Pesquisa e Inovação
Relatório Brundtland – Nosso Futuro Comum
20/10/11
Em 1983 foi criada pela Assembléia Geral da ONU, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD, que foi presidida por Gro Harlem Brundtland à época primeira-ministra da Noruega e Mansour Khalid, daí o nome final do documento. A comissão foi criada em 1983, após uma avaliação dos 10 anos da Conferência de Estocolmo, com o objetivo de promover audiências em todo o mundo e produzir um resultado formal das discussões.
O trabalho surgido dessa Comissão, em 1987, o documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum) ou, como é bastante conhecido, Relatório Brundtland, apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento, definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. É a partir daí que o conceito de desenvolvimento sustentável passa a ficar conhecido.
Elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Relatório Brundtland aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo, trazendo à tona mais uma vez a necessidade de uma nova relação “ser humano-meio ambiente”. Ao mesmo tempo, esse modelo não sugere a estagnação do crescimento econômico, mas sim essa conciliação com as questões ambientais e sociais.
O documento enfatizou problemas ambientais, como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio (conceitos novos para a época), e expressou preocupação em relação ao fato de a velocidade das mudanças estar excedendo a capacidade das disciplinas científicas e de nossas habilidades de avaliar e propor soluções.
Entre as medidas apontadas pelo relatório, constam soluções, como:
• diminuição do consumo de energia;
• o desenvolvimento de tecnologias para uso de fontes energéticas renováveis e o aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
• limitação do crescimento populacional;
• garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo;
• preservação da biodiversidade e dos ecossistemas;
• diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis;
• aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas;
• controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores;
• atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia).
Em âmbito internacional, as metas propostas são:
• adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento);
• proteção dos ecossistemas supra-nacionais como a Antártica, oceanos, etc, pela comunidade internacional;
• banimento das guerras;
• implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente adequado de desenvolvimento sustentável são:
• uso de novos materiais na construção;
• reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais;
• aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica;
• reciclagem de materiais reaproveitáveis;
• consumo racional de água e de alimentos;
• redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos.
A médica norueguesa Gro Harlem Brundtland, que à frente da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas coordenou a elaboração do documento, diz que a humanidade está avançando. Mas ainda está longe de fazer o que é necessário e a realidade impõe, de maneira contundente, a cooperação internacional.
“Em um mundo globalizado, estamos todos interconectados. Os ricos estão vulneráveis às ameaças contra os pobres e os fortes, vulneráveis aos perigos que atingem os fracos”.
Nesse cenário, ela preconiza o estabelecimento de um novo consenso de segurança.
“Não haverá paz global sem direitos humanos, desenvolvimento sustentável e redução das distâncias entre os ricos e os pobres. Nosso Futuro Comum depende do entendimento e do senso de responsabilidade em relação ao direito de oportunidade para todos“.
Leia o documento completo “Nosso Futuro comum” no link abaixo:
https://ambiente.files.wordpress.com/2011/03/brundtland-report-our-common-future.pdf
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Declaração de Estocolmo – 1972
20/10/11
Em 1972 foi realizada, em Estocolmo, na Suécia, a primeira Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Meio Ambiente (United Nations Conference on the Human Environment). Essa conferência chamou a atenção do planeta para as ações humanas que estavam provocando uma séria destruição da natureza e gerando graves riscos para a sobrevivência da humanidade.
A Conferência de Estocolmo reuniu representantes de 113 países, 250 ONGs (organizações não-governamentais) e órgãos ligados à ONU. Ao final do encontro foi divulgada uma declaração de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam conduzir as decisões em relação às questões ambientais. Outra consequência foi a elaboração de um Plano de Ação, que convocava toda a comunidade internacional a contribuir na busca de soluções para uma diversidade de problemas de cunho ambiental.
