alvenaria sólida, ajudando a controlar a umidade.
O hempcrete é feito da mistura de cânhamo molhado com um aglutinante de cal. Usando betoneiras de argamassa, mistura-se o cânhamo, o calcário em pó e água por 1 ou 2 minutos, até obter uma pasta consistente.
Em seguida, esta massa é aplicada à mão nos vãos, cavidades ou rachaduras da parede. Ao longo do tempo, as reações químicas entre o cânhamo, a água e a cal petrificam a mistura, transformando-a em um bloco leve, porém resistente.
A única desvantagem do hempcrete em relação à alvenaria tradicional é que ele leva muito tempo para curar. Sendo assim, não é ideal para paredes estruturais. Isso é contornado pela fabricação de tijolos com o mesmo material, que curam muito mais rápido do que quando a massa é aplicada diretamente na parede.
Após totalmente secos e curados, os tijolos de cânhamo podem ser empilhados da mesma forma que os tijolos convencionais.
Benefícios
O hempcrete tem muitas vantagens em relação aos materiais de construção convencionais. Além de ser econômico e fácil de fabricar, ele é um produto ecológico de alto desempenho. Confira a seguir alguns de seus muitos benefícios:
- Natural, não é tóxico
- Nenhuma emissão de gases venenosos
- Não utiliza solventes
- Resistente ao mofo
- Resistente a pragas
- Respirável
- Excelente controle de umidade
- Durável
- Sustentável
- Resistência ao fogo
- Ótimo isolante
- Forte
- Leve
- Carbono negativo
O hempcrete é considerado um material melhor do que aqueles classificados como “carbono zero”, já que absorve mais CO2 atmosférico durante toda sua vida útil do que a quantidade de carbono que é emitida em sua fabricação. Ou seja, ao contrário da madeira, que requer alguma forma de desmatamento, contribuindo para a liberação de mais CO2 na atmosfera, o hempcrete pode ajudar a combater a poluição e consequente aquecimento global.
Os materiais de construção modernos são extraídos do solo ou colhidos de florestas centenárias. Enquanto essas árvores levam décadas para se desenvolverem, o cânhamo está pronto para ser processado em apenas quatro meses! Em um único ano é possível produzir até três safras, uma prática muito mais sustentável para o planeta.
Fonte: https://hempmeds.com.br/hempcrete-o-canhamo-na-construcao-civil/
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Habitação Saudável
16/01/18
A precariedade habitacional, deterioração da qualidade de vida, impacto na saúde de ambientes insalubres e o distanciamento da comunidade científica da realidade comprovam a necessidade de aumentar a eficácia e eficiência das políticas públicas de saúde. Para isso, foram feitos acordos, estabelecidas alianças e propostas estratégicas para concentrar esforços e recursos a partir das potencialidades das instituições acadêmicas e públicas envolvidas com as questões de saúde e habitação.
Neste contexto se inclui a proposta da incorporação do conceito de habitação saudável da RBHS com a política pública de saúde, a partir de seu grande número de pontos afins.
Vale a pena ler o artigo Habitação saudável no Programa Saúde da Família (PSF): uma estratégia para as políticas públicas de saúde e ambiente.
Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/
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Habitação Saudável – Agente da Saúde
02/01/18
Mais do que bonita e sustentável, a habitação saudável deve ser pensada como ferramenta fundamental, para promoção de saúde e qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), habitação saudável é um agente da saúde dos moradores e seus usuários ao levar em conta o impacto das construções sobre a nossa vida.
De acordo com a Carta de Otawa;
” As condições e os recursos fundamentais para a saúde são: Paz – Habitação – Educação – Alimentação – Renda – ecossistema estável – recursos sustentáveis – justiça social e equidade.”
Os três elementos determinantes da saúde – a biologia humana, o meio ambiente e estilos de vida – tem na habitação, as principais causas de enfermidades e morte.
Alguns fatores levam à precarização das condições de saúde, principalmente em comunidades carentes, entre eles, a alta densidade populacional, a falta de ordenação urbana, a inadequação das habitações e a falta de infra-estrutura básica urbana, principalmente a sanitária.
De acordo com Carlos Barceló Perez, secretário executivo da Red Interamericana de Vivienda Saludable e pesquisador do Instituto Nacional de Higiene, Epidemiologia y Microbiologia (Inhem) de Cuba,
“A habitação não é apenas o espaço físico. Habitação é o uso que se dá ao espaço em que as pessoas convivem. Portanto, escola, bairro, local de trabalho, entre outros são todos espaços que devem ser vistos como determinantes da saúde. A habitação é o cenário no qual se deve desenvolver funções básicas para a vida humana, como proteção biológicas e sociais da natureza dos indivíduos, produção e reprodução da vida material e imaterial dos indivíduos. Condição de desenvolvimento sustentável é a saúde como um todo, envolvendo questões biológicas, públicas, ambientais e do ecossistema, ou seja, é a existência do homem em seu pleno potencial como indivíduo, sociedade e como uma espécie integrante de cenários históricos.”
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o conceito de habitação saudável se aplica ao desenho da moradia, ao território geográfico e social em que a habitação se assenta, aos materiais usados para sua construção, à segurança e qualidade dos elementos, ao processo construtivo, à composição espacial, à qualidade dos acabamentos, ao contexto global do entorno (comunicações, energia, vizinhança) e à educação ambiental e em saúde de seus moradores sobre estilos e condições de vida.
Existem uma serie de Normas, Leis, Selos… que definem a Habitação Saudável, ou um conjunto de aspectos que interfeririam na qualidade de vida e na comodidade dos moradores, bem como na satisfação de suas necessidades físicas, psicológicas e socioculturais. Entre elas, conforto ambiental: luminoso, térmico, acústico e táctil; segurança do usuário e salubridade domiciliar e do seu entorno.
Entre os principais fatores de risco à saúde ambiental e humana na habitação temos: existência umidade devido à falta de acabamento e / ou presença de infiltrações; insolação (incidência de raios solares nos ambientes internos da moradia durante o dia todo devido à deficiência de cobertura); existência e acúmulo de lixo ou descarte inadequado; falta de instalações sanitárias adequadas e existência de contaminantes de origem química, biológica e radiações devido aos materiais construtivos e acabamentos empregados no ambiente construído.
Toda essa pesquisa é fundamental para nortear novos projetos, e colocar a questão da Saúde no Partido e Conceito Arquitetônico.
No entanto existem alguns milhões de casas sem condições de habitabilidade, penduradas em morros, beira córregos, ao lado de aterro sanitário… casas construídas com restos de madeira, cobertas com lonas e pedaços de telhas de amianto, com esgoto deslizando no meio da “rua”, sem janelas ou qualquer tipo de ventilação.
Como adequar todas essas regras a essa realidade?
A partir deste ano nós da recriar, vamos iniciar um trabalho junto a comunidades, para que juntos, possamos encontrar a resposta para essa questão. Contamos com nossos colegas arquitetos e engenheiros para nos auxiliar nesse sonho.
Arq. Míriam Morata Novaes
Vivienda Saludable: De cara a Rio+20
Este tema, já reconhecido como preocupação mundial, porém ainda não muito difundido, ganhou um documento desenvolvido pela Rede Interamericana de Habitação Saudável: Vivienda Saludable: De cara a Rio+20
O documento foi desenvolvido pela Red Interamericana de Vivienda Saludable com o apoio da Opas. O texto teve a participação de Cuba, Buenos Aires, Paraguai e Brasil.
