Arquitetura Sustentável
Announcement: Projeto RECRIAR
17/07/10
A casa é o segundo útero e o Planeta Terra é nossa Grande Mãe, por isso cuidar da casa e do Planeta é fundamental para a sobrevivência da nossa espécie.
O homem é coautor da Grande Obra da Vida, construída a cada segundo, com os sonhos, gestos, intenções, ideias, erros, acertos, buscas, certezas… e, principalmente, com a infinita criatividade para recriar o mundo, todos os dias.
Nosso projeto aposta na capacidade que cada ser humano tem de sonhar juntos e criar instrumentos para construção de um mundo melhor.
Por onde começar?
Que tal cuidando do nosso Lar?
No Brasil, de acordo com o Ministério das Cidades (Fonte: <www.cidades.gov.br>), o déficit habitacional para a população de baixa renda é estimado hoje em 7,223 milhões de moradias, ou seja, a população com renda média familiar mensal até três salários mínimos.
A indústria da construção civil poderia suprir esse déficit, mas qual seria o custo ambiental dessa obra?
“As atividades relacionadas à construção civil são as maiores responsáveis pela degradação ambiental, que ocorrem por meio do consumo excessivo de recursos naturais, pela demanda por matéria prima industrializada e pela geração de resíduos. O setor é atualmente um dos maiores causadores de impactos ambientais, consome 75% dos recursos naturais extraídos, gera 80 milhões de toneladas de resíduos por ano e, devido à queima de combustíveis fósseis, sua cadeia produtiva contribui de forma significativa para a emissão de gases de efeito estufa (GEE), como o CO2. Também responde por 40% do consumo mundial de energia e por 16% da água utilizada no mundo.”
Como solucionar esse problema?
Construir casas populares sustentáveis seria um bom começo.
Mas o que é uma casa popular sustentável?
São casas projetadas com materiais de construção e tecnologias sustentáveis de baixo custo, que possibilitem:
• coleta e reutilização de água da chuva para descarga do vaso sanitário e irrigação do jardim
• materiais de construção naturais, recicláveis e de fontes renováveis, que produzam menor impacto ambiental, disponíveis localmente;
• tratamento local de esgoto doméstico;
• desenvolvimento de projeto que possibilite a auto construção ou a construção através de sistemas de mutirão;
• sistema de aquecimento de água por painéis solares
• acessibilidade universal – todos os espaços de passagem, assim como o banheiro, projetados com espaçamentos
adequados para a movimentação independente de idosos e deficientes físicos.
O resultado para o planeta será:
• menor impacto ambiental;
• redução do consumo de energia;
• redução do consumo de água;
• melhoria do conforto térmico;
• redução e minimização de resíduos;
• saneamento eficiente;
• paisagismo produtivo.
A teoria é perfeita, mas como transformar isso em realidade?
Aprendendo e Fazendo!
Etapa II
Projeto CENTRO TECNOLÓGICO RECRIAR
- PRINCIPAIS QUESTÕES E PROBLEMAS A SEREM TRABALHADOS NO PROJETO
Hoje a palavra sustentabilidade não se refere apenas a um estilo de vida, mas a única saída para a sobrevivência da nossa civilização. O conceito de desenvolvimento sustentável implica em buscar soluções viáveis, que minimizem os impactos ambientais e maximizem os resultados sociais.
O PROJETO CENTRO TECNOLÓGICO RECRIAR é uma tentativa de inserir a construção sustentável em quatro justificativas importantes, dentre as muitas possíveis, que são: a justificativa social, justificativa ambiental, justificativa econômica e a justificativa tecnológica.
Nossa meta é pesquisar materiais, tecnologia e sistemas construtivos para construir uma casa popular, sustentável com R$ 8.000,00 e ensinar a fazer isso.
Essa pesquisa, capacitação, monitoramento dos protótipos só pode ser realizado em um espaço com infraestrutura para isso.
Essa meta abre um leque imenso de problemas e possíveis soluções, entre eles:
– Déficit habitacional – a comunidade aprende a construir a própria casa e os materiais que serão utilizados na construção; isso diminui drasticamente o custo final da obra e gera possibilidade de negócio para a comunidade, uma vez que eles poderão produzir os elementos (blocos, telhas, etc.) em escala industrial e comercializar.
– Degradação Ambiental – produzir elementos a partir de reciclagem e reutilização de resíduos descartados pela construção civil, como gesso, entulhos, madeira, etc.; ou resíduos gerados pela indústria em geral e lixo doméstico. Assim, os resíduos sólidos são gerados em cada etapa do processo em que as matérias-primas são convertidas em bens de consumo. A partir desta análise, concluem que a melhor maneira de reduzir a quantidade de resíduos sólidos é limitar o consumo de matérias-primas e incrementar as taxas de recuperação e reuso ou de reutilização dos resíduos produzidos.
– Falta de mão-de-obra qualificada na construção civil – capacitar o jovem para construção sustentável, produção de equipamentos de tecnologia limpa de baixo custo, materiais de construção ecológicos ou sustentáveis e técnicas alternativas de construção.
“De acordo com o estudo The world at work: Jobs, pay, and skills for 3.5 billion people (“O mundo do trabalho: empregos, salários e habilidades para 3,5 bilhões de pessoas”), divulgado pelo Instituto Global McKinsey. Ao analisar 70 países que, juntos, representam 96% do PIB e 87% da população mundiais, o estudo revelou que a falta de profissionais altamente qualificados, com Ensino Superior e especializações, provocará uma guerra mundial por talentos – serão 40 milhões de profissionais a menos do que o necessário. Países da África subsaariana e sul asiático não vão encontrar os 45 milhões de trabalhadores de qualificação média (o equivalente ao Ensino Médio completo) de que seu processo de industrialização precisa para continuar crescendo. Por outro lado, cerca de 95 milhões de indivíduos com baixa qualificação profissional (Ensino Fundamental) ficarão desempregados por não estarem a altura dos cargos disponíveis.”
