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Construindo um MINHOCÁRIO DOMÉSTICO
07/11/17
Hoje, estima-se que 64% de todo alimento produzido no Brasil é desperdiçado e 20% disso ocorre em nossas residências, através de hábitos inadequados. Tratando-se de um país no qual mais de 30 milhões de pessoas passam fome, essa é uma informação alarmante.
Elas são responsáveis por um monte de coisas que ajudam a tornar a terra boa o suficiente para crescer plantas saudáveis e nos fornecer alimentos. As minhocas também ajudam a aumentar a quantidade de ar e água que fica no solo. Elas quebram a matéria orgânica, como folhas, grama, casca de frutas e verduras em nutrientes que as plantas podem usar. Quando elas comem, eles processam a matéria orgânica num tipo muito valioso de fertilizante. Elas também ajudam a “virar” o solo, trazendo a matéria orgânica de cima e misturando-a com o solo abaixo, ao mesmo tempo em que deixam o solo mais aerado.
Minhoca não é cobra, apesar de serem parecidas visualmente. As minhocas certamente tem mais medo de você do que você delas. Elas não avançam, não mordem nem correm atrás de ninguém, portanto se você está com receio, tome coragem e encare. Não se preocupe que elas não fogem do minhocário para passear pela sua casa. Aliás, muitas vezes você mal as vê, porque quando levanta a tampa para abastecer, as minhocas que estão na superfície logo se escondem. Elas são fotofóbicas, não gostam de luz, então se escondem rapidinho.
O QUE AS MINHOCAS COMEM:
As minhocas podem comer uma quantidade de alimentos equivalente ao seu peso diariamente. Isso significa que elas se alimentam durante grande parte do tempo. O alimento preferido das minhocas são restos de alimentos, legumes e frutas em decomposição, folhas e outros tipos de vegetais além de esterco de animais como vacas e galinhas.
Material úmido: restos de vegetais como talos não utilizados, cascas de frutas e legumes (excelente fonte de nitrogênio), filtro de café com a borra, saquinhos de chá, casca de ovo picada, podas de plantas do jardim, flores estragadas, etc.
O pó do café, também conhecido como borra de café, é um excelente complemento nutricional para as minhocas e também inibe o aparecimento de formigas. Basta espalhar a borra por cima dos resíduos antes de colocar o material seco. ( sem adicionar açúcar)
Material seco: folhas secas de árvores e plantas, grama cortada seca, guardanapos de papel usados, papel toalha, jornal, serragem, etc.
O que garante uma boa decomposição, sem gerar cheiro ruim nem atrair insetos, é o correto balanceamento entre o úmido (nitrogênio) e o seco (carbono). O minhocário em não atrai ratos, baratas, formigas nem moscas. Também não tem cheiro ruim NENHUM!
Todos os resíduos frescos possuem alta concentração de nitrogênio enquanto que os resíduos secos possuem alta concentração de carbono. Por isso, o equilíbrio ideal para a compostagem é usar 70% de resíduos ricos em carbono e apenas 30% de resíduos ricos em nitrogênio. E mexer sempre com o ancinho.
Importante: manter a proporção de 1 parte de material úmido para 2 de material seco
O QUE AS MINHOCAS NÃO COMEM:
Frutas cítricas como limão, laranja, tangerina e abacaxi, além de cascas e restos de cebola e alho. Esses resíduos modificam o PH do minhocário e prejudicam tanto as minhocas quanto a qualidade do composto.
Alimentos que foram temperados com sal, condimentos e conservantes químicos, e outros ingredientes industriais podem fazer mal às minhocas.
Carnes, gorduras e laticínios também não devem ser colocados para compostagem. Além de apresentarem uma decomposição extremamente lenta, a possibilidade de atrair animais indesejáveis é muito grande.
Dica: deixar cascas de frutas como limão, laranja e abacaxi secarem por alguns dias antes de irem para o minhocário.
Lembre-se dos 4 princípios sempre:
VIDA – significa que além de minhocas haverá no minhocário pequenos insetos, bolor, fungo, baratinhas de jardim e micro-organismos. Não deve ter formiga, barata de esgoto, rato e mosca.
DIVERSIDADE – disponibilize uma dieta variada às minhocas. Mas evite cítricos, gorduras e carnes.
UMIDADE – minhocas não gostam de ambientes encharcados nem secos demais.
AERAÇÃO – adicione sempre duas partes de lixo orgânico seco (folhas de jardim, papel…) para cada parte de lixo orgânico fresco (restos de cozinha). A camada de resíduo seco garantirá que o ar permaneça no sistema evitando mau cheiro. Outra maneira de aumentar o ar é misturar com o ancinho sempre que possível, quanto mais, melhor.
O QUE FAZER SE:
Por algum motivo houver muitas larvas de moscas (boró) e outros pequenos bichinhos, provavelmente alguma mosquinha pousou na lixeira da cozinha ou no kit quando foi aberto para colocar o lixo. Ou ainda alguns ovinhos foram junto das folhas secas…
O melhor manejo é salpicar cinzas (peça para alguma pizzaria de dar um pouco de cinzas do forno a lenha, não usar cinzas de churrasqueira por que tem gordura da carne) por 12 dias de 3 em 3 dias para regular o ph do sistema.
Ou ainda aumentar a proporção de seco que vai no sistema misturando bem com o ancinho.
VAI VIAJAR?
Não se preocupe! As minhocas podem ficar até três meses sem receber comida. Elas diminuem sua atividade e ficam dentro do minhocário numa boa até você voltar.
As minhocas são inteligentes. Elas se reproduzem quando percebem que há muita oferta de comida. Se você encontrar pequenas bolinhas amareladas misturadas ao composto, são os ovos, as futuras minhoquinhas que irão nascer. E quando percebem que a população está grande demais para pouca comida e espaço, a reprodução é interrompida. Inteligente, não?
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Permacultura – Princípios de planejamento
31/10/17
Permacultura é um sistema de planejamento para a criação de ambientes humanos sustentáveis e produtivos em equilíbrio e harmonia com a natureza. Surgiu da expressão em inglês “Permanent Agriculture” criada por Bill Mollison e David Holmgren na década de 1970. Hoje propõe uma “cultura permanente”, ou seja uma cultura que visa a nossa permanência neste planeta em harmonia com a natureza.
A permacultura possui três princípios éticos e alguns princípios de planejamento que são baseados na observação da ecologia e da forma sustentável de interação, produção e de vida das populações tradicionais com a natureza, sempre trabalhando a favor dela e nunca contra.
