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Águas Residuais – Relatório UNESCO 2017
04/05/17
O que aconteceria se considerássemos a grande quantidade de água residual doméstica, agrícola e industrial despejada no meio ambiente todos os dias como um recurso valioso ao invés de um dispendioso problema? Essa é a mudança de paradigma defendida pelo Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, “Águas residuais: o recurso inexplorado”.
O Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (WWDR, sigla em inglês) é um Relatório do UN Water (ONU Água, em tradução livre) coordenado pelo Programa Mundial das Nações Unidas para Avaliação dos Recursos Hídricos, liderado pela UNESCO. O Relatório argumenta que, uma vez tratadas, as águas residuais poderiam se tornar fontes importantes para satisfazer a crescente demanda por água doce e outras matérias-primas.
“As águas residuais são um recurso valioso em um mundo no qual a água é finita e a demanda é crescente”, disse Guy Ryder, presidente do UN Water e diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Todos podem fazer a sua parte para alcançar a meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para reduzir pela metade a proporção de águas residuais não tratadas e aumentar a reutilização de água potável até 2030. Tudo gira em torno de gerir e reutilizar cuidadosamente a água que passa pelas nossas casas, fábricas, fazendas e cidades. Vamos todos reduzir e reutilizar com segurança as águas residuais para que este recurso precioso atenda às necessidades de populações cada vez maiores em um ecossistema frágil”.
“O Relatório Mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos de 2017 mostra que uma melhor gestão das águas residuais está atrelada tanto à redução da poluição na fonte quanto à remoção de contaminantes dos fluxos de águas residuais, à reutilização da água reciclada e à recuperação de subprodutos úteis. […] Aumentar a aceitação social acerca do uso de águas residuais é essencial para avançarmos”, argumenta a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, em seu prefácio no Relatório.
Uma preocupação de saúde e meio ambiente
Uma grande proporção de água residual ainda é liberada no meio ambiente sem ser coletada ou tratada. Isso é ainda mais presente em países de baixa renda, que, em média, tratam apenas 8% das águas residuais domésticas e industriais, em comparação com a taxa de 70% observada nos países de renda alta. Como resultado, em muitas regiões do mundo, águas contaminadas por bactérias, nitratos, fosfatos e solventes são despejadas em rios e lagos que desaguam nos oceanos, trazendo consequências negativas para o meio ambiente e para a saúde pública.
O volume de água residual a ser tratada aumentará consideravelmente em um futuro próximo, especialmente em cidades de países em desenvolvimento com populações que crescem rapidamente. “A geração de águas residuais é um dos maiores desafios associados ao crescimento de assentamentos informais (favelas) no mundo em desenvolvimento”, afirmam os autores do Relatório. Uma cidade como Lagos (Nigéria) gera 1,5 milhão de metros cúbicos de águas residuais por dia, sendo que a maior parte acaba sendo despejada sem tratamento na Lagoa de Lagos. A menos que providências sejam tomadas agora, é provável que essa situação se deteriore ainda mais uma vez que a população da cidade pode ultrapassar 23 milhões de pessoas até 2020.
A poluição causada por agentes patogênicos de excrementos humanos e de animais afeta quase um terço dos rios da América Latina, Ásia e África, colocando em risco as vidas de milhões de pessoas. Em 2012, 842 mil mortes em países de renda baixa e média estiveram ligadas à água contaminada e serviços sanitários inadequados. A falta de tratamento também contribui para a propagação de algumas doenças tropicais como a dengue e a cólera.
Solventes e hidrocarbonetos produzidos por atividades industriais e de mineração, bem como a descarga de nutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) da agricultura intensiva aceleram a eutrofização da água potável e dos ecossistemas costeiros e marinhos. Estima-se que 245 mil km² de ecossistemas marinhos – aproximadamente o tamanho do Reino Unido – são atualmente afetados por esse fenômeno. O despejo de águas residuais não tratadas também estimula a proliferação de algas tóxicas e contribui para o declínio da biodiversidade.
A crescente consciência sobre a presença de poluentes como hormônios, antibióticos, esteroides e suspensivos endócrinos em águas residuais apresenta um novo conjunto de desafios, uma vez que seus impactos no meio ambiente e na saúde ainda precisam ser totalmente compreendidos.