O documento inclui um número de princípios destinados às necessidades especiais dos estados do Terceiro Mundo, demandando “a transferência de quantidades substanciais de assistência financeira e tecnológica para os estados em desenvolvimento”, para superar as “deficiências ambientais geradas pelas condições de subdesenvolvimento” e “preservar e melhorar o meio ambiente”.
Princípios da Declaração de Estocolmo
1. Os direitos humanos devem ser defendidos; e o colonialismo deve ser condenado
2. Os recursos naturais devem ser preservados
3. A capacidade da Terra de produzir recursos renováveis deve ser mantida
4. A fauna e a flora silvestres devem ser preservadas
5. Os recursos não-renováveis devem ser compartilhados, não esgotados
6. A poluição não deve exceder a capacidade do meio ambiente de neutralizá-la
7. A poluição danosa aos oceanos deve ser evitada
8. O desenvolvimento é necessário à melhoria do meio ambiente
9. Os países em desenvolvimento requerem ajuda
10. Os países em desenvolvimento necessitam de preços justos para as suas exportações, para que realizem a gestão do meio ambiente
11. As políticas ambientais não devem comprometer o desenvolvimento
12. Os países em desenvolvimento necessitam de recursos para desenvolver medidas de proteção ambiental
13. É necessário estabelecer um planejamento integrado para o desenvolvimento
14. Um planejamento racional deve resolver conflitos entre meio ambiente e desenvolvimento
15. Assentamentos humanos devem ser planejados de forma a eliminar problemas ambientais
16. Os governos devem planejar suas próprias políticas populacionais de maneira adequada
17. As instituições nacionais devem planejar o desenvolvimento dos recursos naturais dos Estados
18. A ciência e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio ambiente
19. A educação ambiental é essencial
20. Deve-se promover pesquisas ambientais, principalmente em países em desenvolvimento
21. Os Estados podem explorar seus recursos como quiserem, desde que não causem danos a outros
22. Os Estados que sofrerem danos dessa forma devem ser indenizados
23. Cada país deve estabelecer suas próprias normas
24. Deve haver cooperação emquestões internacionais
25. Organizações internacionais devem ajudar a melhorar o meio ambiente
26. Armas de destruição em massa devem ser eliminadas apartheid
Fonte: Clarke e Timberlake, 1982
“3 -O homem carece constantemente de somar experiências para prosseguir descobrindo, inventando, criando, progredindo. Em nossos dias sua capacidade de transformar o mundo que o cerca, se usada de modo adequado, pode dar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e o ensejo de aprimorar a qualidade da vida. Aplicada errada ou inconsideradamente, tal faculdade pode causar danos incalculáveis aos seres humanos e ao seu meio ambiente. Aí estão, à nossa volta, os males crescentes produzidos pelo homem em diferentes regiões da Terra: perigosos índices de poluição na água, no ar, na terra e nos seres vivos; distúrbios grandes e indesejáveis no equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e exaustão de recursos insubstituíveis; e enormes deficiências, prejudiciais à saúde física, mental e social do homem, no meio ambiente criado pelo homem, especialmente no seu ambiente de vida e de trabalho.”
Leia o documento no link abaixo:
Declaração de Estocolmo
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SUSTENTABILIDADE – quando surgiu essa “idéia”?
18/10/11
Alguns autores, consideram a publicação, em 1962, do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson, como o começo das discussões internacionais sobre o meio ambiente. Outra influência nas discussões ocorreu, em 1968, em Paris, com a Conferência Intergovernamental de Especialistas sobre as Bases Científicas para Uso e Conservação Racionais dos Recursos da Biosfera, conhecida como Conferência da Biosfera, que foi organizada pela UNESCO. Esta conferência também muito importante foi direcionada somente para os aspectos científicos da conservação da biosfera e pesquisas em Ecologia.
Um dos documentos mais importantes, em termos de repercussão entre os cientistas e os governantes foi o Relatório Meadows, conhecido como Relatório do Clube de Roma.