– Falta de oportunidade para pesquisadores colocarem em prática novas tecnologias e materiais de construção, diretamente nas comunidades mais carentes – trazer para as comunidades o enorme conhecimento e pesquisas desenvolvidas nas Universidades e Centros Tecnológicos;
– Falta de perspectivas para jovens em situação de rua, internos em casa de recuperação, ou abrigos; que não tem profissão e não conseguem entrar no mercado de trabalho – ensinar a produzir componentes e tecnologia, oferecer a matéria prima e capacitar o jovem para construir a própria casa;
“- A cada ano, se tornam aptos ao mercado de trabalho, cerca de 2,1 milhões de pessoas. A expectativa de novos postos de trabalho formal no Brasil é de 1,7 milhão, para uma demanda de 2,1 milhão de pessoas que todo ano se tornam aptas a pleitear uma vaga de trabalho remunerado, ou seja, a cada ano teremos 600 mil pessoas aptas fora do mercado de trabalho. A maioria das novas vagas que surgem, são dos setores da indústria e construção civil. Porem existe muita dificuldade na obtenção de mão de obra especializada no setor de construção.
“2.187 menores de idade que vão completar a maioridade dentro de abrigos no Brasil ainda em 2012. Consequentemente, deixam de estar sob a tutela do Estado e enfrentam sozinhos a transição para a vida adulta. Com a maioridade, os jovens abrigados são considerados aptos a viver por conta própria, mesmo quando não possuem capacitação profissional. Como não há um programa direcionado exclusivamente a esse público no Brasil, a possibilidade deles encontrarem emprego e construírem uma vida digna é bem pequena.”
– Número imenso de pessoas ociosas em comunidades carentes – ensinar a produzir elementos tecnologia de baixo custo, para consumo da própria comunidade e comércio.
“Em 2012, a população de desempregados gira em torno de 6,7%, ou seja, atingirá a quantidade expressiva de 11,8 milhões de seres humanos desempregados e aproximadamente 6,7 milhões de pessoas desocupadas.”
Nossa proposta é oferecer possibilidades de construir utilizando materiais disponíveis localmente, capacitar as pessoas da comunidade através de cursos e oficinas presenciais em nossa sede, ou através de plataforma de ensino à distância.
– Promoção da Saúde através da Habitação Saudável – para essa reflexão utilizamos os conceitos de habitabilidade e de ambiência. Do ponto de vista do paradigma do ambiente como determinante da saúde, a habitação se constitui em um espaço de construção e consolidação do desenvolvimento da saúde. É de fundamental importância a pesquisa e produção de conhecimento técnico e aplicado em torno do ambiente construído, dos fatores de risco e do impacto na saúde humana.
“O desafio para a saúde ambiental está no gerenciamento dos riscos, na prevenção dos desastres e na promoção da saúde na habitação, em especial nas áreas de maior vulnerabilidade socioambiental, nas comunidades de baixa renda que, por critérios epidemiológicos e humanitários, deveriam ter a prioridade de investimentos e de efetivação das políticas públicas. Desconsiderar esta prioridade é contribuir para a fragmentação do tecido social, urbano e rural. “
(Manifesto da Rede Brasileira de Habitação Saudável gt habitação saudável e desastres)
- Objetivos Gerais
Pesquisa → Desenvolvimento de Componentes e Tecnologia → Capacitação -→ Produção de Materiais e Tecnologia → Construção das casas
Pesquisa – Estudar e explorar as potencialidades da construção tradicional como referência para a inovação tecnológica em sustentabilidade na arquitetura. Estudar a possibilidade de adaptar ao contexto tecnológico atual, técnicas tradicionais, que possibilite minimizar os impactos ambientais e maximizar os resultados sociais.
Desenvolvimento de Componentes e Tecnologia – Desenvolver novos materiais, componentes, técnicas construtivas e tecnologias alternativas para construção de baixo custo.
Capacitação– Formação profissional para a produção de componentes, painéis e técnicas construtivas que possibilitem a autoconstrução das casas, inserção dos aprendizes no mercado de trabalho e produção de componentes para comércio. A qualificação não é apenas uma alternativa para a construção da própria casa, mas o ingresso no mercado de trabalho e a possibilidade maior da construção da sua identidade cidadã.
Produção de Materiais e Tecnologia – Os resultados das pesquisas serão confeccionados pelos participantes dos cursos e pelos grupos interessados em geral. A produção de blocos, telhas, revestimento, portas e janelas, etc., poderão ser utilizados na confecção das próprias casas, ou para comercialização pela comunidade.
Construção da casa – A construção da casa está presidida por um conceito de sistema construtivo que integre os universos produtivos de dentro e de fora do canteiro: os saberes, os materiais, o equipamento, o processo de trabalho, as relações de trabalho, a logística, o ecossistema, etc.
- Objetivos Específicos
1. Construir um Centro Tecnológico em uma área acima de 50 mil metros quadrados. O Centro Tecnológico será aberto a estudantes, pesquisadores e público em geral, para pesquisar, desenvolver e produzir componentes e tecnologias de baixo custo para construção de casas populares sustentáveis. Construir uma ECOVILA com casas populares.
O Centro Tecnológico contará com 1 Laboratório de materiais, 1 estufa para pesquisa de plantas de diversas partes do Brasil, 1 Laboratório de Tecnologia para produção de energia limpa, 1 Oficina de reciclagem e reutilização de resíduos da construção civil, Centro de Ensino e Convivência.
A Ecovila com os protótipos das casas com área de 50 m2, (incialmente 10 casas) com diferentes materiais e sistemas construtivos, serão utilizadas para monitoramento e aperfeiçoamento dos componentes e tecnologias. Todas as casas terão horta e jardim. Tudo será aberto ao público em geral, GRATUITAMENTE.
2. Formar uma rede de pesquisadores capazes de criar novos conhecimentos que contribuam para expandir as capacidades da tecnologia e construção sustentável de baixo custo, para atender mais e melhor os desafios sociais e econômicos de comunidades desfavorecidas, rurais e urbanas. Esse grupo de pesquisadores desenvolverá componentes utilizando materiais ecológicos e reciclados; painéis solares de baixo custo para tecnologia limpa; sistemas construtivos tradicionais e alternativos revisados e atualizados. Todo material proveniente desses estudos será disponibilizado no nosso site e redes sociais.