A poluição reduz ainda mais a disponibilidade de abastecimento de água potável, que já está sob estresse, principalmente por causa das mudanças climáticas. No entanto, a maioria dos governos e dos tomadores de decisão têm se preocupado mais com os desafios da oferta de água, especialmente quando ela se torna escassa, enquanto ignoram a necessidade de tratar a água após ter sido utilizada. Coleta, tratamento e uso seguro das águas residuais constituem o alicerce de uma economia circular, equilibrando o desenvolvimento econômico com o uso sustentável dos recursos. A água reciclada é um recurso amplamente sub explorado, que pode ser reutilizado diversas vezes.
Do esgoto para a torneira
As águas residuais são mais comumente utilizadas para a irrigação agrícola e pelo menos 50 países em todo o mundo são conhecidos por utilizarem águas residuais para esse propósito, representando cerca de 10% de todas as terras irrigadas. Contudo, os dados ainda são incompletos em muitas regiões, principalmente na África.
Porém essa prática levanta preocupações de saúde quando a água contém patogênicos que podem contaminar as culturas. Dessa forma, o desafio é passar de uma irrigação informal para um uso planejado e seguro, como a Jordânia tem feito desde 1977, sendo que 90% das suas águas residuais tratadas são utilizadas para a irrigação.
Na indústria, grandes quantidades de água podem ser reutilizadas, para aquecimento e resfriamento, por exemplo, ao invés de serem descartadas no meio ambiente. Até 2020, estima-se que o mercado para o tratamento de águas residuais nas indústrias aumentará em 50%.
Águas residuais tratadas também podem servir para aumentar o abastecimento de água potável, embora ainda seja uma prática marginal. Windhoek, a capital da Namíbia, vem fazendo isso desde 1969. Para combater a recorrente escassez de água doce, a cidade criou uma infraestrutura para tratar até 35% das águas residuais, que depois são utilizadas para complementar as reservas de água potável. Os habitantes de Cingapura e San Diego (EUA) também bebem, com segurança, água que foi reciclada.
Essa prática pode encontrar resistência do público, que pode se sentir desconfortável com a ideia de beber ou utilizar água que uma vez foi considerada suja. A falta de apoio do público levou ao fracasso de um projeto de reutilização de água para irrigação e piscicultura no Egito na década de 1990. Campanhas de conscientização podem ajudar a conquistar aceitação do público para esse tipo de prática remetendo a exemplos bem-sucedidos, como o dos astronautas da Estação Espacial Internacional que têm reutilizado a mesma água reciclada há mais de 16 anos.
Águas residuais e lodo como fontes de matérias-primas
Além de fornecer uma fonte alternativa segura para água doce, as águas residuais também podem ser vistas como uma fonte potencial de matérias-primas. Graças aos avanços em técnicas de tratamento, certos nutrientes, como fósforo e nitratos, podem agora ser recuperados a partir de esgotos e lodos e transformados em fertilizantes. Estima-se que 22% da demanda global por fósforo, um recurso mineral finito e em esgotamento, poderia ser atendida pelo tratamento da urina e de excrementos humanos. Alguns países, como a Suíça, já aprovaram uma legislação que exige a recuperação de determinados nutrientes como o fósforo.
As substâncias orgânicas contidas nas águas residuais poderiam ser utilizadas para a produção de biogás, o que poderia ajudar a aumentar as instalações de tratamento de águas residuais, permitindo que elas deixem de ser grandes consumidoras de energia e adquiram neutralidade energética, ou até mesmo passem a ser produtoras de energia. No Japão, o governo estabeleceu uma meta que estipula a recuperação de 30% da energia de biomassa existente em águas residuais até 2020. Todo ano, a cidade de Osaka produz 6,5 mil toneladas de combustíveis biossólidos a partir de 43 mil toneladas de lodo de esgoto.
Essas tecnologias não precisam ficar fora do alcance de países em desenvolvimento, uma vez que as soluções de tratamento de baixo custo já permitem a extração de energia e de nutrientes. Elas podem ainda não permitir a recuperação direta de água potável, mas podem produzir água viável e segura para outros usos, como a irrigação. E as vendas de matérias-primas derivadas das águas residuais podem fornecer rendas adicionais para ajudar a cobrir os custos de investimento e operacionais do tratamento de água residual.
Atualmente, 2,4 bilhões de pessoas ainda não têm acesso a instalações sanitárias melhoradas. Reduzir esse número, de acordo com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 6 da Agenda 2030 da ONU, sobre água e saneamento, significará despejar ainda mais águas residuais que terão de ser tratadas de forma acessível.