Clube de Roma
O Clube de Roma nasceu em abril de 1968, quando um pequeno grupo de líderes da academia, indústria, diplomacia e sociedade civil se reuniu num pequeno vilarejo em Roma, Itália. Sua preocupação era identificar os maiores problemas perante o globo, e o grupo desenvolveu um conceito chamado World Problematique.
O Clube de Roma conseguiu a contratação de uma notável equipe multi-disciplinar do Instituto de Tecnologia de Massachusetts – conhecido por sua sigla, MIT – para fazer um estudo sobre o crescimento econômico dentro dos padrões de consumo que caracterizavam as nações mais industrializadas. O Clube de Roma e o MIT anteciparam-se largamente à tal da globalização. A Fundação Volkswagen pagou o trabalho da equipe do MIT, liderada por Dennis Meadows e envolvendo outros 16 cientistas de diversas nacionalidades.
O resultado desses estudos foi publicado em 1972 com o título de “Limites para o Crescimento”.
“Limites para o Crescimento” foi fruto de uma sofisticada avaliação computacional das possibilidades e consequências do crescimento populacional e da evolução da demanda e da oferta de matérias-primas e energia. Os autores postularam a necessidade de mudanças profundas nos padrões de desenvolvimento para evitar que fosse ultrapassada a capacidade de sustentação do planeta Terra, algo que, então, parecia distante. No estudo, fazendo uma projeção para cem anos apontou-se que, para atingir a estabilidade econômica e respeitar a finitude dos recursos naturais é necessário congelar o crescimento da população global e do capital industrial.
Detectaram que os maiores problemas eram: industrialização acelerada, rápido crescimento demográfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos não renováveis, deterioração do meio ambiente. Tinham uma visão ecocentrica e definiam que o grande problema estava na pressão da população sobre o meio ambiente.
O relatório teve repercussão internacional, principalmente, no direcionamento do debate caloroso que ocorreu, no mesmo ano de 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo, que, oportunamente, irei contar.
De maneira sucinta, apontaram alguns fatores que poderão conduzir a uma crise mundial jamais vista:
1. Se as atuais tendências de crescimento da população mundial industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta serão alcançados algum dia dentro dos próximos cem anos. O resultado mais provável será um declínio súbito e incontrolável, tanto da população quanto da capacidade industrial.
2. É possível modificar estas tendências de crescimento e formar uma condição de estabilidade ecológica e econômica que se possa manter até um futuro remoto. O estado de equilíbrio global poderá ser planejado de tal modo que as necessidades materiais básicas de cada pessoa na Terra sejam satisfeitas, e que cada pessoa tenha igual oportunidade de realizar seu potencial humano individual.
3. Se a população do mundo decidir empenhar-se em obter este segundo resultado, em vez de lutar pelo primeiro, quanto mais cedo ela começar a trabalhar para alcançá-lo, maiores serão suas possibilidades de êxito.
A partir daí vários outros relatórios foram elaborados todos com o mesmo fundamento: preservar o meio ambiente. Para isso havia a necessidade de se alterar o padrão desenvolvimentista.
• Relatório do Clube de Roma: Limites do Crescimento (1968);
• Declaração de Estocolmo (1972);
• Relatório de Bruntland: Nosso Futuro Comum (1987);
• Declaração do Rio (1992);
• Agenda 21 (1992).
Visite também – http://www.clubofrome.org/
Na próxima matéria abordaremos um pouco a Declaração de Estocolmo.
Sugerimos aos nossos amigos que leiam todos os documentos, para que o conceito de sustentabilidade seja muito mais que jeito “fashion” de enxergar a nossa época.