Os Princípios Éticos
- Cuidar da terra
- Cuidas das pessoas
- Compartilhar excedentes
Os permacultores trabalham o viver através dos seus princípios que são uma aplicação prática da ecologia. Todo permacultor tem função de criar solo e armazenar água: que são a base da vida como conhecemos.
Princípios de planejamento
Em seguida estão apresentados os doze princípios de planejamento, que devem sempre estar de acordo com os princípios éticos, pois são guiados por esses.
Os doze princípios de planejamento permacultural foram desenvolvidos ao longo de mais de duas décadas e publicados em 2002 por David Holmgren através do livro “Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade”, publicado em português no Brasil em 2013. Segundo Holmgren (2013, p.12),
Os primeiros seis princípios consideram os sistemas de produção sob uma perspectiva de baixo para cima dos elementos, organismos e pessoas. Os demais seis enfatizam a perspectiva de cima para baixo dos padrões e relações que tendem a emergir por meio da auto-organização e coevolução dos ecossistemas.
São eles:
1. Observe e interaja – Sugere que as respostas sejam buscadas a partir da observação de eventos e objetos que se interconectam no desenvolvimento de um fenômeno. Muitas vezes as soluções são encontradas na visualização e correlação com padrões da natureza. Deve-se observar o sistema como um todo – de cima para baixo, relacionando a interdependência dos objetos. A interação deve se dar de baixo para cima – focando pontos que podem influenciar na mudança do sistema como um todo. Por exemplo, algumas plantas que podem ser consideradas como pragas, podem ser indicadores de falta ou excesso de algum nutriente no solo. Em vez de focar o trabalho na retirada dessas plantas, ou pior ainda no uso de herbicidas, pode-se tentar corrigir o solo com composto ou algum pó de rocha. Uma solução mais saudável para quem planta, para quem come e ainda não causa dependência do produtor precisar comprar um produto externo à propriedade – no caso do herbicida. Outra solução, seria observar se a planta “em excesso” pode ser consumida, e interagir dando outro uso para ela através da alimentação ou como planta medicinal.
2. Capte e armazene energia – No atual estado da sociedade industrial, a questão energética é um ponto chave a ser discutido e repensado. A permacultura considera que a sociedade precisa partir para um modo de produção de baixo consumo energético, principalmente externo. Isso perpassa pela questão do que se consome e do quanto e que tipo de energia foi utilizada na produção. Holmgren (2013, p.85) coloca que
Conceitos inapropriados de riqueza nos levaram a ignorar oportunidades de nos valer de fluxos locais e formas renováveis (…), fontes importantes de energia são atualmente pouco utilizadas, mas estão geralmente disponíveis para produzir uma maior autossuficiência pessoal ou local.
É necessário entender como a natureza capta e armazena energia para poder reconstruir o capital natural energético nas paisagens, nas regiões e microbacias, no ambiente doméstico, na cultura e pensar no seu uso apropriado. Não basta somente trocar o uso de combustíveis fósseis por energias renováveis, é necessário, antes reavaliar o nível de consumo. Reduzir para produtos ou serviços que durem mais tempo e repensar a utilidade de cada coisa antes de consumir.
3. Obtenha rendimento – Além de pensar em soluções a longo prazo que melhorem as condições de vida no planeta, é necessário obter um rendimento a curto prazo. As necessidades humanas diárias de alimentação, abrigo, disponibilidade de água, precisam ser supridas. Em nossas práticas cotidianas, devemos “desenhar sistemas e organizar nossas vidas de modo a obtermos rendimento através de meios que otimizem a potência de trabalho útil de tudo o que fazemos” (HOLMGREN, 2013, p.126). Esse rendimento pode ser buscado de uma maneira que seja saudável para as pessoas envolvidas e em harmonia com a dinâmica natural local e regional. Para isso há alguns itens que podem ser considerados:
- conservar a energia no sistema – pensando a questão da água por exemplo, pode se criar maneiras de se aproveitar a disponibilidade de água local através da captação de água da chuva, uso das águas provenientes do uso doméstico em banho e cozinha para nutrição de bananeiras através do sistema de tratamento de água com círculo de bananeiras. Em relação ao aquecimento de águas para banho ou pias, em locais ou períodos de frio intenso, pode-se utilizar calor solar ou calor produzido em fogão à lenha;
- produzir alimentos de base (bem adaptados ao ambiente local) – é comum em diferentes tipos de ambientes que algumas espécies sejam bem adaptadas, sejam elas nativas ou não, e produzam alimentos que podem servir como base da dieta da população local, como mandioca, batatas, milho, feijões e outros cereais para os povos nativos na América do Sul;
- cultivo de espécies rústicas, que trazem rendimento e não precisam de muito cuidado, como forrageiras (para alimentação de animais e/ou uso na compostagem), plantas alimentícias espontâneas, algumas espécies medicinais e madeireiras;
- aumentar a fertilidade dos solos para uma maior produção de alimentos com melhor qualidade nutricional. Dentre os itens de consumo humano, os alimentos estão entre os mais primordiais. Investir em um solo fértil é investir em segurança alimentar.
Com os excedentes, pode se pensar em alternativas de consumo ou de comercialização. Por exemplo, as árvores frutíferas costumam trazer uma abundância de frutificação em um período concentrado do ano. O beneficiamento dessas frutas através do feitio de conservas, geleias, chás, frutas secas, sucos e polpas podem trazer um aproveitamento da produção por mais tempo e também uma diversidade maior de alimentos ao longo do ano. Esses excedentes, desde a fruta in natura, até os produtos beneficiados também podem ser comercializados em forma de venda ou troca. Assim como sugere Holmgren, “os excedentes e os excessos podem ser um incentivo para encontrar novos modos criativos de se obter um rendimento” (2013, p.133).
4. Pratique a autorregulação e aceite conselhos (feedbacks) – A autorregulação é um dos objetivos do planejamento de um sistema, ainda que jamais seja totalmente alcançado. Como não temos controle dos inúmeros fatores que envolvem cada processo, por vezes são necessárias interferências ou manutenções. A interação com a natureza pode fornecer feedbacks positivos que contribuem para ampliação da produção ou feedbacks negativos, que podem diminuir a produção, por algum motivo, evitando que o sistema todo entre em colapso. Quando uma população está construindo uma autossuficiência, ela está mais próxima de receber feedbacks que são importantes para a humanidade como um todo, mas que devido ao estilo de vida da sociedade moderna, ficam ocultados para a maioria das pessoas, ou só ganham visibilidade quando ocorre uma catástrofe ou um evento de grande proporção. Holmgren (2013) dá o exemplo do cultivo de um bosque para produção de lenha e consequentemente energia. Uma comunidade buscará utilizar a madeira de maneira adequada para que sempre haja lenha disponível. Já no modelo moderno, o consumidor de energia elétrica que é gerada a muitos quilômetros de distância, fornecida pelas empresas privadas e estatais, não consegue ter noção das consequências que esse sistema trás a curto, médio e longo prazo, como comunidades atingidas pelas barragens, desflorestação, diminuição da fauna, desequilíbrio de ecossistemas inteiros, consequentemente causando êxodo rural, perda de saberes tradicionais, descontrole climático e perda da biodiversidade.