Fonte: UNESCO
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Mobilidade Urbana
03/12/16
Documento organizado em quatro partes. Após a apresentação, a segunda parte reúne conceitos e entendimentos sobre mobilidade, em especial, os reflexos decorrentes das transformações urbanas, em grande parte, provocadas pelas mudanças na economia e nas formas de produção das últimas décadas.
Constam ainda dessa parte considerações referentes às condições atuais de mobilidade, particularmente observadas nos grandes centros de países emergentes.
Em seguida, o documento discute os eixos centrais para a efetivação da desejada mobilidade urbana sustentável – notadamente o planejamento setorial e as concepções de rede de transporte público; o financiamento da mobilidade; a eficiência de gestão do sistema de mobilidade urbana, controle e transparência; e o sistema de mobilidade como suporte para o desenvolvimento sustentável. São esses os eixos em torno dos quais as políticas públicas de mobilidade deverão tecer suas discussões e formulações de alternativas em contextos diversos.
Por fim, discutem-se as barreiras e as dificuldades para a implantação de política sustentável de mobilidade urbana, que não se restringem às evidentes questões tecnológicas, pois, em grande parte, já dispõem de solução, mas às barreiras econômicas, sociais e mesmo culturais que deverão se integrar com as temáticas de desenvolvimento urbano e de cidades sustentáveis.
http://www.mma.gov.br/
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Cartilha Agricultura Sustentável
17/10/16
As discussões sobre os impactos ambientais e sociais da agricultura convencional, em meados dos anos 80, juntaram-se às questões ambientais globais (destruição de fl orestas, chuvas ácidas, acidentes ambientais, efeito estufa), saindo do ambiente agronômico e das instituições e atingindo os consumidores. Preocupados com a qualidade dos produtos que estão ingerindo e os danos ambientais causados pelo modelo convencional agrícola, os consumidores passaram a interferir no sistema de produção, por meio da demanda por produtos saudáveis, que fossem produzidos respeitando o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores. Surgiu, então, o termo “agricultura sustentável”. Neste contexto, o Relatório de Brundtland foi fundamental para que o conceito de sustentabilidade, antes restrito a outros ramos da economia, fosse estendido para a agricultura. Também intitulado “Nosso Futuro Comum”, foi elaborado em 1987 pela CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes.
http://www.ambiente.sp.gov.br/publicacoes
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Cartilha Habitação Sustentável
17/10/16
A construção civil brasileira consome atualmente algo em torno de 40% dos recursos naturais extraídos e é responsável pela geração de, aproximadamente, 60% de todo o resíduo sólido urbano, além de utilizar madeira em larga escala, sendo esta, muitas vezes, extraída de mata nativa, sem a observância de critérios técnicos e legais. Apesar do surgimento de diversas iniciativas voltadas à inclusão de critérios sociais e ambientais no setor da construção civil, dentre os quais a certificação de origem dos recursos, verifica-se que os mecanismos propostos para a adequação dos processos ainda vêm sendo utilizados de forma incipiente.
Fonte: http://www.ambiente.sp.gov.br/publicacoes
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BIO Sanitário Compostável a Seco
27/06/16
A saúde e a manutenção da qualidade de vida nos ecossistemas da terra dependem do funcionamento sustentável dos organismos que nela habitam. Incluindo as edificações, que como os seres vivos, possuem suas funções excretoras com geração de esgotos e dejetos, que podem ser substituídas por produção de húmus e alimento, através da consciência ecológica e do uso de técnicas como o Banheiro Seco. Para dar destino ao esgoto negro (aquele que contem fezes) o melhor a se fazer é ter um Banheiro Compostável a Seco, no qual utilizamos na descarga, matéria orgânica seca (serragem, folha secas ou terra) ao invés de água. Além de não utilizar água na descarga e não necessitar de rede de esgoto, esses sanitários são mais higiênicos e ecológicos que as fossas comuns, pois não despejam dejetos no meio ambiente poluindo o solo, os mananciais de água subterrânea e os nossos córregos, rios e mares.
Agradecemos Flávio Duarte por autorizar a publicação da apostila em nosso blog.
Fonte: http://www.biohabitate.com.br/
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GoSol
23/03/16
Medidas sustentáveis são, mais do que nunca, muito bem vindas. Uma delas é o painel solar, adereço eficaz para aquecer água e cozinhar. Alternativa que ajuda a diminuir danos ao meio ambiente e favorece àqueles que não possuem acesso à energia elétrica. A organização GoSol propõe a democratização desses painéis pelo mundo.