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CASA PET – UFSC
17/10/11
A CASA PET é a possibilidade concreta de gerar casas pré-fabricadas através da reciclagem de garrafas plásticas. As paredes da casa são formadas por painéis modulares que incorporam as garrafas plásticas no seu interior, melhorando o desempenho térmico, dimuindo o seu peso e conferindo maior espessura da parede e rigidez ao conjunto. Utiliza garrafas vazias, cujo material é abundante e de grande durabilidade, estimula a coleta seletiva e diminui a sua presença em lixões e aterros sanitários, fator problemático nas grandes cidades.
fig.1 – Colocação das garrafas no molde
fig.2 – Concretagem dos painéis
O objetivo é apresentar o desenvolvimento da tecnologia de fabricação de painéis com garrafas de Polímero Termoplástico (PET) recicladas. As paredes da casa são formadas por painéis modulares que incorporam as garrafas plásticas no seu interior, melhorando o desempenho térmico, diminuindo seu peso, conferindo maior espessura da parede e rigidez ao conjunto. Este processo utiliza as garrafas plásticas vazias, cujo material é abundante e de grande durabilidade, atuando como elemento estimulador para a coleta seletiva contribuindo para reduzir sua presença em lixões e aterros sanitários, e desta forma, diminuindo o impacto ambiental nas grandes cidades.
O projeto busca proporcionar flexibilidade compositiva à casa, de modo que seja possível sua montagem com elementos pré-fabricados e também permitindo sua ampliação futura, sem necessidade de desocupação da casa.
Para a fabricação do páinel parede com garrafas plásticas é necessária a combinação de unidades de garrafa, para obter o formato e as dimensões finais projetadas. A fabricação do molde pode ser executada com diversos materiais e a classificação, corte, limpeza e preparo das garrafas plásticas, podem ser realizados por uma pessoa devidamente treinada.
fig.3 – Colocação de tubos e eletrodutos.
fig.4 – Possibilidade de execução de painel curvo
A fabricação dos painéis de paredes portantes é feita em moldes de madeira, fibra de vidro ou chapa de aço, dependendo da escala de produção. Os painéis são formados por colunas verticais com garrafas PET cortadas e encaixadas, reforçadas com treliça de aço plana em seu perímetro e revestidas nas duas faces com argamassa de cimento e areia. A cobertura também pode ser fabricada com painéis planos ou curvos, executados com o mesmo sistema construtivo. Neste trabalho buscou-se a racionalização do projeto de habitação térrea para a construção de um protótipo embrião de 39m², tendo dois dormitórios e com possibilidade de ampliações utilizando o mesmo sistema construtivo sem a retirada dos moradores.
Para a caracterização da resistência e comportamento em serviço do sistema, foram fabricados seis painéis com garrafas plásticas. Os ensaios foram realizados no Laboratório de estruturas do Departamento de Engenharia Civil da UFSC, sendo eles: enasios de impacto de corpo duro e corpo mole, e ensaio de ruptura à compressão dos painéis em posição vertical.
fig. 5 – Desmoldagem dos painéis
Os resultados demonstraram uma adequação do sistema construtivo para a construção de uma edificação térrea em função de sua capacidade portante e da resistência satisfatória do impacto de corpo mole.
http://www.labsisco.ufsc.br/casa_pet.html
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Como Construir um Biodigestor de Baixo Custo
16/10/11
Este video, filmado por Común Tierra (www.comuntierra.org) no Ecocentro Tierra del Sol, México mostra a construção de um Biodigestor de baixo custo.
www.comuntierra.org
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Manual de Conforto Ambiental
06/10/11
Agradecemos à profa. Dra. Lucila Chebel Labaki e profa. Dra. Doris Catharine Cornelie Knatz Kowaltowski do Departamento de Arquitetura e Construção da FEC UNICAMP, por autorizarem a publicação do Manual de Conforto Ambiental para utilização dos nossos leitores e amigos.
Agradecemos também a arquiteta Carla Matheus, por trabalhar nos arquivos e possibilitar a publicação.
Esperamos que este material seja útil a educadores e amigos.
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Tintas para telhados brancos – escolha corretamente
02/10/11
Telhados brancos podem esquentar, e não esfriar
A pintura de todos os telhados da cidade de São Paulo de branco pode provocar o efeito contrário daquele que se espera.
