Artigos com o marcador ética
Agenda 21
30/10/11
AGENDA 21
A Agenda 21 é o principal resultado da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – UNCED/Rio-92. Este documento foi exaustivamente discutido e negociado durante dois anos que precederam a Rio 92, entre as centenas de países ali presentes. É um documento estratégico, um programa de ações abrangente para ser adotado global, nacional e localmente, visando fomentar em escala planetária, a partir do século XXI, um novo modelo de desenvolvimento que modifique os padrões de consumo e produção de forma a reduzir as pressões ambientais e atender as necessidades básicas da humanidade. A este novo padrão, que concilia justiça social, eficiência econômica e equilíbrio ambiental, convencionou-se chamar de Desenvolvimento Sustentável.
Agenda 21 Global
Embora não tenha força legal, a Agenda 21 contém um roteiro detalhado de ações concretas a serem executadas pelos governos, agências das Nações Unidas, agências de desenvolvimento e setores independentes (como o setor produtivo e as organizações não governamentais), para iniciar o processo de transição na direção do desenvolvimento sustentável.
Baseia-se na premissa de que a humanidade está num momento de definição em sua história: continuar com as políticas atuais significa perpetuar as disparidades econômicas entre os países e dentro dos países, aumentar a pobreza, a fonte, as doenças e o analfabetismo no mundo inteiro, e também continuar com a deterioração dos ecossistemas dos quais dependemos para manter a vida na Terra. É uma proposta de planejamento estratégico participativo, nos níveis local, regional e global.
A Agenda 21 é atualmente o documento mais abrangente e de maior alcance no que se refere às questões ambientais, dividida em quarenta capítulos, distribuídos em quatro seções: Dimensões Sociais e Econômicas, Conservação e Gerenciamento de Recursos para o Desenvolvimento, Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos e Meios de Implantação. Trata praticamente de todos os assuntos relacionados com o desenvolvimento sustentável, como a dinâmica demográfica, a crise urbana nos países em desenvolvimento (incluindo habitação, saneamento e poluição urbana), uso da terra, energia e transportes sustentáveis, transferência de tecnologias, produtos químicos, oceanos, padrões de produção e consumo, e necessidade de erradicação da pobreza no mundo.
A Agenda 21 propõe mudar o rumo da humanidade na direção de um melhor padrão de vida para todos, ecossistemas melhor gerenciados e protegidos, e um futuro mais próspero e seguro. É um documento político, que pressupõe a ampla participação da sociedade na tomada das decisões necessárias, bem como a existência de instâncias institucionais que favoreçam sua implementação. É um processo de transformação cultural, de mudança de mentalidades e de comportamentos em direção a uma sociedade com padrões sustentáveis de produção e consumo. Pressupõe que os governos e a sociedade em geral sentem-se à mesa para discutir e diagnosticar os problemas, identificar e entender os conflitos envolvidos, e decidir sobre a melhor forma de resolve-los, para iniciar o caminho na direção da sustentabilidade da biosfera.
As Agendas 21 Nacionais
O capítulo 38 da Agenda recomenda que os países criem uma estrutura de coordenação nacional, responsável pela elaboração das Agendas 21 Nacionais em cada país. As Agendas 21 Nacionais têm como objetivo elaborar os parâmetros de uma estratégia para o desenvolvimento sustentável, definindo as prioridades nacionais e viabilizando o uso sustentável dos recursos naturais. Devem levar em consideração as vantagens comparativas daquele país para produzir de forma mais eficiente os bens e serviços para a sociedade, assim como as fragilidades ambientais específicas.
A partir da Agenda 21 Global, todos os países que assinaram o acordo assumiram o compromisso de elaborar e implementar sua própria Agenda 21 Nacional.
A metodologia empregada internacionalmente para a elaboração das agendas 21 nacionais contempla a participação de diferentes níveis do governo, o setor produtivo e a sociedade civil organizada.
