Artigos com o marcador ecologia
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL
27/09/11
Aprendendo a Construir
Um novo estudo descobriu os pássaros aprendem a arte de construir o ninho, não sendo apenas uma habilidade instintiva.
Pesquisadores de Edimburgo, Glasgow e Universidades de St Andrews estudaram imagens de tecelões mascarados (Ploceus velatus) gravadas por cientistas em Botswana. Esta espécie foi escolhida porque esses pássaros coloridos constroem muitos ninhos complexos em uma temporada.
Dr. Patrick Walsh da Universidade de Edimburgo, disse o estudo revelou “um papel claro para a experiência”.
A pesquisa foi publicada na revista Behavioural Processes.
Pássaros individuais variaram a técnica de um ninho para o outro e houve casos de aves construir ninhos da esquerda para a direita, bem como da direita para a esquerda.
Como as aves ganharam mais experiência, as folhas de grama caiam com menos frequência.
“Se os pássaros construissem seus ninhos apenas de acordo com um modelo genético, seria de esperar que todos os pássaros construissem os seus ninhos da mesma forma a cada vez. Entretanto, este não foi o caso”, acrescentou o Dr. Walsh.
“Os tecelões mascarados apresentam fortes variações em sua abordagem, revelando um papel claro para a experiência.
“Mesmo para as aves, a prática leva à perfeição.”
http://www.bbc.co.uk/news/uk-scotland-15053754
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Aterros de Calgary
19/09/11
Este texto foi enviado por nossa colaboradora Luciana Machado, que mora no Canadá e vai nos contar as soluções encontradas para construir uma cidade sustentável.
Quais são os tipos de lixo que os Calgarians jogam fora?
A partir do estudo de lixo sabemos que o lixo de uma casa unifamiliar típico inclui o seguinte:
Como funcionam os aterros Calgary ?
Aterros sanitários modernos de hoje são muito diferentes do que os lixoes de décadas antes. Nossos aterros são altamente projetados e sofisticadas instalações que cuidadosamente administram os nossos resíduos para um impacto mínimo ao meio ambiente.
Antes de abrir um aterro sanitário, que exige de engenharia extensa e planejamento para incluir recursos que são projetados especificamente para proteger o meio ambiente de efeitos adversos.
Esses recursos incluem camadas de argila compactada, materiais sintéticos e cascalho que “linha” no fundo de um aterro para conter o lixo e recolher resíduos líquidos (chorume). Camadas de lixo são fortemente compactados para reduzir o volume – tanto para economizar espaço e reduzir a quantidade de oxigênio no lixo. Cada camada é então coberta com terra para continuar a conter o lixo.
Finalmente, quando um aterro é fechado, é tampado com mais camadas de solo, semelhante ao forro, e recuperado sendo este coberto com terra vegetal e replantando a superfície com vegetação natural. O resultado é uma envolvente sepultamento do nosso lixo, que armazena os nossos resíduos em uma estrutura de aterro controlado e monitorado continuamente.
O que acontece quando se fecha um aterro sanitário?
Quando um aterro é fechado, continuamos a monitorá-lo para ver como o lixo se decompoe e como isso poderia impactar o ambiente circundante. Estudos mostram que o processo de decomposição em um aterro sanitário é extremamente lento. Na verdade, alguns resíduos como o vidro, metais e plásticos não podem se decompor.
Neste tipo de ambiente fechado com pouco oxigênio, os resíduos orgânicos encontrados em nosso lixo produzem gás de aterro sanitário, que consiste aproximadamente de dióxido de carbono e partes iguais de metano (um gás de efeito estufa que é 20 vezes mais potente que o dióxido de carbono) – tornando nossos aterros a número de um em producao de efeito estufa sendo que esta e unica fonte em calgary.
Como a água da chuva e dos resíduos líquidos percorrem através do lixo, eles se misturam para se tornar uma especie de chorume , uma sopa de lixo altamente concentrado que pode ter efeitos adversos sobre o meio ambiente. Este chorume precisa ser continuamente coletados através de um sistema de tubos e removido para o tratamento..
Por que precisamos de aterros sanitários?
Enquanto nós produzimos lixo, vamos precisar de aterros para armazená-lo. No passado, os espaços aterro tinham possibilidades de reutilização limitada. Eles não poderiam ser usados como espaço residencial ou comercial, devido à natureza instável de lixo, uma vez que se instala e a necessidade de monitorar chorume toxicos e produção de metano.
Hoje, somos capazes de dar a estes espaços uma nova vida. Por exemplo, temos o orgulho de ser um parceiro na *Floresta Blackfoot – em quarto lugar na família de Floresta de berço BP. Estamos muito animados com a oportunidade de recuperar este antigo aterro (aterro Blackfoot ) e transformá-lo em um espaço verde que será mais uma vez ver o uso público para todos os Calgarians.
Através de extensas melhorias ambientais, o aterro já foi adaptado com modernos recursos sanitários destinados a proteger o ambiente natural na área circundante. Essas melhorias também irá permitir-nos continuar a monitorar e controlar este site antigo, embora seja apreciado como um parque público.
Qual é o objetivo A Cidade de resíduos em longo prazo?
A melhor opção ambiental é reduzir nossa dependência de aterros sanitários ao invés de transformar tais grandes áreas de terra em um local de eliminação de resíduos com potencial de reutilização limitada e com necessidade de acompanhamento contínuo e controle.
Nosso objetivo de longo prazo é reduzir a quantidade de resíduos enviados para nossos aterros para apenas 20% e de reciclagem ou recuperação de 80% até o ano de 2020. Temos um longo caminho a percorrer. Atualmente, os números são ao contrário – os resíduos para o aterro é de 80% e atualmente reciclam 20%.