Os defensores da medida pretendem, entre outros objetivos, minimizar a absorção de calor e, consequentemente, reduzir o consumo de energia com o uso de ventiladores e ar-condicionado e reduzir o efeito de ilha de calor urbana.
Um Projeto de Lei a respeito já foi aprovado em primeira votação na Câmara Municipal de São Paulo no fim de 2010.
Cultivo de microorganismos
Mas o tiro pode sair pela culatra porque as tintas imobiliárias comuns, à base de água, são muito suscetíveis à colonização por fungos filamentosos, conhecidos como mofo ou bolor, assim como algas e cianobactérias.
Esses microorganismos causam o escurecimento de telhados e, consequentemente, o aumento da temperatura interna e do consumo de energia dos imóveis.
E se essas tintas forem aplicadas diretamente nos telhados, sem a completa remoção dos fungos do local, esses microrganismos poderão crescer de forma muito mais acelerada entre as camadas de tinta.
É o que apontam estudos realizados no Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Biodeterioração
Nos últimos anos, um grupo da instituição iniciou as primeiras pesquisas no Brasil sobre biodeterioração – a deterioração de materiais de construção civil por fungos demáceos (que possuem melanina na parede celular) e microrganismos fototróficos.
Os microrganismos fototróficos que utilizam luz como fonte de energia e produzem pigmentos que causam o escurecimento em ambientes internos e externos dos imóveis, como o telhado e a fachada, deixando-os com a aparência de “chapas de raio X” de edifícios.
A partir de 2007, o grupo começou a estudar a ação desses microrganismos em tintas expostas em diferentes regiões climáticas do Brasil em um laboratório de microbiologia aplicada à ciência dos materiais de construção.
Os testes em laboratório demonstraram que os biocidas (fungicidas) presentes na formulação das tintas para conferir proteção do produto à ação dos fungos são lixiviados (removidos) pela água.
Colonização microbiana das tintas
Já estudos realizados em estações de pesquisa em São Paulo, no Pará e no Rio Grande do Sul revelaram que o clima e as condições ambientais influenciam a velocidade da colonização microbiana em tintas.
Embora as tintas em Belém tenham ficado mais escuras pela colonização por organismos fototróficos, as utilizadas em São Paulo foram mais colonizadas pelos fungos.
“É preciso realizar mais pesquisas sobre a durabilidade das tintas desenvolvidas para aplicação em telhados antes de implementar qualquer lei. Porque, com o tempo, sabemos que haverá crescimento microbiano e o escurecimento dos telhados, e isso acarretará mais gastos de repintura e o aumento de lixiviação do biocida das tintas”, disse a pesquisadora coordenadora do projeto, Márcia Aiko Shirakawa.
Telhados reflexivos
A pesquisadora ressalva que não há necessidade de o telhado ser da cor branca. Produtos de outras cores podem ser reflexivos e superfícies metálicas também podem ajudar.
Para minimizar os efeitos dos microrganismos sobre as tintas, de acordo com Shirakawa, são necessárias formulações especiais.
Uma alternativa é o uso de tintas inorgânicas autolimpantes, com nanopartículas de dióxido de titânio, que possuem capacidade de fotocatálise (aceleramento de uma reação por luz ultravioleta), impedindo a colonização microbiana.
Porém, também é necessário estudar a eficiência desses novos materiais e suas suscetibilidades à colonização por microrganismos em condições de clima tropical, como o do Brasil.
“Temos outro projeto, também apoiado pela FAPESP, que está sendo realizado no departamento para estudar a formulação dessas novas tintas que aumentam a refletância e diminuem o consumo de energia e que não precisam, necessariamente, ser branca”, disse Shirakawa.
Biocalcificação
Além de tintas, os microrganismos também atuam sobre outros tipos de materiais de construção civil porosos, como concreto, argamassa e fibrocimento contendo fibras orgânicas, utilizados para fabricação de telhas em substituição ao amianto.