3. Criar 6 grupos de pesquisa – 1. Parede, 2.Cobertura, 3.Estrutura, 4.Esgoto, 5.Revestimento, 6. Energia Limpa. Cada grupo terá um coordenador e voluntários para desenvolver a pesquisa, produzir os componentes, inserir o produto na casa e ensinar nos grupos de capacitação.
Cada grupo se responsabilizará pela pesquisa, desenvolvimento do material e ensinar os alunos e público em geral a produzir esse componente, ou tecnologia para construção de casas ou produção para comércio.
Cada grupo será responsável pelo seu produto, desde a pesquisa, ensino, produção, até o monitoramento do desempenho do mesmo, na casa.
O grupo de pesquisadores oferecerá consultoria, para moradores comunidades carentes em cidades sem nenhum acesso a tecnologia e sistemas construtivos de baixo custo, através de plataforma de ensino à distância.
O curso de capacitação será oferecido aos moradores de comunidades carentes, grupos que trabalham com moradores em situação de rua, clinica de dependentes químicos, grupos de mulheres vitimas de violência e jovens de abrigos. Esses grupos de pessoas serão selecionados pelos lideres das comunidades, ou abrigos.
Todos os cursos destinados às comunidades serão gratuitos, bem como o acompanhamento das obras nas comunidades dos alunos.
Os cursos serão oferecidos também através de plataforma de ensino à distância. Todo material didático será publicado na íntegra em nosso site e disponibilizado para o público em geral.
Estamos fazendo pesquisas para desenvolver componentes (blocos, telhas, elementos para fundação, estrutura, vedação, etc.), utilizando resíduos da construção convencional e materiais reciclados. O objetivo é retirar da natureza milhares de toneladas de “lixo” e transformá-los em materiais de construção. Toda produção será pública.
Mas o que faz de uma casa, um Lar?
As pessoas que vivem nela.
Etapa III
Comunidade e Universidade juntas
Trazer moradores de comunidades carentes, alunos de arquitetura e engenharia, profissionais da área de construção civil, internos de clinicas de recuperação e público em geral, para juntos recriarmos o “jeito de construir, morar e cuidar do planeta.”
Um sonho – fazer uma ponte entre os saberes da Academia e os saberes da população, que utiliza técnicas de construção alternativas, com terra, materiais descartados pela indústria da construção civil, etc. Juntos podemos construir casas com qualidade e baixo custo.
Existem pesquisas maravilhosas que poderiam melhorar a vida de milhões de pessoas, mas estão enfeitando as estantes da Bibliotecas. Vamos dar Vida a todo esse material”
O Planeta é o nosso Lar!
Morar em uma casa sustentável não basta, é necessário que as pessoas da comunidade criem uma nova relação com o planeta. É necessário que a cultura da sustentabilidade seja disseminada entre todos. Palestras, cursos, assistência na própria comunidade, nas escolas do bairro, são atitudes que entendemos como sementes para conscientização. A partir desse conhecimento que construiremos juntos é que a cultura da sustentabilidade pode proliferar. Reuso de água, coleta seletiva de lixo, horta coletiva, replantio nas áreas de mata ciliar quando prejudicadas e o respeito pelo meio ambiente são nossas principais metas. Contaremos com apoio de grupos ambientalistas que já desenvolvem cultura da sustentabilidade.
Quem somos
Amanda Novaes Massari , Bacharel em Direito
Ana Maria Morata dos Santos, Consultora de Vendas
Beatriz Morabito, Webmaster
Carla Gonçalves Boscato de Castro, Educadora
Carla Matheus de Almeida, Arquiteta
Isabel de Freitas, Psicóloga
José Marcelino de Andrade, Empresário
Miriam Morata Novaes, Arquiteta
Nadia Maria Rozon, Advogada
Sandra Regina Warde dos Santos, Secretária
Sonia Maria Marçal de Andrade, Educadora
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REPLAST
08/11/18
Toneladas de resíduos plástico estão contaminando a vida marinha nos oceanos e por tabela os pássaros e seres humanos e isso é um grande problema, mas felizmente muitas pessoas criativas estão bolando maneiras de resolver essa situação insustentável. A startup americana ByFusion desenvolveu uma tecnologia de tijolo ecológico reciclando os plásticos retirados dos oceanos.
Desta forma, os resíduos de plástico podem ser reutilizados de forma permanente, em vez de serem usados para criar outro item de plástico descartável que pode acabar de volta nos mares. A tecnologia foi uma ideia genial do inventor e engenheiro neozelandês Peter Lewis, e seu processo envolve uma plataforma modular que comprime os restos de plástico em blocos duráveis de várias formas e densidades, com base nas configurações personalizadas para serem encaixados como blocos de Lego.
O tijolo plástico reciclado se chama REPLAST, e seu sistema de fabricação é portátil pois vem dentro de um contêiner e pode ser transportado por caminhão e navio para qualquer lugar do mundo, e foi projetado para rodar com gás ou elétrico, e não precisa que o plástico seja classificado ou lavado.
A ByFusion descreve o REPLAST como um processo de fabricação sem emissões de CO2 e não-tóxico, e diz que os tijolos podem ajudar a melhorar a sustentabilidade de projetos de construção e contribuir para a certificação LEED. Até agora, os blocos de plástico reciclado foram concebidos para serem utilizados em paredes e barreiras de estrada, mas a empresa está aberta a personalização do material de construção para uso em outros tipos de projetos como casas e edifícios.
Não necessitando de cola ou adesivos, os tijolos ecológicos REPLAST poderiam representar a próxima onda de construção sustentável, uma vez que são totalmente reciclados a partir de resíduos de plástico recolhidos (sem discriminação para o tipo de plástico) e têm emissões de CO2 95% mais baixos do que os blocos de concreto tradicional. Devido à natureza dos detritos de plástico, os blocos são muito mais coloridos, também. O vídeo abaixo mostra a construção de uma parede com o simples encaixe dos tijolos de plástico.