Você pode fazer sua parte para ajudar a reduzir a quantidade de lixo sendo colocado em aterros sanitários em Calgary, tornando a decisão de reduzir, reutilizar ou reciclar antes de colocar o lixo no lixo. Para mais informações sobre reciclagem residencial, compostagem e redução de resíduos, visite Calgary Recicla.
Como você proteger a saúde pública e segurança?
Operação do aterro municipal é regulada pela Província, sob a jurisdição do Meio Ambiente Alberta. O governo concede à cidade uma Aprovação Operacional que especifica todos os requisitos que devem ser cumpridos para garantir o aterro está operando de forma segura. Sob os regulamentos provinciais, o desenvolvimento residencial deve ser localizado pelo menos 300 metros de uma fronteira de propriedade aterro.
A cidade tem a sua responsabilidade para proteger a saúde pública eo meio ambiente a sério. Um programa de monitorização de rotina é realizado durante todo o ano para as águas subterrâneas da amostra e condições de solo vapor. O monitoramento continua, mesmo depois de um aterro sanitário não está mais em uso ativo.
Como é um aterro recuperado?
Floresta Blackfoot
Não só tem a Mata berço BP recuperado o aterro com o plantio de 6.000 novas árvores, o sistema de raiz de árvore também servirá como umidade e controle de erosão para toda a área. Árvores também são importantes na redução de gases de efeito estufa produzido por aterros sanitários. Além disso, a floresta tem se beneficiado da reutilização de muitos componentes reciclados incluindo o seguinte:
30.000 metros cúbicos de barro reciclado foram resgatados a partir de vários projetos de desenvolvimento ao redor de Calgary.
2.000 metros cúbicos de composto de folhas foram utilizadas, 320 metros cúbicos de mulch foram usadas a partir de do programa anual de Reciclagem de árvore de Natal.
Outras notáveis características ambientais da floresta incluem um sistema de irrigação de alta eficiência alimentado por painéis solares, bem como o plantio de espécies nativas na parte mais íngreme da encosta. A próxima fase desta floresta irá incluir a naturalização do resto da encosta com plantas indígenas.
Esta é uma das maiores iniciativas de greening na história de Calgary.
Luciana Machado, colaboradora da RECRIAR no Canadá
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A difícil passagem do tecnozóico ao ecozóico
24/08/11
As grandes crises comportam grandes decisões. Há decisões que significam vida ou morte para certas sociedades, para uma instituição ou para uma pessoa.
A situação atual é a de um doente ao qual o médico diz: ou você controla suas altas taxas de colesterol e sua pressão ou vai enfrentar o pior. Você escolhe.
A humanidade como um todo está com febre e doente e deve decidir: ou continuar com seu ritmo alucinado de produção e consumo, sempre garantindo a subida do PIB nacional e mundial, ritmo altamente hostil à vida, ou enfrentar dentro de pouco as reações do sistema-Terra que já deu sinais claros de estresse global. Não tememos um cataclisma nuclear, não impossível mas improvável, o que significaria o fim da espécie humana. Receamos isto sim, como muitos cientistas advertem, por uma mudança repentina, abrupta e dramática do clima que, rapidamente, dizimaria muitíssimas espécies e colocaria sob grande risco a nossa civilização.
Isso não é uma fantasia sinistra. Já o relatório do IPPC de 2001 acenava para esta eventualidade. O relatório da U.S. National Academy of Sciences de 2002 afirmava “que recentes evidências científicas apontam para a presença de uma acelerada e vasta mudança climática; o novo paradigma de uma abrupta mudança no sistema climático está bem estabelecida pela pesquisa já há 10 anos, no entanto, este conhecimento é pouco difundido e parcamente tomado em conta pelos analistas sociais”. Richard Alley, presidente da U.S. National Academy of Sciences Committee on Abrupt Climate Change com seu grupo comprovou que, ao sair da última idade do gelo, há 11 mil anos, o clima da Terra subiu 9 graus em apenas 10 anos (dados em R.W.Miller, Global Climate Disruption and Social Justice, N.Y 2010). Se isso ocorrer consosco estaríamos enfrentando uma hecatombe ambiental e social de conseqüências dramáticas.
O que está, finalmente, em jogo com a questão climática? Estão em jogo duas práticas em relação à Terra e a seus recursos limitados. Elas fundam duas eras de nossa história: a tecnozóica e a ecozóica.
Na tecnozóica se utiliza um potente instrumental, inventado nos últimos séculos, a tecno-ciência, com a qual se explora de forma sistemática e com cada vez mais rapidez todos os recursos, especialmente em benefício para as minorias mundiais, deixando à margem grande parte da humanidade. Praticamente toda a Terra foi ocupada e explorada. Ela ficou saturada de toxinas, elementos químicos e gases de efeito estufa a ponto de perder sua capacidade de metabolizá-los. O sintoma mais claro desta sua incapacidade é a febre que tomou conta do Planeta.
Na ecozóica se considera a Terra dentro da evolução. Por mais de 13,7 bilhões de anos o universo existe e está em expansão, empurrado pela insondável energia de fundo e pelas quatro interações que sustentam e alimentam cada coisa. Ele constitui um processo unitário, diverso e complexo que produziu as grandes estrelas vermelhas, as galáxias, o nosso Sol, os planetas e nossa Terra. Gerou também as primeiras células vivas, os organismos multicelulares, a proliferação da fauna e da flora, a autoconsciência humana pela qual nos sentimos parte do Todo e responsáveis pelo Planeta. Todo este processo envolve a Terra até o momento atual. Respeitado em sua dinâmica, ele permite a Terra manter sua vitalidade e seu equilíbriio.