Com o objetivo de inibir essa ação deletéria dos microrganismos e de poluentes atmosféricos, cientistas na Europa iniciaram pesquisas sobre a utilização de alguns grupos de microrganismos para proteger os materiais de construção por meio de um processo denominado biocalcificação.
O processo consiste na formação de uma camada de carbonato de cálcio, induzida por microrganismos, dentro da estrutura de poros da superfície de materiais cimentícios, para diminuir a permeabilidade do produto e a biodeterioração.
Na Europa, segundo Shirakawa, a nova técnica já foi utilizada em países como a França, para a restauração de edifícios históricos.
Bactérias ureolíticas
No Brasil, os pesquisadores da Poli estão estudando em parceria com cientistas do exterior a aplicação da tecnologia pela primeira vez em fibrocimento, para proteger as telhas à base do material da ação dos microrganismos e reduzir o escurecimento superficial por fungos, e em bioconsolidação de solos.
Em vez de cimento, os pesquisadores utilizaram bactérias ureolíticas, que induzem a precipitação de carbonato de cálcio, para cimentar grãos de areia e melhorar a estabilização de solos. Como isso, seria possível prevenir a erosão e aumentar a estabilidade de encostas.
“Estamos avaliando a durabilidade das camadas de carbonato de cálcio expostas às intempéries naturais, porque também não sabemos a eficiência dele ao longo do tempo”, ressaltou Shirakawa.
Agência FAPESP
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MIT mostra primeiro protótipo de casa de US$1.000
16/09/11
O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (em inglês, Massachusetts Institute of Technology, MIT) é um centro universitário de educação e pesquisa privado localizado em Cambridge, Massachusetts, nos Estados Unidos.
O MIT é um dos líderes mundiais em ciência e tecnologia, bem como outros campos, como administração, economia, linguística, ciência política e filosofia. Dentre seus preeminentes departamentos e escolas, destacam-se: Sloan School of Management, Lincoln Laboratory, Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory, Media Lab e Whitehead Institute.
Dentre os professores e ex-alunos do MIT estão incluídos vários políticos, executivos, escritores, astronautas, cientistas e inventores preeminentes. Até 2006, sessenta e um membros ou ex-membros da comunidade do MIT haviam recebido o Prêmio Nobel.
Centro do MIT para Imóveis
MIT fundou o Center for Real Estate em 1983 para melhorar a qualidade do ambiente construído e promover a prática profissional mais bem informadas do setor imobiliário global.
Educar os homens e mulheres cujas inovações servirá a indústria em todo o mundo, estamos em casa para o Mestre primeiro ano de sempre uma da Ciência para o Desenvolvimento Imobiliário (MSRED) grau, bem como um conjunto integrado de cursos de desenvolvimento profissional.
Nossa pesquisa pioneira investiga a transação imobiliária desde o conceito inicial à realidade do mercado, proporcionando conhecimento da descoberta que ajuda as organizações a capitalizar em mercados dinâmicos de hoje e tecnologias.
Unir líderes da indústria com os pesquisadores do MIT e os alunos, a nossa indústria seletiva avanços programa de parceria a arte e a ciência de imóveis internacionais, e faz a ponte entre teoria e prática.
As estruturas construídas pelo setor imobiliário abrangem mais de um terço da riqueza tangível do mundo, e são responsáveis por mais de um terço do consumo mundial de energia e as emissões de CO2. Para a indústria para manter sua liderança responsável na comunidade global, que deve incentivar uma cultura de sustentabilidade e inovação que atenda aos desafios de um mundo cada vez mais interligado.
“Casa 1K”
Um grupo de arquitetos do MIT, nos Estados Unidos, decidiu tentar uma alternativa bem mais acessível: construir uma casa inteira por US$1.000.
Agora eles apresentaram o primeiro protótipo da sua chamada “Casa 1K”, voltada para atender às necessidades de moradia das regiões mais pobres do mundo.