Um fator diferencial da Agenda Brasileira em relação às demais experiências no mundo é a opção pela inclusão das Agendas Locais. A proposta é que cada cidade faça sua
Agenda 21 Local
Assim como cada país, cada cidade deve adequar sua Agenda à sua realidade e às suas diferentes situações e condições, sempre considerando os seguintes princípios gerais:
participação e cidadania;
respeito às comunidades e diferenças culturais;
integração;
melhoria do padrão de vida das comunidades;
diminuição das desigualdades sociais;
mudança de mentalidades.
Os compromissos assumidos pelos representantes dos países que aprovaram a Agenda 21 Global são muito claros e objetivos. Preservar as florestas e as nascentes, buscar substitutos para o CFC e outras substâncias que destroem a camada de ozônio, proibir a pesca destrutiva, buscar novas fontes de energia renováveis, reduzir o lixo produzido e encontrar combustíveis alternativos são alguns dos compromissos que devem ser traduzidos em ações, quando couber, na formulação de cada Agenda 21 Local.
Agenda 21 – Secretaria do Meio Ambiente
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Relatório Brundtland – Nosso Futuro Comum
20/10/11
Em 1983 foi criada pela Assembléia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, que foi presidida por Gro Harlem Brundtland à época primeira-ministra da Noruega e Mansour Khalid, daí o nome final do documento. A comissão foi criada em 1983, após uma avaliação dos 10 anos da Conferência de Estocolmo, com o objetivo de promover audiências em todo o mundo e produzir um resultado formal das discussões.
O trabalho surgido dessa Comissão, em 1987, o documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum) ou, como é bastante conhecido, Relatório Brundtland, apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento, definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. É a partir daí que o conceito de desenvolvimento sustentável passa a ficar conhecido.
Elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Relatório Brundtland aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo, trazendo à tona mais uma vez a necessidade de uma nova relação “ser humano-meio ambiente”. Ao mesmo tempo, esse modelo não sugere a estagnação do crescimento econômico, mas sim essa conciliação com as questões ambientais e sociais.
O documento enfatizou problemas ambientais, como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio (conceitos novos para a época), e expressou preocupação em relação ao fato de a velocidade das mudanças estar excedendo a capacidade das disciplinas científicas e de nossas habilidades de avaliar e propor soluções.
Entre as medidas apontadas pelo relatório, constam soluções, como:
• diminuição do consumo de energia;
• o desenvolvimento de tecnologias para uso de fontes energéticas renováveis e o aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
• limitação do crescimento populacional;
• garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo;
• preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
• diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
• aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
• controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores;
• atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
Em âmbito internacional, as metas propostas são:
• adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento);
• proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antártica, oceanos, etc, pela comunidade internacional;
• banimento das guerras;
• implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente adequado de desenvolvimento sustentável são:
• uso de novos materiais na construção;
• reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;
• aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;
• reciclagem de materiais reaproveitáveis;
• consumo racional de água e de alimentos;
• redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos.
A médica norueguesa Gro Harlem Brundtland, que à frente da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas coordenou a elaboração do documento, diz que a humanidade está avançando. Mas ainda está longe de fazer o que é necessário e a realidade impõe, de maneira contundente, a cooperação internacional.
“Em um mundo globalizado, estamos todos interconectados. Os ricos estão vulneráveis às ameaças contra os pobres e os fortes, vulneráveis aos perigos que atingem os fracos”.
Nesse cenário, ela preconiza o estabelecimento de um novo consenso de segurança.
“Não haverá paz global sem direitos humanos, desenvolvimento sustentável e redução das distâncias entre os ricos e os pobres. Nosso Futuro Comum depende do entendimento e do senso de responsabilidade em relação ao direito de oportunidade para todos“.
Leia o documento completo “Nosso Futuro comum” no link abaixo:
https://ambiente.files.wordpress.com/2011/03/brundtland-report-our-common-future.pdf
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Declaração de Estocolmo – 1972
20/10/11
Em 1972 foi realizada, em Estocolmo, na Suécia, a primeira Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Meio Ambiente (United Nations Conference on the Human Environment). Essa conferência chamou a atenção do planeta para as ações humanas que estavam provocando uma séria destruição da natureza e gerando graves riscos para a sobrevivência da humanidade.