5. Use e valorize os serviços e recursos renováveis – Segundo Holmgren (2013, p.173), o designpermacultural deve ter por objetivo fazer o melhor uso de recursos naturais renováveis para o manejo e a manutenção das produções, ainda que seja necessário lançar mão de alguns recursos não renováveis no estabelecimento do sistema.
Para isso, é necessário anteriormente ao uso dos elementos, se há outras possibilidades de atender a demanda através de estratégias que não consuma elemento algum. Por exemplo quando plantamos arbóreas caducifólias próximas a uma edificação, diminuímos a demanda por energia. Porque no período de verão elas projetarão sombra na edificação, ajudando a manter o ambiente mais fresco e no inverno as folhas caem, proporcionando mais calor solar no ambiente no período frio. Tornando-se assim menos necessário o uso de energia artificial para o controle térmico do ambiente. “É apropriado fazer uso diário relativamente efêmero do sol, das marés, da água e do vento, pois são energias diárias ou sazonalmente renováveis” (HOLMGREN, 2013, p. 175).
6. Não produza desperdícios – A minimização de desperdícios pode se dar através de cinco atitudes: recusar, reduzir, reaproveitar, reparar e reciclar. Vê-se que na sociedade moderna, o discurso ambiental é absorvido somente quando se vê nele uma possibilidade de criar mercados, com produtos e serviços com rotulagem “ambientalmente correta”. Nesse sentido as empresas pouco ou nada falam das quatro primeiras atitudes mencionadas e focam apenas na reciclagem, que sozinha não é capaz de superar os problemas socioambientais gerados pela sociedade de consumo. Um bom exemplo a esse respeito são os produtos gerados com reciclagem de garrafas PET. O consumidor compra, considerando que está fazendo sua parte para a conservação da natureza, quando na realidade todos as quatro atitudes deveriam ser ponto de reflexão antes da compra de qualquer produto. Ao invés da compra de uma camiseta de PET ou qualquer outro produto industrial, o consumidor pode investir por exemplo na compra de produtos em feiras orgânicas, ou em alguma oportunidade que estimule a autossuficiência. Devemos buscar dimensionar nosso consumo e optar sempre por produtos e serviços não industrializados, de produtores locais. Certamente a questão do desperdício e do consumo perpassam por questões de valores sociais e individuais relacionados ao que uma sociedade precisa para ser saudável e ao que os indivíduos precisam para serem felizes. Com a grande mídia induzindo a compra aliada a prazer e felicidade, as pessoas tendem a viver e trabalhar para aumentar o poder de consumo. Ainda que uma readaptação da indústria para modelos menos ofensivos e poluidores seja algo positivo, deve-se aceitar esse momento apenas como uma transição para uma sociedade de baixo consumo e em harmonia com os ciclos naturais. O reaproveitamento dos produtos abundantes é necessário atualmente, mas apenas como medida transitória.
7. Design partindo de padrões para chegar aos detalhes – Esse princípio remete ao desenvolvimento de “uma linguagem de padrões de planejamento em permacultura ao focalizar exemplos de estruturas e organizações que parecem ilustrar o uso equilibrado de energia e recursos” (HOLMGREN, 2013, p. 219). Na busca por uma sociedade adaptada aos ciclos naturais, nossos esforços estarão mais no sentido de adaptar-nos aos padrões naturais locais, que buscar inovações tecnológicas para reparar nossos erros. Dentro disso entram as escalas de planejamento, que na permacultura estão organizadas basicamente através de zonas conforme a intensidade de uso, inclinação do terreno e também na observação dos setores de sol, vento, umidade, água, fogo, dentre outros.
8. Integrar ao invés de segregar – Tanto entre seres humanos, quanto nas relações entre elementos naturais e outros animais, as relações estabelecidas são importantíssimas para a vida e a dinâmica desses grupos. A permacultura acredita que relações cooperativas e simbióticas tendem a contribuir mais do que relações meramente competitivas, na construção de uma sociedade com práticas adequadas em harmonia com a natureza. Holmgren coloca que “nas sociedades tradicionais estáveis, nas quais todos os recursos estão totalmente alocados papéis definidos, obrigações mútuas, contribuições, impostos e outros mecanismos sociais prevalecem sobre os competitivos” (2013, p.269). Um dos grandes exemplos que pode ser utilizado para esse princípio é o uso da criação de galinhas dentro de um sistema agroflorestal, onde a ave pode viver livremente e tem alimento disponível em abundância, bem como fornece adubação do solo através do esterco desse animal.
9. Use soluções pequenas e lentas – A sociedade moderna valoriza a velocidade, seja no transporte, seja na produção, seja nas relações de consumo. Holmgren (2013, p.296) diz que
A ideia de que o mais rápido é melhor na produção agrícola e industrial, no transporte, na comunicação e nas viagens, na alimentação e em quase todos os aspectos da vida está profundamente enraizada como uma norma cultural.
Pequenas e certeiras estratégias de manejo, trazem resultados lentos, mas que podem ser eficazes e duradouros. Esse princípio pode ser aplicado em escala doméstica e pessoal quando buscamos soluções que interfiram em pequena escala, mas que trazem um resultado a longo prazo. Também em escala local e regional quando, por exemplo, o comércio é voltado à produção local de pequenos produtores, que demandem menos deslocamento e velocidade no transporte.
Holmgren, coloca ainda que “a natureza inapropriada da tecnologia moderna deve-se a sua larga escala, a sua natureza centralizada e tecnicamente complexa e a sua inflexibilidade quando aplicada em diferentes ambientes e contextos culturais” (2013, p.296).