“É parte da responsabilidade de um arquiteto criar esses espaços para as pessoas viverem. É com o coração que fazemos isso,” disse Ying Chui, a idealizadora dessa primeira versão do projeto.
Casa modular
A casa possui paredes de tijolo oco com barras de aço para reforço e vigas de madeira, e foi projetada para resistir a um terremoto de magnitude 8,0.
Ela tem uma estrutura modular, com unidades idênticas em torno de uma sala retangular central.
“O módulo pode ser duplicado e rotacionado, e então torna-se uma casa,” explica Chui. “A construção é muito fácil porque, se você sabe como construir um único módulo, então você sabe construir a casa inteira.”
Uma casa para cada criança
O protótipo ainda não alcançou o objetivo – ele custou US$5.925, mas já é bastante barato em comparação com várias alternativas.
Seu custo foi mais alto em parte porque a casa saiu maior do que o proposto inicialmente para o projeto Casa 1K – cerca de 75 metros quadrados, em vez dos 46 metros quadrados propostos.
Segundo Chui, a versão menor da casa poderia ser construída por cerca de US$ 4.000. Esse valor poderia ser ainda menor se um grande número de casas fossem construídas ao mesmo tempo, segundo ela.
A ideia de tentar construir casas por US$1.000 é de Tony Ciochetti, que afirma ter-se inspirado no programa One Laptop Per Child, a fundação liderada pelo também professor do MIT, Nicholas Negroponte, que fornece computadores de baixo custo para crianças.
http://www.centerforrealestate.com
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Vidro inteligente reage a variação no clima
13/09/11
Durante o inverno, o vidro funciona como um bloqueador térmico, evitando que o calor interno da casa ou do edifício escape. No verão ele faz o oposto. [Imagem: Zhang et al.]
Inteligência vítrea
Engenheiros da China e dos Estados Unidos criaram um novo vidro inteligente que é capaz de reagir de acordo com a temperatura ambiente.
Durante o inverno, o vidro funciona como um bloqueador térmico, evitando que o calor interno da casa ou do edifício escape.
Durante o verão, o vidro reflete a radiação infravermelha, evitando o aquecimento do ambiente interno.
E tudo de forma automática, sem qualquer atuação externa – a “inteligência” é embutida no vidro.
Janelas inteligentes
O Dr. Zhong Lin Wang, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, tem um longo histórico de trabalho com materiais piezoelétricos e nanogeradores.
Agora ele usou sua experiência com óxidos e cerâmicas para criar um material composto por várias camadas que se mostrou uma solução promissora para a criação das janelas inteligentes.
O material primário é o dióxido de vanádio (VO2), que muda de um estado transparente em baixas temperaturas – permitindo que a radiação infravermelha passe – para um estado semi-transparente em altas temperaturas – deixando a radiação infravermelha do lado de fora.
Mesmo no seu estado semi-transparente, o material deixa a luz visível passar, mostrando a seletividade desejada quando o assunto é lidar com o calor – por isso ele é chamado de material termocrômico.
Cristalinidade
Mas o VO2 tem lá seus problemas: ele não é um bom isolante térmico e só pode ser produzido em temperaturas muito altas.
Entra em cena uma camada de óxido de estanho (SnO2) dopada com pequenas quantidades de flúor, criando um composto conhecido como FTO (iniciais dos elementos em inglês: Fluorine, Tin, Oxygen).
A camada de FTO melhora a cristalinidade da película de dióxido de vanádio e baixa sua temperatura de síntese para algo em torno de 390°C.
Finalmente é adicionada ao vidro uma camada anti-reflexiva de óxido de titânio (TiO2).
“Nossos resultados demonstram uma nova abordagem na combinação do termocromismo e da baixa emissividade para aplicações tais como janelas que permitam a economia de energia,” escrevem os pesquisadores.