O futuro se joga entre aqueles comprometidos com a era tecnozóica com os riscos que encerra e aqueles que assumiram a ecozóica, lutam para manter os ritmos da Terra, produzem e consomem dentro de seus limites e que colocam a perpetuidade e o bem-estar humano e da comunidade terrestre como seu principal interesse.
Se não fizermos esta passagem dificilmente escaparemos do abismo, já cavado lá na frente.
Leonardo Boff – http://leonardoboff.com/
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Uma Abordagem Ética à Proteção Ambiental
26/06/11
A paz e a vida na Terra estão ameaçadas por atividades humanas não compromissadas com valores humanitários. A destruição da natureza e seus recursos é resultado da ignorância, da cobiça e da falta de respeito pelos seres vivos, incluindo nossos próprios descendentes. As gerações futuras herdarão um planeta extremamente degradado, caso a paz mundial não se efetive e a destruição da natureza continue nesse ritmo.
Nossos ancestrais viam a Terra como rica e generosa, o que ela realmente é. Muita gente no passado também via a natureza como inexaurivelmente sustentável. Está comprovado que caso cuidemos bem da Terra, ela pode ser efetivamente uma fonte inesgotável de recursos.
Não é difícil perdoar a destruição causada à Terra no passado, fruto da ignorância. Hoje, contudo, temos fácil acesso a todo o tipo de informação e é essencial que examinemos eticamente o que herdamos, quais são nossas responsabilidades e o que passaremos para as gerações vindouras. Muitas dessas gerações poderão não conhecer habitats, animais, plantas, insetos e microorganismos da Terra. Temos a capacidade e a obrigação de agir e devemos fazê-lo antes que seja tarde demais. O mesmo cuidado que temos em cultivar relações pacíficas com nossos semelhantes, deve ser estendido ao meio ambiente.
E não apenas por uma questão moral ou ética, mas pela nossa própria sobrevivência. Para a geração presente e para as futuras, o meio ambiente é fundamental. Se o explorarmos exaustivamente, podemos receber algum benefício hoje, mas, a longo prazo, sofreremos as conseqüências. Quando o meio ambiente se altera, as condições climáticas também se alteram e, por conseguinte, nossa saúde está sendo muito afetada. Repetindo, a conservação não é meramente uma questão moral, mas sim da nossa própria sobrevivência.
Portanto, para conseguirmos proteção e conservação ambiental mais eficazes, é essencial que o ser humano desenvolva um equilíbrio interno. O desconhecimento em relação à importância da preservação do meio ambiente causou graves danos à humanidade. Precisamos agora ajudar as pessoas a compreenderem a necessidade urgente da proteção ambiental para a nossa sobrevivência.
Se você quer ser egoísta, então seja sábio e não mesquinho em seu egoísmo. A chave está no nosso senso de responsabilidade universal. Essa é a verdadeira fonte de luz, a verdadeira fonte de felicidade. Se esgotarmos tudo o que estiver disponível na Natureza, como árvores, água e sais minerais, e não fizermos um planejamento adequado para as próximas gerações, para o futuro, certamente estaremos em falta. Entretanto, se tivermos um verdadeiro senso de responsabilidade universal como força motriz, nossa relação com o meio ambiente e com nossos vizinhos serão bem mais equilibradas.
Por último, a decisão de salvar o meio ambiente deve brotar do coração do homem. Clamemos a todos para que desenvolvam um senso de responsabilidade universal fundamentado no amor, na compaixão e na clareza de consciência.
Dalai Lama
(Texto extraído da obra A Policy of Kindness, Snow Li
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ENERGIA EÓLICA NO BRASIL
23/06/11
Energia eólica ganha impulso e reforça matriz renovável brasileira
A energia eólica contribui para a manutenção dos altos índices de energias renováveis da matriz energética brasileira.
Investimentos em energia eólica
O Brasil aposta no potencial dos seus ventos para ampliar o leque de opções e garantir a sustentabilidade no fornecimento de energia.
O investimento em energia eólica ganhou força nos últimos dois anos.
Atualmente, a energia eólica no Brasil possui aproximadamente 1,1 GW (gigawatt) de potência instalada, o equivalente a quase uma usina nuclear brasileira (Angra 1 tem 0,65 GW e Angra 2 tem potência de 1,35 GW).
O coordenador de Tecnologia e Inovação em Energia do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Eduardo Soriano, lembra que a primeira turbina eólica para geração de energia elétrica conectada à rede foi instalada na Dinamarca em 1976.
“Hoje existem mais de 30 mil turbinas eólicas no mundo. Elas também começaram a crescer em tamanho. Antes elas cabiam numa sala; hoje os postes que seguram as turbinas podem ter até 120 metros de altura”, observa.
Preço da energia eólica
Apesar do crescimento recente, utilizar o potencial dos ventos ainda é novidade no Brasil. O primeiro leilão de comercialização de energia, voltado exclusivamente para fonte eólica, foi realizado em 2009.
O resultado foi a contratação de 1,8 Gigawatt (GW), distribuídos em 71 empreendimentos de geração eólica em cinco estados das regiões Nordeste e Sul.
Já no leilão de 2010, foram contratadas mais 70 usinas eólicas, com potência total de 2 GW, também distribuídos em vários estados.
Aprovada instalação de mais nove parques eólicos no Brasil
Um dos motivos que estão estimulam o investimento em energia eólica no Brasil é o preço competitivo no mercado em relação às outras energias.
Segundo Eduardo Soriano, as primeiras instalações tinham preços cerca de duas a três vezes maiores na comparação com o custo atual.