10. Use e valorize a diversidade – O planeta que habitamos é composto por uma imensa variedade de espécies animais e vegetais, culturas, solos, que formam diversos biomas e paisagens. Já se conhece as consequências que tem as monoculturas induzidas pelos seres humanos, seja em nível de saúde – em decorrência da baixa variabilidade de nutrientes na dieta alimentar e o alto nível de agrotóxicos, seja em nível de relações entre povos – com guerras e atos violentos que trazem uma imposição de uma cultura sobre outra, principalmente por questões de poder nos territórios. A diversidade é intrínseca naturalmente à nossa vida, e devemos desfrutá-la, aprender com ela e cultivá-la, seja na produção alimentícia, seja no convívio humano. Somente através de um caminho que aceite e proporcione a diversidade, é que se pode garantir segurança alimentar e harmonia nas populações humanas.
11. Use os limites e valorize o marginal – Na natureza, as zonas periféricas – limites e conexões entre um sistema e outro, seja um ambiente, um ecossistema ou um bioma – são pontos ricos em diversidade e energia. É no contato entre a atmosfera e a crosta terrestre que está contida a vida e diversos processos energéticos presentes no planeta Terra. Por exemplo, “os limites terrestres sustentam um número maior de espécies de aves do que qualquer sistema de vegetação, pois os recursos de ambos os sistemas estão disponíveis” (HOLMGREN, 2013, p. 341). Este princípio funciona com base na premissa de que o valor e a contribuição das bordas e os aspectos marginais e invisíveis de qualquer sistema deveriam não apenas ser reconhecidos e preservados, mas que a ampliação desses aspectos pode aumentar a estabilidade e a produtividade do sistema. Por exemplo, aumentando-se a borda entre o terreno e a margem de uma represa pode-se aumentar a produtividade de ambos. Um design que percebe o limite como uma oportunidade e não como um problema tem maiores chances de sucesso e adaptação (HOLMGREN, 2007).
12. Use a criatividade e responda às mudanças – Por mais que o planejamento aconteça de forma mais ampla antes da execução ou no começo, é necessário que ele seja constantemente reavaliado conforme os resultados obtidos. Holmgren (2013) afirma que a permacultura se refere à durabilidade dos sistemas vivos naturais e da cultura humana, mas essa durabilidade depende paradoxalmente em grande medida de flexibilidade e mudança. Alguns fatores que estão fora de previsão podem influenciar em resultados não esperados. Por isso a criatividade se faz necessária para conseguir superar mudanças inesperadas.
Referências Bibliográficas
HOLMGREN, David. Permacultura: princípios e caminhos além da sustentabilidade. / David Holmgren; tradução Luzia Araújo. – Porto Alegre: Via Sapiens, 2013. 416p.
Texto: Leticia dos Santos e Marcelo Venturi
Fonte: Fonte: http://permacultura.ufsc.br/o-que-e-permacultura/
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SEMEAR E PLANTAR COM A LUA
25/10/17
Além do Sol, outro astro tem influência sobre a vida na Terra, a Lua. Ela recebe a luz do sol e reflete sobre a terra emitindo energia, força de gravidade, a qual atua sobre as plantas animais, água e terra.
Em cada uma de suas fases a lua tem diferentes níveis de influência para determinado conjunto de plantas, cada fase da lua tem sete dias, e essas estão divididas em quatro fases: minguante, nova, crescente e cheia.
É conhecido que a lua, através de sua força gravitacional, exerce influência sobre o comportamento dos mares e no nosso corpo. Ela também influencia as plantas, provocando aumento ou diminuição da seiva.
Os camponeses conhecem, e usam, a Lua e sua influência para os cultivos, colheita e cuidados das plantas e seus frutos. As marés, o movimentos dos líquidos, ascendente ou descendente, nos seres humanos, no interior do solo, dentro das plantas, são uma consequência das variações da força de gravidade da Lua sobre a estabilidade gravitacional de todo o planeta.
As plantas estão mais cheias de seiva em lua nova ou crescente e as raízes, na minguante, e por aí vai. A colheita dos frutos dá melhores resultados na Lua Cheia e, estes são menos “cheios” nas luas minguante e nova. Os grãos são mais “cheios” na lua cheia mas, se conservam melhor se colhidos na lua minguante.
Observe esses momentos, fases lunares, em benefício de suas plantas domésticas. Para seguir a fase lunar deve partir desde o semeio ou plantio porque são nos primeiros dias de vida da planta que a Lua exerce maior influência.
LUA NOVA
Nesta fase a seiva atinge o seu pico máximo de retrocesso. As plantas têm baixa resistência às pragas.
Do que precede tiramos as regras seguintes: que entre a lua minguante e a nova deve ser plantado tudo o que dá “abaixo do solo” (raízes, tubérculos, rizomas e bulbos comestíveis) e, que entre a lua crescente e a cheia, deve-se plantar tudo o que dá “acima do solo” (folhas, flores e frutos comestíveis).
Quando a lua não está visível é o melhor momento para se colher grãos e leguminosas (terão mais durabilidade e também sua composição mais concentrada, menos diluída com a água da seiva que, nesta época, ainda está nas partes baixas da planta e nas raízes). Por isso também é época de plantar as raízes alimentícias, que estarão mais “ricas e cheias” e com maiores possibilidades de brotarem saudavelmente:
• Colher grãos, como arroz, feijão, milho e lentilha; porque serão também menos suscetíveis de se estragarem, sofrerem ataques de fungos ou brocas, por estarem mais secos internamente.
• Plantar alimentos de raiz, como beterraba, batata, cenoura e mandioca; porquê as raízes (tubérculos e rizomas) estarão repletos de suas seivas germinativas e, com a vinda da lua crescente, esta tenderá a brotar, que é “sair para fora”.
• Transplantar mudas que já possuem folhas definitivas; nesta época as plantas estão com seus potenciais em si mesmas e se adaptarão mais facilmente ao local definitivo.
• Escarificar o solo, que significa cortar, romper a camada superficial (15 a 30 cm de profundidade) de solo verticalmente para arear a terra e melhorar a movimentação dos nutrientes, sem inverter as camadas,o que é prejudicial. Pode-se fazer com a enxada desde que não se vire a camada de cabeça para baixo, ou com o escarificador, um instrumentos com facas, hastes cortantes, que trabalha na vertical e caminha na horizontal.
Favorável às partes subterrâneas. É a época certa para adubação e semeadura de ervas aromáticas e medicinais. Mas cuidado: é tempo de baixa resistência às pragas. Aproveite então para pulverizá-las com pesticidas/repelentes ecológicos e arrancar matos e ervas daninhas.
Neste período as sementes incham e se rompem. Isso ajuda a criar uma raiz equilibrada e contribui no crescimento das folhas. Esta é a época ideal para o plantio de culturas anuais que produzem suas sementes fora do fruto. Exemplos: alface, espinafre, aipo, brócolis, repolho, couve-flor, e as colheitas de grãos. Redobre os cuidados neste período, pois esta fase é de baixa resistência às pragas.