Uma ação promovida pela GoSol em abril deste ano desenvolveu e compartilhou manuais de construção de painéis solares, através do uso de matéria prima local, a fim de promover energia para quem precisa e quem mais se interessar, de residências a instalações comerciais. “Nossa missão é erradicar a pobreza energética e minimizar os danos das mudanças climáticas através da tecnologia Faça Você Mesmo, quebrando barreiras para o acesso à energia solar”, informa o site da companhia.
Essa ação permitiu que a GoSol criasse uma campanha chamada Free The Sun, para arrecadar fundos e distribuir materiais para a construção de painéis e difundir a técnica que permite a todos o acesso à energia de forma autônoma. Em fase de captação de verba primeiramente nos EUA, a campanha espera ganhar forças para chegar em diversos locais do mundo.
Saiba mais sobre as possibilidades dessa proposta no vídeo abaixo e no site da GoSol.
Confira o vídeo deles e coloque a mão na massa para construir sua própria fonte de energia limpa:
Fonte: http://www.hypeness.com.br/ e http://www.gosol.org/FreeTheSun
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Bacia de Evapotranspiração
28/10/15
A Bacia de Evapotranspiração, conhecida popularmente como “fossa de bananeiras”, é um sistema fechado de tratamento de água negra, aquela usada na descarga de sanitários convencionais. Este sistema não gera nenhum efluente e evita a poluição do solo, das águas superficiais e do lençol freático. Nele os resíduos humanos são transformados em nutrientes para plantas e a água só sai por evaporação, portanto completamente limpa.
Pré-requisito para o uso da BET é a separação da água servida na casa, em cinza e negra. A água negra, a que sai dos sanitários, deve ir para a BET. A água cinza, aquela que sai da máquina de lavar, pias e chuveiros, deve ir para outro sistema de tratamento como um círculo de bananeiras.
1. Fermentação: A água negra é decomposta pelo processo de fermentação realizado pelas bactérias na câmara bio-séptica de pneus e nos espaços criados entre as pedras e tijolos colocados ao lado da câmara.
2. Segurança: Os patógenos são enclausurados no sistema, porque não há como garantir sua eliminação completa. Isto é realizado graças ao fato da bacia ser fechada, sem saídas. A bacia necessita ter espaços livres para o volume total de água e resíduos humanos recebidos durante um dia. A bacia deve ser construída com uma técnica que evite as infiltrações e vazamentos.
3. Percolação: Como a água está presa na bacia ela percola de baixo para cima e com isso, depois de separada dos resíduos humanos, vai passando pelas camadas de brita, areia e solo, chegando até as raízes das plantas, 99% limpas.
4. Evapotranspiração: Na minha maneira de ver, este é o principal princípio da BET, pois graças a ele é possível o tratamento final da água, que só sai do sistema em forma de vapor, sem nenhum contaminante. A evapotranspiração é realizada pelas plantas, principalmente as de folhas largas como as bananeiras, mamoeiros, caetés, taioba, etc. que, além disso, consomem os nutrientes em seu processo de crescimento, permitindo que a bacia nunca encha.
5. Manejo: Primeiro (obrigatório), a cobertura vegetal morta deve ser sempre completada com as próprias folhas que caem das plantas e os caules das bananeiras depois de colhidos os frutos. E se necessário, deve ser complementada com as aparas de podas de gramas e outras plantas do jardim, para que a chuva não entre na bacia.
Segundo (opcional), de tempos em tempos deve-se observar os dutos de inspeção e coletar amostras de água para exames. E observar a caixa de extravase, para ver se o dimensionamento foi correto. Essa caixa só deve existir se for exigido em áreas urbanas pela prefeitura para a ligação do sistema com o canal pluvial ou de esgoto.
PASSO-A-PASSO:
1- Em relação ao sol! Como a evapotranspiração depende da incidência do sol, a bacia deve ser orientada para a face norte (no hemisfério sul) e sem obstáculos como árvores altas próximos à bacia, tanto para não fazer sombra como para permitir a ventilação.
2 – Dimensionamento! Observa-se que 2 metros cúbicos de bacia para cada morador é o suficiente para que o sistema funcione sem extravasamentos. A forma de dimensionamento da bacia é: largura de 2m e profundidade de 1m. O comprimento é igual ao número de moradores usuais da casa. Para uma casa com cinco moradores, a dimensão fica assim: (LxPxC) 2x1x5 = 10 m3.