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Casa Sustentável, Bio-saudável e Inteligente
25/02/18
Casas sustentáveis e baratas, além de resistentes e construídas em menos tempo. Esse talvez seja o ideal de muitos profissionais com foco em construção sustentável e que tenham como meta criar obras ecologicamente corretas, com conceitos que vão além dos já indispensáveis telhado verde e energia solar. E foi assim que nasceu a inédita casa sustentável brasileira, pronta em menos de uma semana e 25% mais econômica.
A ideia da “Casa Sustentável, Bio-saudável e Inteligente” de Campo Grande (MS), assim intitulada, veio de Kleber Karru, brasileiro que viveu na Espanha durante sete anos. Ciente da carência do Brasil para a construção de projetos de arquitetura sustentável, Karru firmou parceria com o morador espanhol Eugen Fudulu e com o OpenMS, laboratório europeu baseado em nanotecnologia, dando início ao projeto.
Com arquitetura que, aparentemente, se assemelha ao projeto de uma residência comum, a casa sustentável impressiona pela resistência e rapidez com que foi construída. Seis dias foi o tempo total que a obra levou para ser finalizada – partindo de uma alicerce pronto – e, mesmo em um país que não sofre com fenômenos naturais de grandes proporções, a casa ecológica resiste a terremotos de até nove graus na escala Richter e ventos de 300 quilômetros por hora.
O método usado na criação da original casa sustentável também se destaca: foi empregada a chamada nanotecnologia, técnica relativamente nova que se baseia na concepção de materiais e estruturas a partir de átomos. A tecnologia é uma das responsáveis pelo barateamento da residência em até 25% em relação à construção de casas tradicionais, já que a máquina que fabrica seus componentes não desperdiça materiais. Além disso, bastam quatro funcionários para “montar” sua estrutura.
Mas o que a torna a casa ecologicamente correta?
O máximo aproveitamento do ar, água e energia foi o foco do projeto campo-grandense. Um dos principais itens da casa sustentável que provam o conceito de sustentabilidade na construção civil é seu purificador, com capacidade de filtrar a água antes que chegue nas torneiras. Estrutura própria para teto solar e equipamento de ar capaz de eliminar as bactérias dos ambientes também chamam a atenção pela eficiência, economia e modernidade.
Quanto ao isolamento acústico e térmico da residência, ambos ganham em desenvolvimento sustentável, graças às paredes de espuma e fios de vidro internos e externos que dispensam o uso de ar-condicionado e ainda tornam a temperatura da casa mais agradável. Como se não bastasse, os materiais resistem à ação de cupins, fogo e umidade e a estrutura, quando totalmente instalada, permite ao morador aplicar o acabamento e revestimentos que quiser.
O futuro da primeira casa sustentável brasileira
Inaugurada no fim de 2015 e criada inicialmente apenas como um protótipo, a casa sustentável de Campo Grande passou a ter modelos comercializados em abril deste ano, período em que a indústria responsável pelo projeto instalou-se no Brasil. Os próximos passos de seus idealizadores é fechar parcerias com o governo do Estado para que a população tenha acesso a outros projetos de alta qualidade e baixo custo, como foi o da inédita residência ecológica.
O objetivo dos sócios é entregar até 30 habitações populares sustentáveis por mês, o que também geraria mais empregos à região. Em entrevista ao jornal Correio do Estado, Kleber Karru afirmou que isso pode ser uma realidade, pois o número de pessoas trabalhando aumentaria. “Com equipes de trabalho divididas por funções, fazemos uma casa por dia. Nesse caso, uma equipe faria o radier, outra montaria a estrutura e outra seria responsável pelo revestimento e acabamento final”, observou.
Fonte: http://www.temsustentavel.com.br/primeira-casa-sustentavel-do-brasil/
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Casa para Idoso
06/01/18
Adaptar a casa é fundamental para facilitar nosso oficio de viver.
Como adaptar a casa para um idoso portador de Alzheimer?
– Pode parecer bobo, mas, pinte sua casa com cores claras, pode até ser uma caiação, mas, o ambiente branco e limpo acalma o idoso que passa o dia todo no quarto.
– A noite eu deixava acesa uma lampada bem fraquinha de cor verde, pois mamãe tinha medo de escuro.
– Coloque flores, coisas bonitas para que ele se sinta valorizado, mamãe adorava perfume, eu borrifava aquele perfume para ambientes e ela se acalmava.
– Papai tinha mania de desmontar tudo, eu cobri as tomadas para que não levasse nenhum choque e escondemos as ferramentas.
– Elimine todos os tapetes e substitua em alguns locais, por placas de EVA de 2 cm de espessura. Coloque ao lado da cama e nos locais onde o idoso passa, como o caminho para o banheiro, em frente o vaso sanitário e a pia.
– Coloque Fita Antiderrapante no box e nos degraus das escadas.
– Coloque barras de apoio no boxe e ao lado do vaso sanitário.
– Mantenha as janelas do quarto abertas para ventilação adequada, mas não esqueça a tela de proteção, para que o idoso não tente pular a janela e fugir.
Falando em fugir não esqueça de esconder as chaves da casa e do cômodos, para que eles não se tranquem em banheiros ou quartos e depois não saibam abrir a porta.
Saindo da casa e indo para os móveis;
– Cuidado com os móveis baixos da sala que possuam cantos vivos, eles podem machucar as pernas dos idosos.
– Forre o colchão com bom protetor e se não encontrar um bom preço, vá em lojas de plásticos e compre plástico grosso para proteger o colchão, a fralda não segura o xixi e se molhar o colchão ficará um cheiro insuportável.
– Cuidado com cortinas, mamãe se agarrou na cortina do quarto e arrancou da parede. Ainda bem que o varão era um tubo muito leve e não machucou.
Some a isso um pouco de alegria, música, paciência, fé, carinho e amor. Pronto, receita perfeita para passar por esse temporal.”
Míriam Morata Novaes, arquiteta
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Janelas de vidro que esquentam água, e não o ambiente
02/02/17
Janela-radiador
Que tal uma janela que, além de controlar a luz que passa e evitar que o calor entre, ainda funcione como aquecedor solar, usando o calor do Sol para produzir água quente?
“Nossa janela é uma combinação das janelas de vidro comuns com camadas adicionais preenchidas com líquidos – uma na janela externa, ou outra na interna,” explica Anne-Sophie Zapf, da Universidade de Liechtenstein, coordenadora do projeto Fluidglass, financiado pela União Europeia.