A Conferência de Estocolmo reuniu representantes de 113 países, 250 ONGs (organizações não-governamentais) e órgãos ligados à ONU. Ao final do encontro foi divulgada uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam conduzir as decisões em relação às questões ambientais. Outra consequência foi a elaboração de um Plano de Ação, que convocava toda a comunidade internacional a contribuir na busca de soluções para uma diversidade de problemas de cunho ambiental.
O documento inclui um número de princípios destinados às necessidades especiais dos estados do Terceiro Mundo, demandando “a transferência de quantidades substanciais de assistência financeira e tecnológica para os estados em desenvolvimento”, para superar as “deficiências ambientais geradas pelas condições de subdesenvolvimento” e “preservar e melhorar o meio ambiente”.
Princípios da Declaração de Estocolmo
1. Os direitos humanos devem ser defendidos; e o colonialismo deve ser condenado
2. Os recursos naturais devem ser preservados
3. A capacidade da Terra de produzir recursos renováveis deve ser mantida
4. A fauna e a flora silvestres devem ser preservadas
5. Os recursos não-renováveis devem ser compartilhados, não esgotados
6. A poluição não deve exceder a capacidade do meio ambiente de neutralizá-la
7. A poluição danosa aos oceanos deve ser evitada
8. O desenvolvimento é necessário à melhoria do meio ambiente
9. Os países em desenvolvimento requerem ajuda
10. Os países em desenvolvimento necessitam de preços justos para as suas exportações, para que realizem a gestão do meio ambiente
11. As políticas ambientais não devem comprometer o desenvolvimento
12. Os países em desenvolvimento necessitam de recursos para desenvolver medidas de proteção ambiental
13. É necessário estabelecer um planejamento integrado para o desenvolvimento
14. Um planejamento racional deve resolver conflitos entre meio ambiente e desenvolvimento
15. Assentamentos humanos devem ser planejados de forma a eliminar problemas ambientais
16. Os governos devem planejar suas próprias políticas populacionais de maneira adequada
17. As instituições nacionais devem planejar o desenvolvimento dos recursos naturais dos Estados
18. A ciência e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio ambiente
19. A educação ambiental é essencial
20. Deve-se promover pesquisas ambientais, principalmente em países em desenvolvimento
21. Os Estados podem explorar seus recursos como quiserem, desde que não causem danos a outros
22. Os Estados que sofrerem danos dessa forma devem ser indenizados
23. Cada país deve estabelecer suas próprias normas
24. Deve haver cooperação emquestões internacionais
25. Organizações internacionais devem ajudar a melhorar o meio ambiente
26. Armas de destruição em massa devem ser eliminadas apartheid
Fonte: Clarke e Timberlake, 1982
“3 -O homem carece constantemente de somar experiências para prosseguir descobrindo, inventando, criando, progredindo. Em nossos dias sua capacidade de transformar o mundo que o cerca, se usada de modo adequado, pode dar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e o ensejo de aprimorar a qualidade da vida. Aplicada errada ou inconsideradamente, tal faculdade pode causar danos incalculáveis aos seres humanos e ao seu meio ambiente. Aí estão, à nossa volta, os males crescentes produzidos pelo homem em diferentes regiões da Terra: perigosos índices de poluição na água, no ar, na terra e nos seres vivos; distúrbios grandes e indesejáveis no equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e exaustão de recursos insubstituíveis; e enormes deficiências, prejudiciais à saúde física, mental e social do homem, no meio ambiente criado pelo homem, especialmente no seu ambiente de vida e de trabalho.”
Leia o documento no link abaixo:
Declaração de Estocolmo
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Relatório Estado do Mundo 2010
19/10/11
Produzido pelo Worldwatch Institute (WWI) e traduzido em português pelo Akatu, o “Estado do Mundo” traz um balanço com números atualizados e reflexões sobre as questões ambientais. Na presente edição, o tema é “Transformando Culturas – do Consumismo à Sustentabilidade”.
Clique no link abaixo para baixar gratuitamente.