Bom também para o plantio de árvores cujo objetivo é produção de madeira.
LUA CRESCENTE
No período crescente, a lua e o sol estão alinhados, e a lua exerce forte influência sobre a Terra. Nesta fase a planta produz mais seiva no caule e nos ramos, então é um bom momento para plantar e transplantar. Também é uma boa hora para colher ervas, pois a produção de óleos estará no seu auge.
Fase em que a seiva é atraída para cima, para as folhas, favorecendo o crescimento da parte superior da planta.
Período favorável ao plantio de cereais, frutas e flores e colheita de verduras.
Boa época para se fazer enxertos e preparar o solo com compostos e cobertura vegetal (mulch). É a melhor lua para o trabalho com plantas.
O melhor momento para o plantio é dois dias antes da lua cheia. As plantas que produzem acima do solo, mas com sementes no interior do fruto, como feijão, melão, ervilha, pimentão, abóbora e tomate são os mais indicados.
É nesta fase que você deve colher suas ervas (e, dê preferência, ao amanhecer quando ainda estão frescas da noite e conservam seus óleos essenciais). Na horta, corresponde às verduras folhosas.
• Colher ervas e folhas, como coentro, orégano, alface, rúcula e espinafre;
• Plantar flores e espécies que possuem sementes pequenas, como beterraba, rabanete e cravo.
LUA CHEIA
A lua cheia é tão benéfica quanto a crescente para a horta. Os frutos estarão mais suculentos, as verduras mais macias e vistosas. Boa época para plantio de novas mudas. Mas nestas duas fases os insetos estão em maior atividade também, então prepare-se para controlar as pragas.
Boa época para:
• Montar armadilhas para controle biológico;
• Germinar sementes. Plantas que nascem nessa fase da Lua são mais resistentes à seca;
• Colher frutos, como tomate, laranja, pimentão e abacaxi. Frutos colhidos nessa fase da lua retém mais nutrientes. Logo, são mais saborosos e duram mais.
Fase em que a influência sobre a terra chega ao ponto máximo, mas só nos primeiros dias, porque depois de sofrer efeito da minguante. No início desta fase planta-se: repolho, couve-flor, alface e outras. Além das hortaliças esta fase é ótima para o plantio de flores.
É importante frisar que nesta fase a seiva se concentra na copa da planta (ramos e folhas).
Após o pico da fase lunar cheia, a lua começa a minguar e a energia se concentra nas raízes. Invista no plantio de culturas de raiz, incluindo beterrabas, cenouras, cebolas, batatas e amendoins. Plantas perenes, bienais, bulbos e transplante por causa do crescimento da raiz ativa também são recomendados nessa época, assim como a poda.
LUA MINGUANTE
Nesta fase é pouca a influência da lua sobre a terra. É provável que esta força seja insignificante. A energia ou força contida na terra tende a descer. Daí pensam no que os mais velhos dizem “nesta fase da lua as coisas que crescem da terra para fora minguam, e as coisas que crescem de fora para dentro vigora (raízes)”.
Na prática observando o comportamento das hortaliças, concluiu-se que nessa fase plantam-se raízes; rabanetes, beterraba, cenoura, inhame, batata, cebola de cabeça (bulbos) e outras. Isto porque a planta ao germinar, primeira força o enraizamento, demora mais a nascer, retarda um pouco o crescimento, porte menor, raízes mais desenvolvidas.
Quanto à seiva, a planta absorve menos quantidade de seiva no caule, nas folhas e nos ramos. Fase boa para tirar bambus, madeiras para construção e cabos para ferramentas, etc.
É quando a seiva se recolhe para “baixo”, para o interior, então é a melhor época para colher tubérculos e também para podar as plantas (o sofrimento será menor, as cicatrizes secarão mais rápido, os galhos não tornarão a brotar)
• Colher alimentos de raiz, como beterraba, batata, cenoura e mandioca;
• Podar galhos e ramos que você não quer que voltem a crescer;
• Fazer controle de pragas; essa ação que é a de retirar as ervas invasoras (daninhas) é melhor sucedida quando a “força” destas está recolhida nas raízes. Mas, veja, você deverá retirar a planta inteira. O mesmo efeito benéfico se tem no controle de insetos que chupam as plantas – pulgões, cochonilhas e outros – pois, na lua minguante, a seiva se recolhe dos ramos e os insetos ficam sem tanto alimento, por tanto, mais frágeis.
• Germinar sementes. Plantas que nascem nessa fase da Lua são mais resistentes a estações chuvosas.
tempo ideal para o corte de bambu e outras plantas para se fazer estacas e escoras de madeira, que estarão mais secos e durarão mais.
Considerado um período de repouso, indicado para cuidar das plantas entre os cultivares, para a colheita e o transplante. Esta fase é favorável para adubação de substrato e para enraizamento.
OBS: A durabilidade é maior, resiste mais ao ataque de pragas. Bom para fazer desbrota (porque a planta está menos concentrada de seiva, cicatriza mais rápidos os ferimentos e dificulta a penetração de parasitas). Faz-se a poda caso queira retardar a brotação (lembrando que podas repetitivas nessa fase da lua podem levar a planta ao enfraquecimento, e até mesmo interromper o seu ciclo de vida).
Em todas as fases sempre é bom você pegar o auge da lua (dois ou três dias após ter começado a fase); com exceção da minguante, que você poderá pegar a partir do quinto dia da cheia, isto porque está minguando, mas não descartando a possibilidade dela exercer pequena influência sobre a planta.
Fonte: http://www.agrisustentavel.com/digital/index.html
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Receitas de Adubo Natural
23/10/17
Para manter suas plantas saudáveis não adianta apenas molhar, é preciso também adubá-las. Você pode adubar suas plantas sem uso de nenhum aditivo químico, vejas as receitas e mãos a obra, as plantas agradecem.
1- Borra de café
A borra de café é um dos melhores adubos caseiros, especialmente para plantas de solo ácido como as roseiras, azaleias e mirtilos. Para utilizar você deve dissolver uma colher pequena de borra de café em 2 litros de água e aguar as suas plantas com essa solução. Evite o excesso; suas plantas devem receber essa mistura no máximo a cada 3 semanas.
2- Casca de ovo
Por conter altas doses de cálcio, a casca dos ovos é um dos excelentes adubos caseiros que ajudam a evitar pragas, especialmente em tomateiros e pimenteiras. Também é indicado para árvores frutíferas, rosas e ervas. Basta lavar bem as cascas e deixar secar. Depois, triture-as no liquidificador até formar um pó. Espalhe esse pó, em pequena quantidade, em torno da planta.