“Nos últimos anos, houve leilões específicos para energia eólica. Os primeiros preços beiravam R$ 300,00/megawatts hora. No leilão de 2009 foi em torno R$ 148,00 e no leilão 2010 foi de R$ 130,00. Então se pode ver que houve uma redução de preços da energia eólica no Brasil e ela está entrando de uma forma muito competitiva”, informa o especialista.
Energia eólica ganha impulso e reforça matriz renovável brasileira
Já existem turbinas eólicas inteligentes, capazes de prever o vento, otimizando sua posição e ajustando a inclinação das pás para aproveitar melhor o vento. [Imagem: Risoe]
Energia limpa
Outro ponto favorável à energia eólica é a necessidade de compor matrizes energéticas mais limpas, renováveis e menos poluentes. O Brasil já é um dos países que têm mais energias renováveis na sua matriz energética: em torno de 45% da energia produzida no Brasil vem de fonte renovável, sendo 90% na geração de energia elétrica.
A energia eólica contribui para a manutenção dos altos índices de energias renováveis da matriz energética brasileira, mas na avaliação de Soriano, ela não pode ser encarada com uma solução definitiva e o Brasil não pode desprezar outras opções. Ele alerta que é fundamental para um país não depender de uma só fonte de energia.
“[É necessário] diversificar as fontes. Vamos supor que o vento pare. Não vai ter energia?”, indaga. “Então é preciso ter uma diversificação, um pouco de energia eólica, hidráulica, termonuclear, termelétrica, carvão e óleo. É preciso ter as várias fontes funcionando em conjunto para que se possa ter uma segurança energética”, sustenta.
Por conta da instabilidade dos ventos, a energia eólica compõe o sistema brasileiro de distribuição de energia e não chega a atender uma cidade específica. É conectada às várias linhas de distribuição de energia espalhadas pelas diversas regiões brasileiras.
Além da região Nordeste, os ventos do Sul do país e também do Rio de Janeiro concentram os ventos com potencial para a geração de energia, especialmente, na faixa do litoral. Ao contrário de locais como a Dinamarca, que possui usinas eólicas no mar, no Brasil elas estão instaladas em terra.
Investimento e pesquisa
O investimento governamental também incentiva o crescimento do setor. As primeiras instalações surgiram a partir de um programa do Ministério de Minas e Energia, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), que subsidiou a energia eólica no Brasil, além de outras alternativas como a geração a partir da bioenergia e a energia hidráulica de pequeno porte.
Desde 2002, o MCT investe recursos em pesquisa, principalmente na produção de peças, parques e sistemas para geradores eólicos, tais como: conversores, elementos mecânicos de torres, sistemas de controle, aerogeradores de pequeno porte, pás etc.
Tecnologia nacional cria rotor aerodinâmico para turbinas de energia eólica
Em 2009 e 2010, o ministério implementou editais de subvenção econômica com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), direcionado para empresas, nos quais foram aprovados 14 projetos envolvendo recursos da ordem de R$ 25 milhões (incluindo as contrapartidas empresariais).
Tais investimentos, aliados aos incentivos governamentais para a implantação da energia eólica na matriz energética, têm alavancado no Brasil o mercado de peças e partes, o que está contribuindo com o aumento dos índices de nacionalização dos aerogeradores que estão sendo produzidos no país por diversas empresas. Alguns itens como pás, estão sendo exportados para diversos países do mundo.
Profissionais na área de energia
Agora o grande desafio a ser superado é a falta de mão-de-obra especializada e de laboratórios capacitados. Para isso, o MCT deve lançar, ainda neste ano, um edital, no valor em torno de R$ 15 milhões, para formar recursos humanos de alto nível (pós-graduação, mestrado e doutorado) e criar laboratórios nos diversos estados, com prioridade para os locais com projetos em energia eólica.
Empresários querem centro de pesquisa sobre energia eólica
A carência de profissionais na área de energia é uma situação preocupante na avaliação de Eduardo Soriano. De acordo com ele, está faltando engenheiros e técnicos no mundo inteiro na área de projetos, de implantação e de operação de energia eólica. O que representa uma deficiência que precisa ser suprida para dar suporte a esse crescimento da energia eólica.
“Para ser competitivo, não basta ter só ventos, equipamentos e uma política de implantação de energia eólica. Precisamos ter também recursos humanos e laboratórios pra dar suporte a esse crescimento da energia eólica no Brasil”, reforça Soriano.
http://www.inovacaotecnologica.com.br
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4 MENTIRAS SOBRE O AMBIENTE
13/06/11
A civilização que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento, e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem.
Quatro frases que aumentam o nariz do Pinóquio
1- Somos todos culpados pela ruína do planeta.
A saúde do mundo está feito um caco. “Somos todos responsáveis”, clamam as vozes do alarme universal, e a generalização absolve: se somos todos responsáveis, ninguém é. Como coelhos, reproduzem-se os novos tecnocratas do meio ambiente. É a maior taxa de natalidade do mundo: os experts geram experts e mais experts que se ocupam de envolver o tema com o papel celofane da ambiguidade.
Eles fabricam a brumosa linguagem das exortações ao “sacrifício de todos” nas declarações dos governos e nos solenes acordos internacionais que ninguém cumpre. Estas cataratas de palavras – inundação que ameaça se converter em uma catástrofe ecológica comparável ao buraco na camada de ozônio – não se desencadeiam gratuitamente. A linguagem oficial asfixia a realidade para outorgar impunidade à sociedade de consumo, que é imposta como modelo em nome do desenvolvimento, e às grandes empresas que tiram proveito dele. Mas, as estatísticas confessam.