3 – Pode-se construir a bacia visando a economia sem descuidar da segurança, o método mais indicado de construção das paredes e do fundo é o FERROCIMENTO. As paredes ficam mais leves, levando menos materiais. O ferrocimento é uma técnica de construção com grade de ferro e tela de “viveiro” coberta com argamassa. A argamassa da parede deve ser de duas (2) partes de areia (lavada média) por uma (1) parte cimento e argamassa do piso deve ser de duas (3) partes de areia (lavada) por uma (1) parte cimento. Pode-se usar uma camada de concreto sob (embaixo) o piso caso o solo não seja muito firme.
4 – Câmara anaeróbia! Depois de pronta a bacia e assegurada sua impermeabilidade, mantendo-a úmida por três dias, vem a construção da câmara que é super facilitada com o uso de pneus usados e o entulho da obra. Como mostra a foto abaixo, a câmara é composta do duto de pneus e de tijolos (bem queimados) inteiros alinhados ou cacos de tijolos, telhas e pedras, colocados até a altura dos pneus. Isto cria um ambiente com espaço livre para a água e beneficia a proliferação de bactérias que quebrarão os sólidos em moléculas de micronutrientes.
5 – Dutos de inspeção! Neste ponto pode-se iniciar a fixação dos 3 dutos de 50mm de diâmetro, conforme os desenhos acima, para a inspeção e coletas de amostras de água.
6 – Camadas de materiais! Como a altura dos pneus é de cerca de 55cm, que juntamente com a colmeia de tijolos de cada lado vão formar a primeira camada (mais baixa) de preenchimento da bacia (câmara), irão restar ainda 45 cm em média para completar a altura da BET e mais 4 camadas de materiais.
A segunda camada é a de brita (+/- 10 cm). Nesse ponto eu tenho usado uma manta de Bidim para evitar que a areia desça e feche os espaços da brita. A terceira é a da areia (+/- 10 cm). E a quarta é a do solo (+/- 25 cm) que vai até o limite superior da bacia. Procure usar um solo rico em matéria orgânica e mais arenoso do que argiloso. A última camada é a palha que fica acima do nível da BET.
7 – Proteção! Como a bacia não tem tampa, para evitar o alagamento pela chuva, ela deve ser coberta com palhas. Todas as folhas que caem das plantas e as aparas de gramas e podas, são colocadas sobre a bacia para formar um colchão por onde a água da chuva escorre para fora do sistema. E para evitar a entrada da água que escorre pelo solo, é colocada uma fiada de tijolos ou blocos de concreto, ao redor da bacia para que ela fique mais alta que o nível do terreno.
8 – Plantio! Por último, deve-se plantar espécies de folhas largas como mamoeiro (4), bananeiras (2), taiobas, caetés, etc. As bananeiras podem ser plantadas de diversas maneiras. Mas eu prefiro usar o rizoma inteiro ou uma cunha (parte de um rizoma) com uma gema visível. Após fazer os buracos (no mínimo 30x30x30 cm) deve-se enchê-las com bastante matéria orgânica (palhas, folhas, etc.) misturada com terra. O rizoma deve ficar há uns 10 cm, em média, abaixo do nível do solo. Quando plantada a partir de mudas posicione-os inclinados para fora, isso facilitará a colheita e o manejo das bananeiras.
F onte: http://www.setelombas.com.br/2010/10/bacia-de-evapotranspiracao-bet/
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Estado do Mundo 2015
25/04/15
A publicação “Estado do Mundo 2015” foi lançada em Washington, nos Estados Unidos em Abril de 2015. Trata-se de uma coletânea de artigos que todos os anos é lançada pela Worldwatch Institute (WWI), uma organização sem fins lucrativos especializada em fazer pesquisas sobre energia e recursos ambientais.
Na lista das “ameaças ocultas” certamente está o crescimento econômico no velho estilo “business as usual” que Michael Renner, pesquisador sênior do WWI, traduz em números, resultado de extensa pesquisa feita por ele:
“Os humanos usaram dez vezes mais energia durante o século XX do que eles tinham usado nos últimos mil anos. A extração de carvão saltou de dez milhões de toneladas em 1800 para 762 milhões de toneladas em 1900. Alcançou 4,7 milhões somente em 2000 e pulou para quase 7,9 milhões em 2013. A produção de petróleo começou somente no século XIX, mas cresceu rapidamente de 20 milhões de toneladas em 1900 para 3,2 milhões em 2000 e 4,1 milhões em 2013 – um aumento de 207 vezes desde 1900.