Depois de analisar diversas abordagens, a equipe optou por uma janela composta por três camadas de vidro ligeiramente espaçadas, o que deixa dois espaços internos. Ambos são preenchidos com um líquido que é essencialmente água, mas contendo nanopartículas que permitem capturar energia e produzir sombra.
Sombra e água quente
A camada externa possui nanopartículas que absorvem a energia solar e aquecem a água. A água é mantida em um fluxo contínuo, como se a janela fosse um radiador. A água quente pode ser então armazenada em um tanque para uso doméstico, ou dirigida para um trocador de calor ou uma bomba de calor, podendo ser aproveitada inclusive para gerar energia.
A camada interna pode ser quente ou fria, dependendo da estação, provendo aquecimento ou resfriamento conforme o desejo dos ocupantes.
A quantidade de partículas no fluido pode ser controlada, de forma a prover um efeito ajustável de sombreamento. “Quando mais [partículas] no fluido, mais escuro ele fica, e mais energia ele pode coletar,” explicou Zapf.
Retrofitting
As janelas foram projetadas para se encaixar nos vãos tradicionais nas paredes, permitindo seu uso em prédios já construídos, em substituição às janelas tradicionais.
Segundo os cálculos da equipe, a economia potencial de energia vai de 50 a 70%. Já para as construções novas, já projetadas para consumirem menos energia, os ganhos chegam a 30%.
A expectativa é que as novas janelas cheguem ao mercado a partir de 2018.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/
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REBOCO para SUPERADOBE
30/11/16
Earthship – Canadá
27/04/16
Centenas de pneus, latas de milhares de cerveja, e uma variedade de materiais naturais e reciclados estão sendo usados para construir uma casa de 167.00 metros quadrados, 3 quartos na propriedade rural no sul de Alberta.
A casa, que é perto de Vulcan, Bassa, é construída com grandes janelas viradas a sul anguladas para coletar a luz solar e calor. Tem painéis solares para gerar eletricidade e cisternas para coletar a chuva e a neve derretida que será filtrada para água potável, bem como um sistema autônomo de esgoto.
“Este edifício faz tudo para si mesmo. Não precisa de uma infraestrutura,” diz Michael Reynolds, um arquiteto que reside no Novo México e fundador do Earthship Biotecture.
Mas “casa” não é a palavra mais exata para a estrutura radicalmente sustentável.
“O que exemplificam estes edifícios é que é inteiramente possível que tenha tudo o que você precisa no luxo — plano de tela TV, Internet, de alta velocidade tudo — sem gastar um centavo e, certamente, sem prejudicar o planeta,” disse o arquiteto de 68 anos que passou grande parte de sua vida ensinando e pregando os benefícios da earthship.
Uma vez completo, a casa vai reciclar suas águas cinzas, gerar sua própria eletricidade, produzir uma parcela de sua própria comida em uma estufa e regular sua própria temperatura.
“É uma casa que cuida de você e cuida de si mesmo e toma conta do ambiente… São peças realmente puras da habitação”.
Depois de anos de experiências e protótipos, Reynolds construído a primeira earthship oficial no Novo México há 25 anos. Ele passou os anos desde então, refinando o conceito enquanto viajava pelo mundo com Earthship Biotecture para projetar, construir e falar sobre as estruturas.
“Tenho de estar envolvido no prédio porque, em seguida, vejo como evoluir para torná-lo mais amigável, para tornar mais fácil de construir. Além disso, comer, dormir e sonhar com essas coisas,” disse Reynolds.
Centenas de earthships têm sido construídas através dos Estados Unidos e um punhado existe no Canadá, incluindo vários na Colúmbia Britânica.
A forma alternativa de habitação tornou-se mais conhecida após um documentário de 2007 sobre Reynolds e seus “discípulos verdes” chamados lixo guerreiro.
Ao longo dos anos, as
estruturas têm crescido em popularidade e evoluiu.
“Esses prédios, eles só ficam melhores a cada ano,” disse Reynolds.
“Vamos construir o mesmo projeto várias vezes e então cada pequeno aspecto de como eles andam juntos, como eles pré-forma, aerodinâmica e dinâmica térmica e tudo fica um pouco melhor cada ano. Estas coisas são agora uma BMW. Eles executam.”
“Um dia não é suficiente para dizer-lhe como construir todo o edifício,” ele disse. “Mas depois de um dia deixa seu entendimento de que estes edifícios são uma máquina que cuida de seres humanos.”
Paredes construídas a partir de pneus reciclados e latas envolvidas em argamassa permitem que as estruturas manter temperaturas confortáveis em qualquer clima.
A frente de um earthship, que está virado para Sul, para a luz solar máxima, é feita de grandes janelas de vidro e os edifícios normalmente incluem jardins internos que produzem culturas durante todo o ano.
Earthships usam células de tratamento de interior e exterior para salvar, tratamento e reutilização de esgotos domésticos, enquanto a eletricidade do sol e vento é armazenada em baterias e fornecida para tomadas elétricas através de um sistema de energia pré-embalados.
Earthships responde seis questões que “toda a humanidade tem de lidar com,” disse Reynolds, listando as questões como: não abrigo, ou seja, confortável usando o mínimo ou nenhum combustível, eletricidade para todos os dispositivos, água, esgoto, comida e lixo.
“Essas seis questões de cada cidade, cada município, cada país tem grandes programas para lidar com essas coisas. Estes edifícios abordam todas estas questões, uma família não precisa pagar por qualquer um desses serviços e certamente não precisa destruir o planeta, ficando estes serviços.”
Fonte: http://earthship.com/alberta-canada-global-model-build-summer-2014
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Mali – Arquitetura do barro na África
23/03/16
A região do Mali abrigou grandes impérios que marcaram a história do continente africano. Muitos, em sua época, considerados como as mais avançadas sociedades do mundo em sua complexidade social, estética e tecnológica. Além de formarem a identidade social do país, elas deixaram como legado importantes construções arquitetônicas, que trazem em suas estruturas a complexa e orgânica dimensão da engenharia de então. O destaque da arquitetura vernácula africana, que já inspirou grandes nomes do ocidente como Gaudí e Corbusier, está na coerência de sua integração à natureza e na harmonia ecológica de suas construções.