Bibliografia:
Solution-based fabrication of vanadium dioxide on F:SnO2 substrates with largely enhanced thermochromism and low-emissivity for energy-saving applications
Zongtao Zhang, Yanfeng Gao, Hongjie Luo, Litao Kang, Zhang Chen, Jing Du, Minoru, Kanehira, Yuzhi Zhang, Zhong Lin Wang
Energy & Environmental Science
08 Sep 2011
Vol.: First published on the web
DOI: 10.1039/c1ee02092g
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USP cria fibrocimento mais resistente usando polpa de bambu
11/09/11
Placa de fibrocimento reforçada com polpa organossolve de bambu, que mostrou alta resistência e padrão de absorção de água melhor que o exigido pela legislação.[Imagem: Ag.USP]
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma nova técnica para usar o bambu como matéria-prima para a produção de materiais de fibrocimento.
Até há poucos anos, telhas e caixas d’água, entre vários outros produtos, eram fabricados usando fibras de amianto, um material carcinogênico que vem sendo banido mundialmente.
Organossolve
Viviane da Costa Correa e Holmer Savastano Junior demonstraram que é possível obter a polpa de bambu pelo método organossolve, uma técnica que utiliza reagentes orgânicos para retirar a lignina, um dos componentes do bambu.
A técnica tem a vantagem adicional de facilitar a recuperação dos solventes utilizados no processo, um elemento importante para a viabilização econômica e para evitar a geração de poluentes.
Viviane explica que a obtenção da polpa geralmente é feita por um processo denominado kraft, utilizado em larga escala industrial para a fabricação de papel a partir da madeira.
No processo kraft, são utilizadas diversas substâncias químicas que separam os seus componentes, como a lignina e a celulose.
No processo organossolve para obtenção da polpa de bambu, são utilizados solventes orgânicos, basicamente etanol e água, bem menos poluentes que os agentes químicos do processo kraft.
Vantagens do bambu
Uma das linhas de pesquisa do Laboratório de Construções & Ambiência, em Pirassununga (SP), envolve a adição, na matriz cimentícia, de fibras residuais da agroindústria, como bagaço de cana-de-açúcar e resíduo da produção de sisal, visando a produção de telhas e fibrocimento.
“Neste estudo utilizamos o bambu, porque ele apresenta a vantagem de ter um crescimento mais rápido que a madeira e suas fibras são bem resistentes”, conta Viviane, que utilizou a espécie Bambusa tuldoides.
A polpa obtida pode ser adicionada diretamente à matriz de cimento, dando uma maior resistência às placas de fibrocimento, inibindo a propagação de fissuras e proporcionando uma maior absorção de impactos em relação à matriz sem fibras.
“Uma das constatações do estudo é a viabilidade do método organossolve para obtenção da polpa de bambu. Ele poderia ser usado por pequenos produtores para produções em baixa escala e a lignina extraída poderia ser comercializada,” diz Viviane.
Outra vantagem do processo organossolve é a menor emissão de enxofre no ambiente.
Resistência e absorção de água
A segunda etapa do estudo avaliou a adição da polpa de bambu à matriz de cimento, em diferentes proporções, visando a fabricação de placas de fibrocimento.
A adição foi realizada na proporção de 6, 8, 10 e 12% de teores em massa seca, em relação à matriz cimentícia.
“Os testes que realizamos mostraram que a adição de 8% de polpa de bambu apresentou os melhores resultados,” conta Viviane.
A pesquisadora comenta ainda que, nos testes de absorção de água, as placas de cimento reforçadas com polpa de bambu apresentaram um percentual máximo de 26%. “A norma para fibrocimento estabelece 37% como limite máximo de absorção, mostrando mais uma vantagem do produto.”
A linha de pesquisas da USP que busca alternativas ao amianto já rendeu diversos produtos, entre os quais fibrocimentos à base de bagaço de cana, subprodutos da siderurgia e outros inspirado em vários materiais naturais.
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