E para aplicar no seu jardim, basta uma colher de café em vasos pequenos, e duas ou três nos vasos maiores, que já é suficiente para beneficiar suas plantas. E a adubação pode ser repetida a cada 40 dias, caso seu jardim ainda necessite de uma boa adubação.
3- Casca de banana
O potássio encontrado na casca da banana é muito nutritivo para as plantas, pois facilita o processo de fotossíntese, da osmorregulação da água e também da formação de tecidos mais resistentes na planta. Para utilizá-la, faça um chá da casca de banana: ferva a água e adicione pequenos pedaços da casa, depois abafe. Espere esfriar e molhe suas plantas com esse chá. Você também pode cortar em cubinhos e distribuir junto aos arbustos, árvores, nos xaxins e vasos.
4- Ervas daninhas
A maioria das pessoas pensa que as ervas daninhas são somente prejudicial às plantas, mas elas podem funcionar também como um excelente adubo caseiro. Os nutrientes variam de acordo com a espécie. Por exemplo, a consuela possui altas doses de potássio; a urtiga possui ferro e nitrogênio e o dente de leão é rico em cálcio e magnésio. Para utilizar basta pegar uma bandeja, cobrir com um pano (que funcionará como peneira), colocar as ervas daninhas em cima do pano e então despejar água por cima, o suficiente para cobrir as ervas. Deixe em imersão por 10 dias para fermentar, mexendo um pouquinho todos os dias. Depois desse tempo, aplique as ervas como adubo.
5- Cinzas de madeira
As cinzas de madeira são também um dos ótimos adubos caseiros que podemos oferecer às nossas plantas pois são ricas em potássio e fósforo. Esses nutrientes contribuem para aumentar o aroma e o sabor das flores e frutos. São excelentes também para afastar pragas. Mas cuidado, pois as cinzas de madeira não são recomendadas para plantas de solo ácido. Para utilizar esse adubo você deve diluir a cinza em água e utilizá-la para regar as suas plantas.
6 – Adubo de legumes
As cascas de cenoura, chuchu, batata, abóbora, entre outros também é um excelente adubo caseiro. Corte-as em cubinhos e distribua-os nos vasos e xaxins. Podem ainda ser espalhados em canteiros e jardineiras. Os legumes são ricos em vitaminas e são excelentes para nutrição e beleza das plantas.
7 – Água de jarro
Sabe aquelas flores que estavam no jarro e murcharam? Pois bem, assim que se desfizer das flores, aproveite a água para regar as plantas. Como as flores ficaram na água por alguns dias, a água ficou rica dos nutrientes e estes servem para as plantas.
8 – Água de legumes
Quando for cozinhar legumes, evite colocar sal e gordura na água, assim ela poderá ser utilizada, depois de fria, para regar as plantas. Durante o cozimento, os legumes soltam seus nutrientes na água, são estes vitaminas e sais minerais, que são de fundamental importância para as plantas.
http://asenhoradomonte.com/tag/adubos-naturais/
http://www.plantasonya.com.br/category/adubos-e-substratos/page/2
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RECRIAR na CCM Itaquera – SP
21/10/17
Dia 20 de outubro estivemos no CCM – Centro de Cidadania da Mulher – Itaquera, onde nossa parceira Maria Carmen Romero Ferrari apresentou a palestra sobre “Ervas Medicinais e Aromáticas“, como parte das comemorações do outubro rosa.
Agradecemos a presença das senhoras, que acolheram com respeito e carinho nosso trabalho.
Agradecemos à coordenadora Mônica, à assistente social Carla e ao senhor Lourival, pelo convite acolhimento.
Os slides utilizados estão publicados abaixo e são públicos, façam bom uso e até novembro no plantio.
Obrigada,
Arq. Miriam
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VIRADA SUSTENTÁVEL 2017
28/08/17
A recriar.com.você participou da Virada Sustentável de São Paulo, juntamente com a Rede Social do Centro.
Este ano levamos mudas de ora pro nobis, livros, composteira e amostras de materiais de construção sustentáveis.
Doamos 120 livros, 50 mudas e fizemos 400 atendimentos.
Agradecemos a todos os amigos que participaram, nos visitaram e especialmente aos amigos Sergio Ferrari e Carmen Ferrari, que trabalharam conosco neste evento.
Obrigada a todos,
Arq. Miriam Morata Novaes
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Ervas e especiarias auxiliam na hora da limpeza.
14/08/17
Ervas e especiarias têm uma longa história de uso. Desde a Antiguidade, elas já faziam parte do preparo de alimentos, de medicamentos e, em algumas religiões, eram o instrumento para “limpeza espiritual”. Com o passar do tempo, também foram sendo usadas como desinfetantes, aromatizantes e até objetos de decoração. Por exemplo: ervas como orégano, alecrim e tomilho eram dispersas no chão em ocasiões festivas, como casamentos. Enquanto os convidados andavam e dançavam sobre as ervas, essas liberavam suas fragrâncias sobre o ar – bem mais romântico do que aqueles aromatizantes de ligar na tomada, não é mesmo?
Ervas como hissopo e arruda, considerados desinfetantes, eram dispersas ao redor de ambientes de risco para manter doenças sob controle. Ervas e especiarias também são usadas para auxiliar no controle do peso. Hoje, enquanto é muito mais comum usar produtos de limpeza repletos de químicos nocivos, há pessoas fazendo seus próprios produtos de limpeza “verdes”, usando ingredientes como óleo essencial e especiarias, que limpam bem e deixam um aroma mais natural no ambiente.
O segredo para fazer o seus próprios produtos de limpeza está no conhecimento dos seus ingredientes. Fazer produtos de limpeza não é algo assustador como parece, não é difícil, não consome muito do seu tempo, e os resultados realmente funcionam. Essa pode ser uma saída econômica, pois, geralmente, os produtos de limpeza disponíveis no mercado são caros e possuem muitos produtos químicos tóxicos; assim, além de economizar dinheiro, você também terá benefícios à sua saúde, evitando agentes como triclosan, cocamida DEA, tolueno (metilbenzeno) e lauril sulfato de sódio.
Ervas e especiarias são razoavelmente baratas, então por que não cultivar algumas em seu próprio quintal? Veja aqui como.
Você sabe diferenciar ervas de especiarias?
Ervas são folhas de plantas. As principais ervas são: manjericão, orégano, cebolinha, manjerona, salsa, alecrim, sálvia, hortelã, tomilho. Geralmente são utilizadas frescas, pois o cozimento reduz o seu aroma.