Os dados ocultos sob o palavreado revelam que 20% da humanidade comete 80% das agressões contra a natureza, crime que os assassinos chamam de suicídio, e é a humanidade inteira que paga as consequências da degradação da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da água, do enlouquecimento do clima e da dilapidação dos recursos naturais não-renováveis. A senhora Harlem Bruntland, que encabeça o governo da Noruega, comprovou recentemente que, se os 7 bilhões de habitantes do planeta consumissem o mesmo que os países desenvolvidos do Ocidente, “faltariam 10 planetas como o nosso para satisfazerem todas as suas necessidades”. Uma experiência impossível.
Mas, os governantes dos países do Sul que prometem o ingresso no Primeiro Mundo, mágico passaporte que nos fará, a todos, ricos e felizes, não deveriam ser só processados por calote. Não estão só pegando em nosso pé, não: esses governantes estão, além disso, cometendo o delito de apologia do crime. Porque este sistema de vida que se oferece como paraíso, fundado na exploração do próximo e na aniquilação da natureza, é o que está fazendo adoecer nosso corpo, está envenenando nossa alma e está deixando-nos sem mundo.
2- É verde aquilo que se pinta de verde.
Agora, os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde, e o Banco Mundial lava sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. “Nas condições de nossos empréstimos há normas ambientais estritas”, esclarece o presidente da suprema instituição bancária do mundo. Somos todos ecologistas, até que alguma medida concreta limite a liberdade de contaminação.
Quando se aprovou, no Parlamento do Uruguai, uma tímida lei de defesa do meio-ambiente, as empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: “os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro.”
O Banco Mundial, ao contrário, é o principal promotor da riqueza, do desenvolvimento e do investimento estrangeiro. Talvez, por reunir tantas virtudes, o Banco manipulará, junto à ONU, o recém-criado Fundo para o Meio-Ambiente Mundial. Este imposto à má consciência vai dispor de pouco dinheiro, 100 vezes menos do que haviam pedido os ecologistas, para financiar projetos que não destruam a natureza. Intenção inatacável, conclusão inevitável: se esses projetos requerem um fundo especial, o Banco Mundial está admitindo, de fato, que todos os seus demais projetos fazem um fraco favor ao meio-ambiente.
O Banco se chama Mundial, da mesma forma que o Fundo Monetário se chama Internacional, mas estes irmãos gêmeos vivem, cobram e decidem em Washington. Quem paga, manda, e a numerosa tecnocracia jamais cospe no prato em que come. Sendo, como é, o principal credor do chamado Terceiro Mundo, o Banco Mundial governa nossos escravizados países que, a título de serviço da dívida, pagam a seus credores externos 250 mil dólares por minuto, e lhes impõe sua política econômica, em função do dinheiro que concede ou promete.
A divinização do mercado, que compra cada vez menos e paga cada vez pior, permite abarrotar de mágicas bugigangas as grandes cidades do sul do mundo, drogadas pela religião do consumo, enquanto os campos se esgotam, poluem-se as águas que os alimentam, e uma crosta seca cobre os desertos que antes foram bosques.
3- Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.
Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas… As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco-92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.
No grande baile de máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.
A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo, onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles. Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil.
Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político.
4- A natureza está fora de nós.
Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu-se de mencionar a natureza. Entre as ordens que nos enviou do Monte Sinai, o Senhor poderia ter acrescentado, por exemplo: “Honrarás a natureza, da qual tu és parte.” Mas, isso não lhe ocorreu. Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado. E merecia castigo.
Segundo as crônicas da Conquista, os índios nômades que usavam cascas para se vestirem jamais esfolavam o tronco inteiro, para não aniquilarem a árvore, e os índios sedentários plantavam cultivos diversos e com períodos de descanso, para não cansarem a terra. A civilização, que vinha impor os devastadores monocultivos de exportação, não podia entender as culturas integradas à natureza, e as confundiu com a vocação demoníaca ou com a ignorância. Para a civilização que diz ser ocidental e cristã, a natureza era uma besta feroz que tinha que ser domada e castigada para que funcionasse como uma máquina, posta a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão.
Muito recentemente, inteiramo-nos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos, e sabemos que, tal como nós, pode morrer.
Eduardo Hughes Galeano, jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História. Sua obra mais famosa é o livro “Veias Abertas da América Latina”
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13/06/11
SEXTA EXTINÇÃO EM MASSA
Estima-se que cerca de 4 bilhões de espécies tenham vivido na Terra. Desse total que evoluiu no planeta nos últimos 3,5 bilhões de anos, nada menos do que 99% deixaram de existir.
O número pode impressionar, mas não envolve nada anormal e demonstra como a extinção de espécies é algo comum e equilibrado pela própria especiação, o processo evolutivo pelo qual as espécies se formam. Eventualmente, esse balanço deixa de existir quando as taxas de extinção se elevam. Em alguns momentos, cinco para ser exato, as taxas são tão altas que o episódio se caracteriza como uma extinção em massa.
Após as extinções em massa nos períodos Ordoviciano, Devoniano, Permiano, Triássico e Cretáceo – quando os dinossauros, entre outros, foram extintos –, cientistas apontam que a Terra pode estar se aproximando de um novo episódio do tipo.
Em artigo publicado na edição desta quinta-feira (3/3) da revista Nature, um grupo de cientistas de instituições dos Estados Unidos levanta a questão de uma eventual sexta extinção em massa. O artigo tem entre seus autores o brasileiro Tiago Quental, que durante a produção do estudo estava no Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia e desde fevereiro é professor doutor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.