Em 1940, o mundo usou cerca de 4 milhões de toneladas de fertilizantes. Este número chegou a 137 milhões no ano 2000 e deu um salto até 2013, quando foram utilizados cerca de 179 milhões de toneladas de fertilizantes. Em 1900 a frota automobilística mundial era de cerca de 25 mil carros e esse número já passava de um milhão em 1910 mas, em 1960, havia cem milhões de carros circulando pelas estradas, número que chegou a 1 bilhão em 2013”, relata Renner.
Está certo que os fertilizantes ajudaram a alimentar mais gente, que o carvão aqueceu muitas casas e que os automóveis foram uma ajuda e tanto para a mobilidade do homem. Mas todos esses dispositivos que a humanidade foi criando para se manter no planeta obedecendo a uma ordem de mais e mais conforto é que agora estão apresentando a conta, segundo Renner. São as ameaças ocultas do nosso modus vivendi. O pesquisador toma como certo, indiscutível, o estudo dos cientistas do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), que imputa à humanidade o aquecimento global e consequentes reviravoltas do clima.
Como sempre acontece com artigos sobre sustentabilidade que trazem mensagens pouco otimistas, este também apresenta no final uma possibilidade de esperança. Renner lembra que o desafio para a humanidade hoje não é o mesmo que enfrentamos nas décadas de 60 e 70, no desenvolvimento de tecnologias de redução da poluição e diminuição do nível de desperdício dos recursos. Isso foi feito, de uma forma ou de outra. O que se precisa agora, afirma o autor, é “adotar soluções que mudem todo o sistema de produção e consumo de maneira fundamental e ter clarividência para reconhecer as ameaças ocultas à sustentabilidade”.
Estado do Mundo 2015 – http://www.wwiuma.org.br/ESTADO_DO_MUNDO_2015.pdf
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PANORAMA BIODIVERSIDADE GLOBAL
22/04/15
A comunidade internacional está cada vez mais consciente do elo entre biodiversidade e desenvolvimento sustentável. Um número cada vez maior de pessoas começa a perceber que a variedade da vida nesse planeta, seus ecossistemas e seus impactos formam a base de nossa riqueza compartilhada, nossa saúde e nosso bem-estar comum. Essa tendência positiva precisa ser expandida como parte de nossos esforços para reagir às preocupantes evidências de perda da biodiversidade, algo cujo impacto incide principalmente sobre os pobres, mas que afeta todas as sociedades e economias. Durante os primeiros anos da Década da Biodiversidade das Nações Unidas 2011-2020, as Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica fizeram grandes avanços ao abordar a perda. Ainda assim, é preciso fazer muito mais para alcançar as Metas de Biodiversidade de Aichi.
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Tornando nosso ambiente construído mais sustentável
18/06/14
De autoria do norte-americano Greg Kats, uma das maiores autoridades da atualidade no estudo dos aspectos econômicos relacionados ao ciclo de vida de empreendimentos imobiliários sustentáveis, a obra busca desmistificar percepções erradas como a de que o custo adicional das construções ambientalmente corretas pode chegar a 17%.
“Está se tornando arriscado não construir prédios sustentáveis. Nos EUA, 50% dos prédios públicos construídos são verdes. A construção de edifícios sustentáveis, que são mais eficientes, saudáveis e que oferecem mais qualidade, pode transformar o Brasil”, afirmou Kats, por meio de videoconferência.
O tão discutido custo adicional é superado em quatro vezes pelos benefícios diretos (economia de água e energia, saúde, etc.) proporcionados aos ocupantes da edificação.
Nas escolas verdes pesquisadas, houve incremento de 3% na produtividade, aprendizado e performance e redução de 3% no turnover de professores, 15% em pessoas com resfriado e gripe e 25% em asma. Já nos edifícios comerciais, os ganhos foram na valorização dos imóveis: a taxa de ocupação é 5% maior, o ganho com aluguel cresce 35% e o valor do imóvel aumenta em 64%, em comparação com os convencionais.
Qualidade da informação e metodologia adotada na pesquisa realizada pelo autor do livro foram destacadas por Rafael Tello, pesquisador da Fundação Dom Cabral. “Precisamos de informações para dar sentido à construção sustentável. O livro serve de parâmetro para Brasil”, afirmou.
Ele elogiou a transparência com que as informações são mostradas na obra de Kats. “Se a construção sustentável traz benefícios, é necessário quebrar barreiras para ser mais adotada. É possível ter empreendimentos sem custo adicional. Basta escolher os requisitos”, acrescentou. Em concordância com Tello, Greg Kats adicionou que “construções que não são sustentáveis estão ultrapassadas”.