Relatório Estado do Mundo 2010
http://www.akatu.org.br/Publicacoes/Relatorios
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Relatório Estado do Mundo 2011
19/10/11
Produzido pelo Worldwatch Institute (WWI) e traduzido em português pelo Akatu, a edição 2011 do “Estado do Mundo” traz um balanço da questão alimentar no mundo. Na presente edição, o tema é “Inovações que nutrem o planeta”.
Baixe o relatório gratuitamente no link abaixo:
O Estado do Mundo 2011
http://www.akatu.org.br/Publicacoes/Relatorios
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SUSTENTABILIDADE – quando surgiu essa “idéia”?
18/10/11
Alguns autores, consideram a publicação, em 1962, do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, como o começo das discussões internacionais sobre o meio ambiente. Outra influência nas discussões ocorreu, em 1968, em Paris, com a Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera, conhecida como Conferência da Biosfera, que foi organizada pela UNESCO. Esta conferência também muito importante foi direcionada somente para os aspectos científicos da conservação da biosfera e pesquisas em Ecologia.
Um dos documentos mais importantes, em termos de repercussão entre os cientistas e os governantes foi o Relatório Meadows, conhecido como Relatório do Clube de Roma.
Clube de Roma
O Clube de Roma nasceu em abril de 1968, quando um pequeno grupo de líderes da academia, indústria, diplomacia e sociedade civil se reuniu num pequeno vilarejo em Roma, Itália. Sua preocupação era identificar os maiores problemas perante o globo, e o grupo desenvolveu um conceito chamado World Problematique.
O Clube de Roma conseguiu a contratação de uma notável equipe multi-disciplinar do Instituto de Tecnologia de Massachusetts – conhecido por sua sigla, MIT – para fazer um estudo sobre o crescimento econômico dentro dos padrões de consumo que caracterizavam as nações mais industrializadas. O Clube de Roma e o MIT anteciparam-se largamente à tal da globalização. A Fundação Volkswagen pagou o trabalho da equipe do MIT, liderada por Dennis Meadows e envolvendo outros 16 cientistas de diversas nacionalidades.
O resultado desses estudos foi publicado em 1972 com o título de “Limites para o Crescimento”.
“Limites para o Crescimento” foi fruto de uma sofisticada avaliação computacional das possibilidades e consequências do crescimento populacional e da evolução da demanda e da oferta de matérias-primas e energia. Os autores postularam a necessidade de mudanças profundas nos padrões de desenvolvimento para evitar que fosse ultrapassada a capacidade de sustentação do planeta Terra, algo que, então, parecia distante. No estudo, fazendo uma projeção para cem anos apontou-se que, para atingir a estabilidade econômica e respeitar a finitude dos recursos naturais é necessário congelar o crescimento da população global e do capital industrial.
Detectaram que os maiores problemas eram: industrialização acelerada, rápido crescimento demográfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos não renováveis, deterioração do meio ambiente. Tinham uma visão ecocentrica e definiam que o grande problema estava na pressão da população sobre o meio ambiente.
O relatório teve repercussão internacional, principalmente, no direcionamento do debate caloroso que ocorreu, no mesmo ano de 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, que, oportunamente, irei contar.
De maneira sucinta, apontaram alguns fatores que poderão conduzir a uma crise mundial jamais vista:
1. Se as atuais tendências de crescimento da população mundial industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.
2. É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.
3. Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito.
A partir daí vários outros relatórios foram elaborados todos com o mesmo fundamento: preservar o meio ambiente. Para isso havia a necessidade de se alterar o padrão desenvolvimentista.
• Relatório do Clube de Roma: Limites do Crescimento (1968);
• Declaração de Estocolmo (1972);
• Relatório de Bruntland: Nosso Futuro Comum (1987);
• Declaração do Rio (1992);
• Agenda 21 (1992).
Visite também – http://www.clubofrome.org/
Na próxima matéria abordaremos um pouco a Declaração de Estocolmo.
Sugerimos aos nossos amigos que leiam todos os documentos, para que o conceito de sustentabilidade seja muito mais que jeito “fashion” de enxergar a nossa época.