“Paleontólogos caracterizam como extinções em massa os episódios em que a Terra perde mais de três quartos de suas espécies em um intervalo geológico curto, como ocorreu apenas cinco vezes nos últimos 540 milhões de anos. Biólogos agora sugerem que uma sexta extinção em massa possa estar ocorrendo, por conta das perdas de espécies conhecidas nos últimos séculos e milênios”, disseram os autores.
O estudo analisou como as diferenças entre dados modernos e obtidos a partir de fósseis e a influência de novas informações paleontológicas influenciam o conhecimento a respeito da crise de extinção atual.
“Os resultados confirmam que as taxas de extinção atuais são mais elevadas do que se esperaria a partir [da análise] dos registros fósseis, destacando a importância de medidas efetivas de conservação”, afirmaram. Como exemplo, citam que, nos últimos 500 anos, das 5,5 mil espécies de mamíferos conhecidas pelo menos 80 deixaram de existir.
“Se olharmos para os animais em perigo crítico de extinção – aqueles em que o risco de extinção é de pelo menos 50% em três gerações ou menos – e assumirmos que seu tempo acabará e que eles sumirão em mil anos, por exemplo, isso nos coloca claramente fora do que poderíamos considerar como normal e nos alerta que estamos nos movendo para o domínio da extinção em massa”, disse Anthony Barnosky, curador do Museu de Paleontologia e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, principal autor do estudo.
“Se as espécies atualmente ameaçadas – aquelas classificadas oficialmente como em risco crítico, em risco ou vulneráveis – realmente se extinguirem, e se essa taxa de extinção continuar, a sexta extinção em massa poderá chegar tão cedo quanto de três a 22 séculos”, disse.
Entretanto, segundo os autores do estudo, não é tarde demais para salvar muitas das espécies em risco de modo a que o mundo não ultrapasse o ponto em retorno rumo à nova extinção em massa.
“Ainda temos muita biota da Terra para salvar. É muito importante que direcionemos recursos e legislação para a conservação de espécies se não quisermos nos tornar a espécie cuja atividade causou uma extinção em massa”, afirmou.
http://agencia.fapesp.br/13539
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Alfabetização Ecológica
12/06/11
O DESAFIO DA EDUCAÇÃO
Desde sua introdução, no começo dos anos 80, o conceito de sustentabilidade tem sido distorcido, cooptado e mesmo banalizado quando usado sem o contexto ecológico que lhe dá o sentido adequado. Portanto, acredito ser importante refletir por um instante sobre o que sustentabilidade realmente significa.
O que é sustentável em uma comunidade sustentável não é o crescimento econômico, o desenvolvimento, a fatia de mercado ou a vantagem competitiva, mas toda a teia da vida, da qual todos nós dependemos. Em outras palavras, uma comunidade sustentável estaria desenhada de uma forma que a sua vida, negócios, economia, estruturas físicas e tecnologias não interferissem na habilidade que a natureza tem de sustentar a vida.
O primeiro passo nessa caminhada, naturalmente, é compreender os princípios de organização que os ecossistemas desenvolveram para sustentar a teia da vida. Essa compreensão é o que eu chamo alfabetização ecológica.
Os ecossistemas do mundo natural são comunidades sustentáveis de plantas, animais e microorganismos. Não há lixo nestas comunidades ecológicas: o resíduo de uma espécie é o alimento da outra. Assim, a matéria percorre um ciclo contínuo na teia da vida. A energia que alimenta os ciclos ecológicos vem do sol, e a diversidade e a cooperação entre os membros das cadeias é a fonte da resistência da comunidade.
O Centro de Alfabetização Ecológica em Berkley dedica-se a adotar a experiência da compreensão do mundo natural na educação fundamental. Ser ecoalfabetizado significa, no nosso ponto de vista, compreender os princípios básicos da ecologia e ser capaz de aplicá-los na vida cotidiana das comunidades humanas. Particularmente, nós acreditamos que os princípios da ecologia devem nos guiar para a criação de comunidades sustentáveis. Em outras palavras a alfabetização ecológica oferece um sistema de conhecimento ecológico para a reforma educacional.
A palavra ecologia, como vocês sabem, veio do grego oikos (casa). Ecologia é o estudo de como a casa Terra funciona. Mais precisamente, é o estudo das relações que interligam todos membros da casa Terra.
Sistemas Vivos
A teoria mais apropriada para a ecologia é a teoria dos sistemas vivos. Esta teoria que hoje está em grande evidência, tem suas raízes em diversos campos científicos que se desenvolveram durante a primeira metade do século – biologia organísmica, psicologia gestalt, ecologia, teoria geral dos sistemas e cibernética.
Em todos estes campos cientistas exploraram sistemas vivos, o que significa integrar partes cujas propriedades não podem ser reduzidas em pequenas partes. Embora nós possamos perceber partes em cada sistema vivo, a natureza do todo é sempre diferente da mera soma das partes.
A teoria dos sistemas envolve uma nova maneira de ver o mundo e uma nova maneira de pensar, conhecida como pensamento sistêmico. Significa pensar em termos de relações, conexões e contextos.
O pensamento sistêmico alcançou um outro nível nos últimos vinte anos com o desenvolvimento de uma nova ciência da complexidade, incluindo toda uma nova linguagem matemática e um novo conjunto de conceitos para descrever a complexidade dos sistemas vivos.
Exemplos destes sistemas são abundantes na natureza. Cada organismo – animal, planta, microorganismo ou ser humano – é um todo integrado, um sistema vivo. Partes de organismos – folhas ou células – são também sistemas vivos. No mundo vivo vemos sistemas abrigando outros sistemas. E sistemas vivos incluem comunidades de organismos. Estes podem ser sistemas sociais – uma família, uma escola, uma cidade – ou ecossistemas.