Marcadas pela utilização do barro como material de base e de acabamento, as edificações se mesclam com o cenário seco. A terra, o mais abundante e acessível material na natureza, é usada desde os tempos primitivos para a construção de casas, mas foram as técnicas desenvolvidas no Mali, adicionado à fluidez estética, que marcaram a história, com a utilização do tijolo adobe, feitos a partir de lama pisada, suplementado com componentes naturais como esterco ou grama picada. Os tijolos secos ao sol durante duas semanas são a base da construção, que utiliza o mesmo material como argamassa. Acima de tudo funcional, a arquitetura maliana nasce para aperfeiçoar a interação do homem com o meio ambiente seco e de ventos fortes, predominante na região. Assim, as construções, além da força de expressão criativa e autêntica, trazem técnicas complexas para a adaptação à atmosfera em que está inserida.
As casas são projetadas de modo que a diferença de temperatura entre o dia e a noite é compensada mediante a inércia térmica do edifício: as calorias acumuladas durante o dia são devolvidas à noite e o resfriamento noturno permite um refresco interno durante o dia. O edificado também é pensado sempre em movimento com o soprar do vento, sendo suas aberturas localizadas na direção oposta. Ainda são evitadas as formas chapadas de teto, a fim de diminuir a superfície exposta ao sol, sendo o material utilizado sempre de cores claras para abrandar a absorção de raios solares. Tudo apenas com materiais naturais e energia humana. As construções são reforçadas ou decoradas por pilares e pilastras. É comum a presença de um terraço no último piso suportado por vigas engenhosamente dispostas e um muro baixo arredondado construído para limitar o teto.
A Grande Mesquita, maior construção de barro no mundo, que encontra-se em Djenne, representa a fonte inesgotável de inspiração do gênero. A cidade é considerada patrimônio histórico mundial pela Unesco, pelo valor monumental de suas construções civis com o estilo característico da arquitetura do barro e por ser considerada testemunha excepcional das civilizações pré-islâmicas do delta interior do Níger. Escavações nas suas proximidades revelaram uma página importante da história humana que remonta ao século III A.C. Eles trouxeram à tona um conjunto arqueológico que testemunha uma estrutura urbana pré-islâmica com uma riqueza de construções circulares ou retangulares, bem como uma grande variedade de artefatos de terracota e de metal que comprovam a evolução de técnicas industriais e artesanais.
A região onde se encontram os sítios arqueológicos é conhecida como Djenné – Djeno, que foi abandonada no século XIV em favor de Djenné, que já era habitada desde o século XI. Em Djenne, o sultão Koumboro converteu-se ao islamismo, abandonando seu palácio e o transformando na primeira mesquita da cidade, que foi destruída em 1830 e depois substituída em 1906 pela atual, que dá o charme à “nova” cidade. A Grande Mesquita traz eriçados em suas torres grandes troncos de madeira chamados de torreões, que se projetam do interior da estrutura, formando o destaque da construção. Além de cumprir o papel de apoio, os troncos servem como escada para o reboco do monumento, que é realizado uma vez por um ano, antes da época de chuva (geralmente em abril), com a participação de todos os moradores da cidade, que celebram uma grande festa para o acontecimento.
A mesma técnica de conservação, que serve para proteger o edifício das chuvas e da umidade trazida com ela, é utilizada nas construções civis de Djenne, que também fazem parte da rede de edificações que preservam a história do Mali e ilustram a força estética da arquitetura do barro. A prestigiada mesquita da cidade somada às suas elegantes casas monumentais de composição rigorosa trouxeram a Djenne o título de “cidade mais bonita da África”. As casas de barro de Djenne são caracterizadas pela verticalidade, fachadas complexas e alpendres. Ainda as pilastras centrais e as portas e janelas com motivos decorativos trazem uma mensagem diferente a cada construção. Enquanto as pilastras principais representam os progenitores da casa, sendo as exteriores do homem e as centrais da mulher, os triângulos entre elas, representam a quantidade de filhos do casal. Já as portas e janelas, com influência da arquitetura marroquina, trazem recortes e símbolos representativos de cada família.
Além de Djenne, cidades como Segou-Koro, antiga capital do reino Bambara, San com suas mesquitas, Tombuktu e sua universidade e bibliotecas, Gao com suas tumbas e Dogon, com seus vilarejos, são fortes representações da arte de construir maliana, onde o barro na sua simplicidade se transforma em fonte de inspiração, tornando a visita ao país obrigatória para arquitetos, engenheiros e interessados em admirar um dos mais originais modelos de arquitetura existente. O mundo ocidental, na sua intensa procura pelo equilíbrio entre homem e natureza, tem muito a aprender com a sustentabilidade, coerência estética e construção orgânica do Mali.
Fontes: – http://www.afreaka.com.br/arquitetura-do-barro/ e http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.057/496/pt
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White Arkitekter
23/03/16
O escritório White Arkitekter foi selecionado como um dos quatro finalistas no concurso aberto “Nordic Built Challenge” para as Ilhas Feroe na Dinamarca, com seu projeto “The Eyes of Runavik”. Desenvolvido em parceria com o escritório norueguês de engenharia DIFK / Florian Kosche, a proposta se baseia em uma nova “tipologia icônica adaptável a diferentes inclinações de terreno e especialmente projetada para as condições climáticas das Ilhas Feroe”.
O projeto tem inspiração da agricultura tradicional de Feroe, na qual o campo, ou “hagi”, é usado para a pastagem do verão, enquanto a terra cultivada—“bøur”—é usada para as culturas vegetais. Por isso, cada anel do edifício, ou “olho”, do projeto “pode ser visto como um assentamento em si, com o campo ‘hagi’ como paisagem selvagem em todo o entorno, e o terreno ‘bøur’ como um microclima cultivado no centro”.