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Aterros de Calgary
19/09/11
Este texto foi enviado por nossa colaboradora Luciana Machado, que mora no Canadá e vai nos contar as soluções encontradas para construir uma cidade sustentável.
Quais são os tipos de lixo que os Calgarians jogam fora?
A partir do estudo de lixo sabemos que o lixo de uma casa unifamiliar típico inclui o seguinte:
Como funcionam os aterros Calgary ?
Aterros sanitários modernos de hoje são muito diferentes do que os lixoes de décadas antes. Nossos aterros são altamente projetados e sofisticadas instalações que cuidadosamente administram os nossos resíduos para um impacto mínimo ao meio ambiente.
Antes de abrir um aterro sanitário, que exige de engenharia extensa e planejamento para incluir recursos que são projetados especificamente para proteger o meio ambiente de efeitos adversos.
Esses recursos incluem camadas de argila compactada, materiais sintéticos e cascalho que “linha” no fundo de um aterro para conter o lixo e recolher resíduos líquidos (chorume). Camadas de lixo são fortemente compactados para reduzir o volume – tanto para economizar espaço e reduzir a quantidade de oxigênio no lixo. Cada camada é então coberta com terra para continuar a conter o lixo.
Finalmente, quando um aterro é fechado, é tampado com mais camadas de solo, semelhante ao forro, e recuperado sendo este coberto com terra vegetal e replantando a superfície com vegetação natural. O resultado é uma envolvente sepultamento do nosso lixo, que armazena os nossos resíduos em uma estrutura de aterro controlado e monitorado continuamente.
O que acontece quando se fecha um aterro sanitário?
Quando um aterro é fechado, continuamos a monitorá-lo para ver como o lixo se decompoe e como isso poderia impactar o ambiente circundante. Estudos mostram que o processo de decomposição em um aterro sanitário é extremamente lento. Na verdade, alguns resíduos como o vidro, metais e plásticos não podem se decompor.
Neste tipo de ambiente fechado com pouco oxigênio, os resíduos orgânicos encontrados em nosso lixo produzem gás de aterro sanitário, que consiste aproximadamente de dióxido de carbono e partes iguais de metano (um gás de efeito estufa que é 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono) – tornando nossos aterros a número de um em producao de efeito estufa sendo que esta e unica fonte em calgary.
Como a água da chuva e dos resíduos líquidos percorrem através do lixo, eles se misturam para se tornar uma especie de chorume , uma sopa de lixo altamente concentrado que pode ter efeitos adversos sobre o meio ambiente. Este chorume precisa ser continuamente coletados através de um sistema de tubos e removido para o tratamento..
Por que precisamos de aterros sanitários?
Enquanto nós produzimos lixo, vamos precisar de aterros para armazená-lo. No passado, os espaços aterro tinham possibilidades de reutilização limitada. Eles não poderiam ser usados como espaço residencial ou comercial, devido à natureza instável de lixo, uma vez que se instala e a necessidade de monitorar chorume toxicos e produção de metano.
Hoje, somos capazes de dar a estes espaços uma nova vida. Por exemplo, temos o orgulho de ser um parceiro na *Floresta Blackfoot – em quarto lugar na família de Floresta de berço BP. Estamos muito animados com a oportunidade de recuperar este antigo aterro (aterro Blackfoot ) e transformá-lo em um espaço verde que será mais uma vez ver o uso público para todos os Calgarians.
Através de extensas melhorias ambientais, o aterro já foi adaptado com modernos recursos sanitários destinados a proteger o ambiente natural na área circundante. Essas melhorias também irá permitir-nos continuar a monitorar e controlar este site antigo, embora seja apreciado como um parque público.
Qual é o objetivo A Cidade de resíduos em longo prazo?
A melhor opção ambiental é reduzir nossa dependência de aterros sanitários ao invés de transformar tais grandes áreas de terra em um local de eliminação de resíduos com potencial de reutilização limitada e com necessidade de acompanhamento contínuo e controle.