Os sistemas vivos são todos cujas estruturas específicas surgem das interações e interdependências entre as suas partes. A teoria dos sistemas nos diz que todo sistema vivo divide um conjunto de propriedades comuns e princípios de organização. Isto significa que o pensamento sistêmico pode ser utilizado para integrar disciplinas acadêmicas e descobrir similaridades entre fenômenos de diferentes escalas: a criança, a classe, a escola, o bairro e as comunidades e ecossistemas vizinhos.
Os princípios da ecologia são os princípios de organização que são comuns a todo sistema vivo. Isso poderia ser dito assim: existem diferentes padrões de vida. E de fato, em comunidades humanas eles podem ser chamados princípios de comunidade. É claro que há muitas diferenças entre ecossistemas naturais e comunidades humanas. Não há cultura nos ecossistemas, não há consciência, justiça nem equidade. Então não podemos aprender algo sobre estes valores humanos estudando os ecossistemas naturais. O que nós podemos aprender é como viver de forma sustentável. Em mais de três bilhões de anos de evolução os ecossistemas se organizaram para maximizar a sustentabilidade. Esta sabedoria da natureza é a essência da alfabetização ecológica.
Os princípios da ecologia
Quando o pensamento sistêmico é aplicado ao estudo dos múltiplos relações que interligam os membros da casa-Terra, alguns princípios básicos podem ser reconhecidos. Eles podem ser chamados de princípios da ecologia, princípios de sustentabilidade, ou princípios de comunidade, ou você poderia chamá-los de princípios básicos da vida. Nós necessitamos de um currículo que ensine às nossas crianças esses princípios fundamentais da vida:
• que um ecossistema não produz lixo, o lixo de uma espécie é o alimento da outra;
• que a matéria cicla continuamente através da teia da vida;
• que a energia que alimenta os ciclos ecológicos vem do sol;
• que a diversidade assegura a sobrevivência;
• que a vida, desde o seu começo há mais de três bilhões de anos atrás, não expandiu-se pelo planeta através da competição, mas através da cooperação, parceria e trabalho em rede.
Ensinar conhecimento ecológico, que é também sabedoria ancestral, será o papel mais importante da educação no próximo século.
Fritjof Capra
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Uma nova ciência: Análise do Ciclo de Vida (ACV)
11/06/11
A busca de um bem viver mais generalizado e o cuidado para com a situação global da Terra está aprofundando cada vez mais a nossa consciência ecológica. Agora impõe-se analisar o rastro de carbono, de toxinas, de químicas pesadas, presentes nos produtos industriais que usamos no nosso dia-a-dia. Desta preocupação está nascendo uma verdadeira ciência nova que vem sob o nome de ACV: Análise do Ciclo de Vida. Monitoram-se os impactos sobre a biosfera, sobre a sociedade e sobre a saúde em cada etapa do produto, começando pela sua extração, sua produção, sua distribuição, seu consumo e seu descarte.
Demos um exemplo: na confecção de um vaso de vidro de um kg entram, espantosamente, 659 ingredientes diferentes nas várias etapas até a sua produção final. Quais deles nos são prejudiciais? A Analise do Ciclo de Vida visa a identificá-los. Ela se aplica também aos produtos ditos verdes ou ecologicamente limpos. A maioria é apenas verde no fim ou limpos só na sua utilização terminal como é o caso do etanol. Sendo realistas, devemos admitir que toda a produção industrial deixa sempre um rastro de toxinas, por mínimo que seja. Nada é totalmente verde ou limpo. Apenas relativamente ecoamigável. Isso nos foi detalhado por Daniel Goleman, com seu recente livro Inteligência ecológica (Campus 2009).
O ideal seria que em cada produto, junto com a referência de seus nutrientes, gorduras e vitaminas, deveria haver a indicação dos impactos negativos sobre a saúde, a sociedade e o ambiente. Isso vem sendo feito nos EUA por uma instituição Good Guide, acessível pelo celular, que estabelece uma tríplice qualificação: verde, para produtos relativamente puros, amarelo se contém elementos prejudiciais mas não graves, e vermelho, desaconselhável por seu rastro ecológico negativo. Agora inverteram-se os papéis: não é mais o vendedor mas o comprador que estabelece os critérios para a compra ou para o consumo de determinado produto.
O modo de produção está mudando e nosso cérebro não teve tempo suficiente ainda acompanhar essa transformação. Ele possui uma espécie de radar interno que nos avisa quando ameaças e perigos se avizinham. Os cheiros, as cores, os gostos e os sons nos advertem se os produtos estão estragados ou se são saudáveis, se um animal nos ataca ou não.
Ocorre que o nosso cérebro não registra ainda mudanças ecológicas sutis, nem detecta partículas químicas disseminadas no ar e que nos podem envenenar. Introduzimos já 104 mil compostos químicos artificiais pela biotecnologia e pela nanotecnologia. Com o recurso da Análise do Ciclo de Vida constatamos o quanto estas substâncias químicas sintéticas, por exemplo, fazem diminuir o numero de espermatozóides masculinos a ponto de gerar infertilidade em milhões de homens com foi comprovado por T.Colborn no livro O futuro roubado (1997).
Não se pode continuar dizendo: as mudanças ecológicas só serão boas se não afetarem os custos e os rendimentos. Esta mentalidade é atrasada e alienada pois não se dá conta das mudanças havidas na consciência. O mantra das novas empresas é agora:”quanto mais sustentável, melhor; quanto mais saudável, melhor; quanto mais ecoamigável, melhor”.
A inteligência ecológica se acrescentará a outros tipos de inteligência, esta agora mais necessária do que nunca antes.