Além de se inspirar no contexto local, a proposta utiliza-se de recursos naturais como pedra basáltica, água, vento, calor geotérmico, vegetação e lã de ovelha, bem como outros materiais sustentáveis, com a intenção de emitir o mínimo possível de dióxido de carbono. Os edifícios fomentam minimamente exigências energéticas ao se deparar com princípios de Habitação Passiva, com a opção de se complementar com turbinas eólicas adicionais ou placas solares, se necessárias.
Em suma, a proposta pretende desenvolver cinco volumes compactos localizados no mínimo a 30 metros de distância uns dos outros, com o intuito de permitir que o “hagi” cerque tais volumetrias. Cada “olho” conteria entre 24 a 28 fileiras de casas e duas vias de acesso juntamente de infraestruturas pré-existentes ao norte e ao sul do local.
Fonte: http://www.white.dk/ e http://www.archdaily.com.br/
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Técnicas Construtivas com Terra
15/09/15
- ADOBE:
Blocos de terra produzidos a mão através do preenchimento de fôrmas, usualmente de madeira, que podem apresentar diversos tamanhos e formas. Podem ser empregados em alvenarias estruturais, de fechamento e cúpulas.
O Adobe é uma técnica que se estendeu pelos climas secos, áridos, subtropicais e temperados do planeta.
Existem relatos de construções utilizando essa técnica a mais de 7.000 anos.
Modo de fazer:
1) Preparar a cama com a massa que deverá repousar de 2 a 4 dias;
A composição do solo ideal para fazer adobes é de 20% Areia, 70% Argila, 10% esterco fresco e o equivalente a 10% de serragem e de 2 a 3 xícaras de baba de cactos por carrinho de mão.
2) Ao final do período de cura, misturar a massa com os pés, adicionando a quantidade de água necessária, até alcançar o ponto ótimo.
3) Após molhar e “untar” as fôrmas com areia, preenchê-las com massa, retirar os excessos e desmoldar;
4) Após a desmoldagem, os blocos devem ser secos preferencialmente à sombra. Virar os adobes alguns dias após o seu preparo para continuar a secagem do outro lado. Ao completar duas semanas, pode-se empilhá-los, porém deixando espaços entre cada tijolo para que o processo de secagem continue. Com três semanas pode-se concluir o processo de secagem deixando-os secar ao sol por mais uma semana. Este tempo de secagem varia muito de acordo com a época do ano e o clima local.
5) Os adobes devem ser assentados com a mesma massa utilizada para fabricá-los, podendo assentar no máximo 1 m de altura por dia.
- PAU-À-PIQUE ou TAIPA DE MÃO:
Técnica que aplica a terra como elemento de preenchimento de estruturas em trama de madeira ou outros materiais vegetais.
Podem ser empregados como paredes externas ou internas, sem admitir função estrutural.
Muito tradicional no Brasil, a taipa de mão pode ser encontrada também por toda a América Latina, na África e nos países centrais e ao norte da Europa. Existem vestígios que comprovam sua aplicação antes da taipa de pilão e do adobe.
Modo de fazer:
1) Preparar a cama com a massa;
Composição do solo para a massa de taipa de mão: Predominantemente arenosa (por volta de 60%), com argila entre 10 e 15% do volume total.
O traço da massa é: para cada parte de terra, ¼ desta parte de esterco;
2) Ao final do período de cura, adicionar um volume de fibra vegetal equivalente ao volume de terra (1:1), acrescentar a quantidade de água necessária e misturar a massa com os pés até alcançar o ponto ótimo.
3) Aplicar a massa em uma trama de vãos entre 10 e 15 cm. O preenchimento deve atingir 2 cm de espessura além da trama.
4) Proteger a parede da incidência direta do sol para que a secagem seja lenta, pois minimiza a retração e o aparecimento de fissuras.
- TERRA MODELADA / TERRA EMPILHADA (Cob):
Consiste em modelar a terra diretamente em estado plástico ou empilhar bolas de terra, que são depois regularizadas para atingir a forma desejada. Podem ser empregadas em paredes estruturais, de fechamento e cúpulas.
Esta técnica é considerada como a mais primitiva, pois não requer nenhuma ferramenta. Inicialmente utilizadas na África e na Ásia, foi posteriormente incorporada na Inglaterra (Cob) e na França (Bauge), nos séculos XV a XIX.
Modo de fazer:
1) Preparar a cama com a massa;
Composição do solo para a massa: Predominantemente arenosa (por volta de 60%), com argila entre 10 e 15% do volume total.
O traço da massa é: para cada parte de terra, ¼ desta parte de esterco;
2) Adicionar um volume de fibra vegetal equivalente ao volume de terra (1:1), acrescentar a quantidade de água necessária e misturar a massa com os pés até alcançar o ponto ótimo.
3) Aplicar a massa em bolas ou diretamente sobre a base impermeável até alcançar a altura ou forma desejada, com a possibilidade de regularizar a superfície ao final. A massa deve ser empilhada no máximo 80 cm por dia.
4) Proteger a parede da incidência direta do sol para que a secagem seja lenta, pois minimiza a retração e o aparecimento de fissuras.
- TAIPA DE PILÃO:
Esta técnica consiste em prensar ou comprimir camadas de terra quase seca dentro de formas, geralmente feitas com madeiras (a forma deve ser reforçada). Pode ser empregada em paredes estruturais e de fechamento.
Encontrado em todos os continentes, seu registro mais antigo pode ser encontrado na Assíria, datada de 5000 anos a.C.. A obra mais significativa com o uso desta técnica é a Muralha da China, construída no ano 220 a.C..
Modo de fazer:
1) Montar os taipais (fôrmas) cuidando para que os mesmos estejam bem fixos e estáveis.
2) Preparar a massa com terra peneirada podendo a mesma ser estabilizada com cimento ou cal.
O solo ideal para esta técnica é com 35% de areia e o restante de argila.
Umedecer ligeiramente a massa até que se atinja um mínimo de coesão entre as partículas da
terra.
3) Colocar a massa dentro dos taipais, em camadas de 10 a 15cm no máximo, de cada vez.
Apiloar até que a massa não se deforme mais com os golpes.
Serão atingidas fiadas de 50 a 80 cm, dependendo do tamanho da fôrma.
4) Ao final de cada fiada, desmontar a fôrma com cuidado para não danificar a parede.