Nosso objetivo de longo prazo é reduzir a quantidade de resíduos enviados para nossos aterros para apenas 20% e de reciclagem ou recuperação de 80% até o ano de 2020. Temos um longo caminho a percorrer. Atualmente, os números são ao contrário – os resíduos para o aterro é de 80% e atualmente reciclam 20%.
Você pode fazer sua parte para ajudar a reduzir a quantidade de lixo sendo colocado em aterros sanitários em Calgary, tornando a decisão de reduzir, reutilizar ou reciclar antes de colocar o lixo no lixo. Para mais informações sobre reciclagem residencial, compostagem e redução de resíduos, visite Calgary Recicla.
Como você proteger a saúde pública e segurança?
Operação do aterro municipal é regulada pela Província, sob a jurisdição do Meio Ambiente Alberta. O governo concede à cidade uma Aprovação Operacional que especifica todos os requisitos que devem ser cumpridos para garantir o aterro está operando de forma segura. Sob os regulamentos provinciais, o desenvolvimento residencial deve ser localizado pelo menos 300 metros de uma fronteira de propriedade aterro.
A cidade tem a sua responsabilidade para proteger a saúde pública eo meio ambiente a sério. Um programa de monitorização de rotina é realizado durante todo o ano para as águas subterrâneas da amostra e condições de solo vapor. O monitoramento continua, mesmo depois de um aterro sanitário não está mais em uso ativo.
Como é um aterro recuperado?
Floresta Blackfoot
Não só tem a Mata berço BP recuperado o aterro com o plantio de 6.000 novas árvores, o sistema de raiz de árvore também servirá como umidade e controle de erosão para toda a área. Árvores também são importantes na redução de gases de efeito estufa produzido por aterros sanitários. Além disso, a floresta tem se beneficiado da reutilização de muitos componentes reciclados incluindo o seguinte:
30.000 metros cúbicos de barro reciclado foram resgatados a partir de vários projetos de desenvolvimento ao redor de Calgary.
2.000 metros cúbicos de composto de folhas foram utilizadas, 320 metros cúbicos de mulch foram usadas a partir de do programa anual de Reciclagem de árvore de Natal.
Outras notáveis características ambientais da floresta incluem um sistema de irrigação de alta eficiência alimentado por painéis solares, bem como o plantio de espécies nativas na parte mais íngreme da encosta. A próxima fase desta floresta irá incluir a naturalização do resto da encosta com plantas indígenas.
Esta é uma das maiores iniciativas de greening na história de Calgary.
Luciana Machado, colaboradora da RECRIAR no Canadá
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A difícil passagem do tecnozóico ao ecozóico
24/08/11
As grandes crises comportam grandes decisões. Há decisões que significam vida ou morte para certas sociedades, para uma instituição ou para uma pessoa.
A situação atual é a de um doente ao qual o médico diz: ou você controla suas altas taxas de colesterol e sua pressão ou vai enfrentar o pior. Você escolhe.
A humanidade como um todo está com febre e doente e deve decidir: ou continuar com seu ritmo alucinado de produção e consumo, sempre garantindo a subida do PIB nacional e mundial, ritmo altamente hostil à vida, ou enfrentar dentro de pouco as reações do sistema-Terra que já deu sinais claros de estresse global. Não tememos um cataclisma nuclear, não impossível mas improvável, o que significaria o fim da espécie humana. Receamos isto sim, como muitos cientistas advertem, por uma mudança repentina, abrupta e dramática do clima que, rapidamente, dizimaria muitíssimas espécies e colocaria sob grande risco a nossa civilização.
Isso não é uma fantasia sinistra. Já o relatório do IPPC de 2001 acenava para esta eventualidade. O relatório da U.S. National Academy of Sciences de 2002 afirmava “que recentes evidências científicas apontam para a presença de uma acelerada e vasta mudança climática; o novo paradigma de uma abrupta mudança no sistema climático está bem estabelecida pela pesquisa já há 10 anos, no entanto, este conhecimento é pouco difundido e parcamente tomado em conta pelos analistas sociais”. Richard Alley, presidente da U.S. National Academy of Sciences Committee on Abrupt Climate Change com seu grupo comprovou que, ao sair da última idade do gelo, há 11 mil anos, o clima da Terra subiu 9 graus em apenas 10 anos (dados em R.W.Miller, Global Climate Disruption and Social Justice, N.Y 2010). Se isso ocorrer consosco estaríamos enfrentando uma hecatombe ambiental e social de conseqüências dramáticas.