Leonardo Boff
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Superplásticos naturais
16/05/11
Por Elton Alisson
De resíduos agroindustriais saem fibras que poderão dar origem a uma nova geração de superplásticos. Mais leves, resistentes e ecologicamente corretos do que os polímeros convencionais utilizados industrialmente, as alternativas vêm sendo pesquisadas pelo grupo coordenado pelo professor Alcides Lopes Leão na Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Botucatu.
Obtidas de resíduos de cultivares como o curauá (Ananas erectifolius) – planta amazônica da mesma família do abacaxi –, além da banana, casca de coco, sisal, o próprio abacaxi, madeira e resíduos da fabricação de celulose, as fibras naturais começaram a ser estudadas em escalas de centímetros e milímetros pelo professor Lopes Leão e colegas no início da década de 1990.
Ao testá-las nos últimos dois anos em escala nanométrica (da bilionésima parte do metro), os pesquisadores descobriram que as fibras apresentam resistência similar às fibras de carbono e de vidro. E, por isso, podem substituí-las como matérias-primas para a fabricação de plásticos. O resultado são materiais mais fortes e duráveis e com a vantagem de, diferentemente dos plásticos convencionais originados do petróleo e de gás natural, serem totalmente renováveis.
“As propriedades mecânicas dessas fibras em escala nanométrica aumentam enormemente. A peça feita com esse tipo de material se torna 30 vezes mais leve e entre três e quatro vezes mais resistente”, disse Lopes Leão à Agência FAPESP.
Em testes realizados pelo grupo por meio de um acordo de pesquisa com a Braskem, em que foi adicionado 0,2% de nanofibra ao polipropileno fabricado pela empresa, o material apresentou aumento de resistência de mais de 50%.
Já em ensaios realizados com plástico injetável utilizado na fabricação de para-choques, painéis internos e laterais e protetor de cárter de automóveis, em que foi adicionado entre 0,2% e 1,2% de nanofibras, as peças apresentaram maior resistência e leveza do que as encontradas no mercado atualmente, segundo o cientista.
“Em todas as peças utilizadas pela indústria automobilística à base de polipropileno injetado nós substituímos a fibra de vidro pela nanocelulose e obtivemos melhora das propriedades”, afirmou.
Além do aumento na segurança, os plásticos feitos de nanofibras possibilitam reduzir o peso do veículo e aumentar a economia de combustível. Também apresentam maior resistência a danos causados pelo calor e por derramamento de líquidos, como a gasolina.
“Por enquanto, estamos focando a aplicação das nanofibras na substituição dos plásticos automotivos. Mas, no futuro, poderemos substituir peças que hoje são feitas de aço ou alumínio por esses materiais”, disse Lopes Leão.
Por meio de um projeto apoiado por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) da FAPESP, a fibra de curauá passou a ser utilizada no teto, na parte interna das portas e na tampa de compartimento da bagagem dos automóveis Fox e Polo, fabricados pela Volkswagen.
Outras indústrias automobilísticas já manifestaram interesse pela tecnologia, segundo Lopes Leão. Entre elas está uma empresa indiana, cujo nome não foi revelado, que tomou conhecimento da pesquisa após ela ser apresentada no 241º Encontro e Exposição Nacional da Sociedade Norte-Americana de Química (ACS, na sigla em inglês), que ocorreu no final de março em Anaheim, nos Estados Unidos.
Fibras mais promissoras
Segundo o coordenador da pesquisa, além da indústria automobilística as nanofibras podem ser aplicadas em outros setores, como o de materiais médicos e odontológicos.
Em um projeto realizado em parceria com a Faculdade de Odontologia da Unesp de Araraquara, os pesquisadores pretendem substituir o titânio utilizado na fabricação de pinos metálicos para implantes dentários pelas nanofibras.
Em outro projeto desenvolvido com a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, o grupo utiliza as nanofibras para desenvolver membranas de celulose bacteriana vegetal.
Em testes de biocompatibilidade in vivo, realizados com ratos, os animais sobreviveram por seis meses com o material. “Nenhuma pesquisa do tipo tinha conseguido atingir, até então, esse resultado”, afirmou Lopes Leão.
Por meio de outros projetos financiados pela FAPESP, o grupo da Unesp também está estudando a utilização de fibras naturais para o desenvolvimento de compósitos reforçados e para o tratamento de águas poluídas por óleo.
De acordo com o coordenador, entre as fibras de plantas, as do abacaxi são as que apresentam maior resistência e vocação para serem utilizadas na fabricação de bioplásticos.
Dos materiais, o mais promissor é o lodo da celulose de papel, um resíduo do processo de fabricação que as indústrias costumam descartar em enormes quantidades e com grandes custos financeiros e ambientais em aterros sanitários.
Para utilizar esse resíduo como fonte de nanofibras, Lopes Leão pretende iniciar um projeto de pesquisa com a fabricante de papel Fibria em que o lodo da celulose produzido pela empresa seria transformado em um produto comercial. “É muito mais simples extrair as nanofibras desse material do que da madeira, porque ele já está limpo e tratado pelas fábricas de papel”, disse.
Para preparar as nanofibras, os cientistas desenvolveram um método em que colocam as folhas e caules de abacaxi ou das demais plantas em um equipamento parecido com uma panela de pressão.
O “molho” resultado dessa mistura é formado por um conjunto de compostos químicos e o cozimento é feito em vários ciclos, até produzir um material fino, parecido com o talco. Um quilograma do material pode produzir 100 quilogramas de plásticos leves e super-reforçados.
Agência FAPESP – http://agencia.fapesp.br/13725