Especiarias são produtos de origem vegetal como sementes, brotos, frutas, flores, cascas e raízes de plantas. As especiarias também são utilizadas na preparação de óleos, cosméticos, incensos e medicamentos. Devido à presença de óleos essenciais as especiarias possuem aroma e sabor mais acentuados. As principais especiarias são pimenta do reino, canela, noz-moscada, cravo-da-índia, anis estrelado, baunilha, cardamomo, gengibre, coentro, pimenta malagueta, mostarda em grão, açafrão, pimenta-da-jamaica.
Receitas
• Limpador de pia aromatizado
Misture no liquidificador 1/4 de xícara de folha de hortelã, uma xícara de bicarbonato de sódio e uma colher de sopa de sal. Polvilhe em sua pia, adicione um pouco de água e esfregue.
• Limpador de janelas feito com ervas
Misture em um frasco com borrifador dois copos de erva-cidreira cozida e coada e 1/2 xícara de vinagre. Aplique na janela, em seguida, seque com jornal velho ou com um pano macio.
• Desodorizador de sala
Ferva com água uma mistura de cascas de laranja e canela em pau. Enquanto você começa a limpeza da casa, isso já irá aromatizar o ar! É uma ótima saída para substituir os aromatizadores de ar, repletos de produtos químicos.
Também é possível fazer um potpourri para aromatizar o ambiente. Veja mais aqui.
• Aromatizador de lavanderia
Adicione uma ou duas gotas de seu óleo essencial favorito em um pano e, em seguida, coloque o pano na secadora, junto com suas roupas; isso vai deixar o cheiro da sua roupa incrível!
• Multiuso sem produtos tóxicos
Existem muitos produtos de limpeza à base de ervas e itens naturais para explorar. Mas aqui vai uma receita de um produto que pode ter diversos usos.
Cascas de frutas cítricas, vinagre, água.
1. Encha um frasco de vidro com as cascas – não é necessário preencher tudo de uma vez, pode coletar aos poucos. Sempre que você comer uma laranja, por exemplo, jogue a casca na jarra.
2. Quando o frasco estiver cheio, despeje vinagre sobre as cascas até cobrir.
3. Deixe a mistura descansar por pelo menos duas semanas e meia. O vinagre vai assumir uma coloração laranja/dourada e um forte aroma cítrico.
4. Encha metade de um frasco spray com a mistura, e preencha o resto com água.
5. Utilize um pano para limpar. Ele funciona bem em pias, espelhos, janelas, pisos, cadeiras de madeira e balcões. O melhor de tudo é que ele é feito com as cascas de frutas cítricas, uma outra alternativa para diminuir os resíduos.
Fonte: Equipe Ecycle, Espaço Ecológico
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Catálogo de Hortaliças
24/07/17
Este catálogo indica aos empreendedores rurais que o cultivo de hortaliças, por ser alimento saudável, tem um grande mercado consumidor com forte tendência de crescimento. São pelo menos de cerca de 200 milhões de brasileiros e outros bilhões a conquistar no exterior. Há vários estudos comprovando que a maioria das hortaliças é rica em substâncias que apresentam propriedades funcionais, ou seja, têm ação benéfica para a saúde na prevenção e controle de várias doenças, a exemplo de obesidade, diabetes, câncer de cólon, úlceras e doenças coronarianas. A lista de 50 espécies de hortaliças foi elaborada pela Embrapa Hortaliças em parceria com a Unidade de Agronegócios do Sebrae. Essas espécies estão entre as mais comercializadas no País, de acordo com levantamentos feitos em cinco importantes centros de referência de mercado.
Confira o Catálogo Brasileiro de Hortaliças, com dicas de plantio e recomendações de aproveitamento.
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Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
06/06/17
Glossário de termos do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5
A Força Tarefa do Sistema ONU no Brasil sobre a Agenda 2030 lança, neste primeiro ano de vigência dos Objetivos de Desenvolvimento Susentável, o primeiro de uma série de glossários sobre os termos contidos nesse complexo conjunto de metas que os 193 Estados-membros das Nações Unidas concordaram, por unanimidade, atingir até 2030. Esse trabalho representa a continuidade da parceria entre o Sistema das Nações Unidas no Brasil e o Governo Federal para a implementação e transversalização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável em todas as esferas governamentais e múltiplos setores interessados.
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Águas Residuais – Relatório UNESCO 2017
04/05/17
O que aconteceria se considerássemos a grande quantidade de água residual doméstica, agrícola e industrial despejada no meio ambiente todos os dias como um recurso valioso ao invés de um dispendioso problema? Essa é a mudança de paradigma defendida pelo Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, “Águas residuais: o recurso inexplorado”.
O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR, sigla em inglês) é um Relatório do UN Water (ONU Água, em tradução livre) coordenado pelo Programa Mundial das Nações Unidas para Avaliação dos Recursos Hídricos, liderado pela UNESCO. O Relatório argumenta que, uma vez tratadas, as águas residuais poderiam se tornar fontes importantes para satisfazer a crescente demanda por água doce e outras matérias-primas.
“As águas residuais são um recurso valioso em um mundo no qual a água é finita e a demanda é crescente”, disse Guy Ryder, presidente do UN Water e diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Todos podem fazer a sua parte para alcançar a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para reduzir pela metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentar a reutilização de água potável até 2030. Tudo gira em torno de gerir e reutilizar cuidadosamente a água que passa pelas nossas casas, fábricas, fazendas e cidades. Vamos todos reduzir e reutilizar com segurança as águas residuais para que este recurso precioso atenda às necessidades de populações cada vez maiores em um ecossistema frágil”.
“O Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos de 2017 mostra que uma melhor gestão das águas residuais está atrelada tanto à redução da poluição na fonte quanto à remoção de contaminantes dos fluxos de águas residuais, à reutilização da água reciclada e à recuperação de subprodutos úteis. […] Aumentar a aceitação social acerca do uso de águas residuais é essencial para avançarmos”, argumenta a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, em seu prefácio no Relatório.
Uma preocupação de saúde e meio ambiente
Uma grande proporção de água residual ainda é liberada no meio ambiente sem ser coletada ou tratada. Isso é ainda mais presente em países de baixa renda, que, em média, tratam apenas 8% das águas residuais domésticas e industriais, em comparação com a taxa de 70% observada nos países de renda alta. Como resultado, em muitas regiões do mundo, águas contaminadas por bactérias, nitratos, fosfatos e solventes são despejadas em rios e lagos que desaguam nos oceanos, trazendo consequências negativas para o meio ambiente e para a saúde pública.