O que está, finalmente, em jogo com a questão climática? Estão em jogo duas práticas em relação à Terra e a seus recursos limitados. Elas fundam duas eras de nossa história: a tecnozóica e a ecozóica.
Na tecnozóica se utiliza um potente instrumental, inventado nos últimos séculos, a tecno-ciência, com a qual se explora de forma sistemática e com cada vez mais rapidez todos os recursos, especialmente em benefício para as minorias mundiais, deixando à margem grande parte da humanidade. Praticamente toda a Terra foi ocupada e explorada. Ela ficou saturada de toxinas, elementos químicos e gases de efeito estufa a ponto de perder sua capacidade de metabolizá-los. O sintoma mais claro desta sua incapacidade é a febre que tomou conta do Planeta.
Na ecozóica se considera a Terra dentro da evolução. Por mais de 13,7 bilhões de anos o universo existe e está em expansão, empurrado pela insondável energia de fundo e pelas quatro interações que sustentam e alimentam cada coisa. Ele constitui um processo unitário, diverso e complexo que produziu as grandes estrelas vermelhas, as galáxias, o nosso Sol, os planetas e nossa Terra. Gerou também as primeiras células vivas, os organismos multicelulares, a proliferação da fauna e da flora, a autoconsciência humana pela qual nos sentimos parte do Todo e responsáveis pelo Planeta. Todo este processo envolve a Terra até o momento atual. Respeitado em sua dinâmica, ele permite a Terra manter sua vitalidade e seu equilíbriio.
O futuro se joga entre aqueles comprometidos com a era tecnozóica com os riscos que encerra e aqueles que assumiram a ecozóica, lutam para manter os ritmos da Terra, produzem e consomem dentro de seus limites e que colocam a perpetuidade e o bem-estar humano e da comunidade terrestre como seu principal interesse.
Se não fizermos esta passagem dificilmente escaparemos do abismo, já cavado lá na frente.
Leonardo Boff – http://leonardoboff.com/
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III MUTIRÃO DA CIDADANIA – CENTRO
21/08/11
O Mutirão aconteceu em um dia frio e chuvoso, mas isso não impediu que pessoas generosas, conscientes de seu papel na construção de um mundo melhor, ficassem durante todo o dia, atendendo moradores de rua e pessoas carentes em busca de documentos, informações, exames de saúde, pipas, atenção, livros, etc.
Queremos agradecer a todos pelo privilégio de trabalhar e compartilhar o sábado, com jovens idealistas, amigos e cidadãos que acreditam que é possível recriar a história, a vida e a relação com este planeta tão lindo.
Agradecemos à DPASCHOAL, TITAN e COMEBI pelos livros doados, estes serão encaminhados para EMEI Ana Nery e EMEI Profa. Edalzir Liporine, ambas escolas situadas em comunidades carentes do Parque Novo Mundo; e o Grupo Mulheres da Paz, para distribuição na comunidade de Taboão da Serra.
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CARTA DA TERRA
26/06/11
Carta da Terra
Preâmbulo
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.
Terra, Nosso Lar
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
A Situação Global
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e é causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.
Desafios Para o Futuro
A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvimento humano é primariamente ser mais, não, ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios, ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes.
Responsabilidade Universal
Para realizar estas aspirações devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos ao mesmo tempo cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual, a dimensão local e global estão ligadas. Cada um comparte responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem estar da família humana e do grande mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo presente da vida, e com humildade considerando o lugar que ocupa o ser humano na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à emergente comunidade mundial. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustentável como critério comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas de negócios, governos, e instituições transnacionais será guiada e avaliada.