Remontar os taipais logo acima para dar seqüência à construção.
*O volume da terra reduz em 40% na compressão.
- TAIPA ENSACADA ou Super Adobe:
Nesta técnica as paredes são erguidas com sacos preenchidos com subsolo local. O saco é um tubo de polipropileno com aproximadamente 50 cm de largura, que é adquirido em bobinas por metro ou quilo. Pode ser empregada na construção de muros de contenção, paredes estruturais ou de fechamento e cúpulas.
A taipa ensacada ganhou popularidade quando, na década de oitenta, rendeu a Nader Khalili (1936 – 2008) o prêmio em um concurso oferecido pela NASA, que consistia em desenvolver uma técnica de construção que fosse viável para a construção de uma base na lua.
Modo de fazer:
1) A taipa ensacada não exige mistura específica de areia/argila sendo adaptável até mesmo a
regiões com solo extremamente arenoso. Portanto a massa pode ser proveniente de qualquer solo, bastando umedecê-la ligeiramente até que se atinja um mínimo de coesão entre as partículas da terra.
Porém o ideal é utilizar um solo com 20 a 30% de areia.
Dependendo da função desejada deve-se adicionar cimento à massa na proporção de 1:10.
2) Cortar um pedaço do saco de polipropileno no comprimento desejado e preenchê-lo com terra.
Assim vão sendo formadas as “fiadas” que devem ser apiloadas e cobertas por outra fiada, sucessivamente, até a parede ser completamente erguida.
3) Deve-se aplicar arame farpado a cada 3 fiadas para conter um possível deslocamento.
- PNEU
Nesta técnica utilizam-se pneus como se fossem grandes tijolos. Cada pneu é preenchido com solo, preferencialmente com terra argilosa levemente umedecida, e vai sendo socado com marretas de borracha ou socador. À medida que a parede vai subindo, devemos ir costurando como se faz com os tijolos convencionais.
Coloca-se arame farpado entre algumas fiadas de pneus, com a função de fazer um melhor travamento.
Também pode ser utilizado apenas na fundação, com excelentes resultados e baixo custo.
Michael Reynolds, arquiteto americano, foi um dos pioneiros a utilizar os pneus como material construtivo.
A espessura que fica a parede de pneu oferece grande conforto térmico e acústico para a habitação, além de dar um fim excelente para um resíduo abundante da sociedade moderna.
- BLOCO DE TERRA COMPRIMIDA (BTC)
Componente de alvenaria fabricado com terra adensada em molde por compactação ou prensagem. Os BTC’s podem ser usados em qualquer tipo de construção substituindo os blocos cerâmicos convencionais, seja em alvenaria simples de vedação ou alvenaria estrutural.
Trata-se de uma técnica relativamente contemporânea desenvolvida, sobretudo na Bélgica, França e Alemanha. A primeira prensa de tijolos, a CINVA-RAM, foi desenvolvida na Colômbia em meados dos anos 1950.
No Brasil, a partir da década de 1970 começou a ser estudado.
Modo de fazer:
1) Destorroar e peneirar o solo seco (deve passar por uma malha da ordem de 5 mm ou destorroador mecânico);
Adiciona-se ao solo preparado, cimento na proporção previamente estabelecida (1:10 ou 1:12).
2) Misturar os materiais secos até obter uma coloração uniforme e adicionar água aos poucos até que se atinja a umidade adequada para sua prensagem.
3) Coloca-se a mistura no equipamento e procede-se à prensagem e à extração do BTC,
acomodando-o em uma superfície plana e lisa, em área protegida do sol do vento e da chuva.
4) Após 6 horas de moldados e durante os 7 primeiros dias, os BTC’s devem ser umedecidos
periodicamente, podendo ser acomodados em pilhas de até 1,5 m de altura, cobertos com lona plástica para manter a umidade.
5) O processo construtivo é semelhante ao da alvenaria convencional.
Importante:
Nunca se esqueça que a terra não resiste à água por muito tempo, por isso:
– Fazer fundação alta, de pelo menos 40 cm de altura, aplicando material impermeabilizante para proteger da água que respinga e para bloquear a umidade por capilaridade (aquela que sobe do solo).
– Prever beirais grandes, de no mínimo 80 cm, para proteger as paredes das chuvas, afastar a água que escorre do telhado e distanciar a água que respinga quando cai do telhado no chão.
Manutenção: É importante, de tempos em tempos, “barrear” a casa/edificação novamente, para evitar o surgimento de fissuras e buracos que podem servir de casa para insetos indesejados.
A frequência vai depender da técnica, da qualidade da execução do muro/parede e das intempéries locais (muito vento, muita chuva de vento).
No caso da pintura, assim como em construções convencionais, de tempos em tempos ela terá de ser refeita. Porém a frequência, em relação a uma parede comum, é um pouco maior. O mesmo vale a para a reaplicação de impermeabilizantes naturais, como a baba de cactus palma, por exemplo.
Você vai saber reconhecer quando sua parede estiver precisando de cuidados
Dica de mistura do barro
A ajuda de uma lona resistente de aproximadamente 4x4m facilita em muito o preparo da massa de barro.
Com a lona conseguimos “jogar” a massa para um lado e depois o outro, sucessivamente, de modo a se obter uma boa mistura dos elementos com maior agilidade, e ainda dispensa o uso de ferramentas como enxada e pá, visto que estaremos de “pés descalços”, evitando assim possíveis acidentes.
Passo a passo:
-Primeiro mistura-se a terra com a areia, depois vai lentamente adicionando a água com o sumo de cactos.
-Desmanchar bem os torrões de terra com os pés.
-Depois que a mistura da terra + areia + água já apresenta uma textura de “massa de pão”, ir adicionando a palha.
-A palha deverá ser bem espalhada de modo a não deixar feixes paralelos.
-Joga-se a palha e vai pisando para incorporar na massa. Vira-se a massa (com a ajuda da lona) e adiciona do outro lado. Nesta virada da massa a parte que estava em cima vai para baixo e vice-versa.
A massa pronta tem que ter uma textura semelhante a massa de pão.
Cuidar para não adicionar muita água.
Fonte: http://espaconaturalmente.blogspot.com.br/