O volume de água residual a ser tratada aumentará consideravelmente em um futuro próximo, especialmente em cidades de países em desenvolvimento com populações que crescem rapidamente. “A geração de águas residuais é um dos maiores desafios associados ao crescimento de assentamentos informais (favelas) no mundo em desenvolvimento”, afirmam os autores do Relatório. Uma cidade como Lagos (Nigéria) gera 1,5 milhão de metros cúbicos de águas residuais por dia, sendo que a maior parte acaba sendo despejada sem tratamento na Lagoa de Lagos. A menos que providências sejam tomadas agora, é provável que essa situação se deteriore ainda mais uma vez que a população da cidade pode ultrapassar 23 milhões de pessoas até 2020.
A poluição causada por agentes patogênicos de excrementos humanos e de animais afeta quase um terço dos rios da América Latina, Ásia e África, colocando em risco as vidas de milhões de pessoas. Em 2012, 842 mil mortes em países de renda baixa e média estiveram ligadas à água contaminada e serviços sanitários inadequados. A falta de tratamento também contribui para a propagação de algumas doenças tropicais como a dengue e a cólera.
Solventes e hidrocarbonetos produzidos por atividades industriais e de mineração, bem como a descarga de nutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) da agricultura intensiva aceleram a eutrofização da água potável e dos ecossistemas costeiros e marinhos. Estima-se que 245 mil km² de ecossistemas marinhos – aproximadamente o tamanho do Reino Unido – são atualmente afetados por esse fenômeno. O despejo de águas residuais não tratadas também estimula a proliferação de algas tóxicas e contribui para o declínio da biodiversidade.
A crescente consciência sobre a presença de poluentes como hormônios, antibióticos, esteroides e suspensivos endócrinos em águas residuais apresenta um novo conjunto de desafios, uma vez que seus impactos no meio ambiente e na saúde ainda precisam ser totalmente compreendidos.
A poluição reduz ainda mais a disponibilidade de abastecimento de água potável, que já está sob estresse, principalmente por causa das mudanças climáticas. No entanto, a maioria dos governos e dos tomadores de decisão têm se preocupado mais com os desafios da oferta de água, especialmente quando ela se torna escassa, enquanto ignoram a necessidade de tratar a água após ter sido utilizada. Coleta, tratamento e uso seguro das águas residuais constituem o alicerce de uma economia circular, equilibrando o desenvolvimento econômico com o uso sustentável dos recursos. A água reciclada é um recurso amplamente sub explorado, que pode ser reutilizado diversas vezes.
Do esgoto para a torneira
As águas residuais são mais comumente utilizadas para a irrigação agrícola e pelo menos 50 países em todo o mundo são conhecidos por utilizarem águas residuais para esse propósito, representando cerca de 10% de todas as terras irrigadas. Contudo, os dados ainda são incompletos em muitas regiões, principalmente na África.
Porém essa prática levanta preocupações de saúde quando a água contém patogênicos que podem contaminar as culturas. Dessa forma, o desafio é passar de uma irrigação informal para um uso planejado e seguro, como a Jordânia tem feito desde 1977, sendo que 90% das suas águas residuais tratadas são utilizadas para a irrigação.
Na indústria, grandes quantidades de água podem ser reutilizadas, para aquecimento e resfriamento, por exemplo, ao invés de serem descartadas no meio ambiente. Até 2020, estima-se que o mercado para o tratamento de águas residuais nas indústrias aumentará em 50%.
Águas residuais tratadas também podem servir para aumentar o abastecimento de água potável, embora ainda seja uma prática marginal. Windhoek, a capital da Namíbia, vem fazendo isso desde 1969. Para combater a recorrente escassez de água doce, a cidade criou uma infraestrutura para tratar até 35% das águas residuais, que depois são utilizadas para complementar as reservas de água potável. Os habitantes de Cingapura e San Diego (EUA) também bebem, com segurança, água que foi reciclada.
Essa prática pode encontrar resistência do público, que pode se sentir desconfortável com a ideia de beber ou utilizar água que uma vez foi considerada suja. A falta de apoio do público levou ao fracasso de um projeto de reutilização de água para irrigação e piscicultura no Egito na década de 1990. Campanhas de conscientização podem ajudar a conquistar aceitação do público para esse tipo de prática remetendo a exemplos bem-sucedidos, como o dos astronautas da Estação Espacial Internacional que têm reutilizado a mesma água reciclada há mais de 16 anos.
Águas residuais e lodo como fontes de matérias-primas
Além de fornecer uma fonte alternativa segura para água doce, as águas residuais também podem ser vistas como uma fonte potencial de matérias-primas. Graças aos avanços em técnicas de tratamento, certos nutrientes, como fósforo e nitratos, podem agora ser recuperados a partir de esgotos e lodos e transformados em fertilizantes. Estima-se que 22% da demanda global por fósforo, um recurso mineral finito e em esgotamento, poderia ser atendida pelo tratamento da urina e de excrementos humanos. Alguns países, como a Suíça, já aprovaram uma legislação que exige a recuperação de determinados nutrientes como o fósforo.
As substâncias orgânicas contidas nas águas residuais poderiam ser utilizadas para a produção de biogás, o que poderia ajudar a aumentar as instalações de tratamento de águas residuais, permitindo que elas deixem de ser grandes consumidoras de energia e adquiram neutralidade energética, ou até mesmo passem a ser produtoras de energia. No Japão, o governo estabeleceu uma meta que estipula a recuperação de 30% da energia de biomassa existente em águas residuais até 2020. Todo ano, a cidade de Osaka produz 6,5 mil toneladas de combustíveis biossólidos a partir de 43 mil toneladas de lodo de esgoto.
Essas tecnologias não precisam ficar fora do alcance de países em desenvolvimento, uma vez que as soluções de tratamento de baixo custo já permitem a extração de energia e de nutrientes. Elas podem ainda não permitir a recuperação direta de água potável, mas podem produzir água viável e segura para outros usos, como a irrigação. E as vendas de matérias-primas derivadas das águas residuais podem fornecer rendas adicionais para ajudar a cobrir os custos de investimento e operacionais do tratamento de água residual.
Atualmente, 2,4 bilhões de pessoas ainda não têm acesso a instalações sanitárias melhoradas. Reduzir esse número, de acordo com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 da Agenda 2030 da ONU, sobre água e saneamento, significará despejar ainda mais águas residuais que terão de ser tratadas de forma acessível.
Fonte: UNESCO
