Miriam
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Artigos por Miriam
A Terra é o nosso Lar
31/03/20
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.
Terra, Nosso Lar
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, está viva com uma comunidade de vida única. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida.
A capacidade de recuperação da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.
Carta da Terra
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Habitação Ecológica
17/03/20
Habitação ecológica ultrapassa os modelos tradicionais com o foco total no papelão
Casa modular e flexível, concebida na Holanda, dá um banho quando o tema é inovação e sustentabilidade, sem esquecer do conforto
Parece mesmo não haver limite para a arquitetura, principalmente quando o assunto são construções sustentáveis. Uma verdadeira revolução tecnológica, acompanhada de uma profusão de boas ideias, invade o setor e resignifica o sentido do morar. Conceitos que poderiam ser tidos como simples, mas por outro lado são frutos de um trabalho dedicado, saem das pranchetas dos profissionais com a força necessária para se colocar positivamente no espaço, ao respeitar a natureza em todas as fases do processo.
É o caso desta casa modular e ecologicamente correta que um estúdio holandês acaba de apresentar ao mercado. Assinada e concebida pela Fiction Factory, de Amsterdã, a Wikkelhouse (em tradução livre, “casa embrulhada”) é formada quase por inteiro a partir do papelão, e pode ser personalizada em tamanho e função, conforme o desejo do usuário. Os autores do projeto têm expertise na atuação criativa com a arquitetura e o design de interiores, trazendo na bagagem uma experiência de quase 30 anos na área.
A estrutura é feita partindo de 24 camadas do material, de altíssima qualidade, que envolve um molde giratório com o leiaute de uma casa. Cada faixa é colada com uma super-cola ecológica que permite boa durabilidade e ótimo isolamento. Daí o mote para o nome da obra – a palavra holandesa ‘wikkelen’ significa ‘embrulhar’. O acabamento é especificado com uma camada impermeabilizante, além de painéis de madeira que preservam a habitação de intempéries.
Com um modelo três vezes mais sustentável e eco-amigável que uma casa convencional, a Wikkelhouse é toda formada por matérias-primas de baixo impacto ambiental. Ela é completamente reciclável, com componentes que possibilitam a desconstrução para o reaproveitamento infinito. A morada também não requer uma base de apoio – com cada segmento pesando apenas 500 quilos, pode ser alocada e conectada ao terreno em um dia.
A proposta é que a Wikkelhouse possa estar onde for a intenção do cliente. Uma vez concluída, cabe para ser transportada em caminhão ou navio para campos gramados, à praia, em prédios comerciais, içada para o telhado de edifícios, no jardim, com extrema flexibilidade, adaptando-se às necessidades particulares. A casa é feita para durar pelo menos 100 anos e os tipos de pintura no interior seguem as preferências de cada um. A morada pode servir como local de trabalho, de férias, de meditação, para a família, como ambiente para escritores ou músicos.
Constituída por módulos de 4,6 m de comprimento x 1,2 m de largura x 3,5 m de altura, a casa consegue crescer em tamanho de acordo com a demanda – sem limites pré-concebidos, a estrutura é capaz de atingir inclusive 127 partes na profundidade. Com frações inteligentes, a Wikkelhouse pode reunir quarto, salas de estar e jantar, apoio para escritório, cozinha, banheiro e chuveiro, além de janelas e acabamentos personalizáveis, e até lareira.
Oferecida por uma oficina em Amsterdã, por enquanto a casa só pode ser adquirida nos Países Baixos, Bélgica, Luxemburgo, França, Alemanha, Reino Unido e Dinamarca.
Fonte: https://estadodeminas.lugarcerto.com.br
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Bactérias e areia fazem tijolos vivos – que se reproduzem
08/02/20
Tijolos vivos
Novos materiais de construção vivos, que podem crescer e se multiplicar, podem não apenas representar uma revolução no campo dos materiais de construção, como também ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa no futuro.
Chelsea Heveran e seus colegas da Universidade do Colorado, nos EUA, desenvolveram uma técnica que combina areia e bactérias para criar um material vivo que possui uma função estrutural, sem perder suas funções biológicas, como a capacidade de reprodução.
Heveran criou um suporte de areia e hidrogel para as bactérias crescerem. O hidrogel retém a umidade e os nutrientes para que as bactérias proliferem e mineralizem, um processo semelhante à formação de conchas do mar. Combinando os três, a equipe criou um material vivo “verde” que demonstra resistência estrutural semelhante à da argamassa à base de cimento.
“Usamos cianobactérias fotossintéticas para biomineralizar o suporte, então é realmente verde. Parece um material do tipo Frankenstein. É exatamente isso que estamos tentando criar – algo que permanece vivo,” disse o professor Wil Srubar, coordenador da equipe.
Tijolo que se reproduz
O tijolo de hidrogel e areia não está apenas vivo – ele se reproduz.
Se você dividir o tijolo ao meio, as bactérias podem crescer e se transformar em dois tijolos completos com a ajuda de um pouco mais de areia, hidrogel e nutrientes.
Em vez de fabricar os tijolos um por um, a equipe demonstrou que um tijolo-pai pode reproduzir até oito tijolos-filhos após três gerações.
“O que realmente nos entusiasma é que isso desafia as formas convencionais pelas quais fabricamos materiais de construção estruturais,” diz Srubar. “Isso realmente demonstra a capacidade de fabricação exponencial de material”.
Cultivando tijolos
O tijolo precisa ser completamente seco para atingir a capacidade estrutural máxima (maior resistência). É claro que a secagem estressa as bactérias e compromete sua viabilidade.
Para manter a função estrutural e garantir a sobrevivência microbiana, o conceito de umidade relativa ideal e condições de armazenamento é crítico.
Utilizando a umidade e a temperatura como interruptores físicos, os pesquisadores estabeleceram os parâmetros que permitem controlar quando as bactérias crescem e dão origem a novos tijolos, e quando o material permanece inativo para servir à sua função estrutural.
Você ainda não vai encontrar esses microrganismos que viram tijolos na casa de material de construção mais próxima da sua casa. Mas os pesquisadores afirmam que sua capacidade de manter suas bactérias vivas com uma alta taxa de sucesso mostra que os prédios vivos podem não estar muito longe no futuro.
“Esta é uma plataforma de materiais que prepara o terreno para novos materiais interessantes que podem ser projetados para interagir e responder aos seus ambientes,” disse Srubar. “Estamos apenas tentando dar vida aos materiais de construção, e acho que esta é a pepita dessa coisa toda. Estamos apenas arranhando a superfície e lançando as bases de uma nova disciplina. O céu é o limite”.
Artigo: Biomineralization and Successive Regeneration of Engineered Living Building Materials
Autores: Chelsea M. Heveran, Sarah L. Williams, Jishen Qiu, Juliana Artier, Mija H. Hubler, Sherri M. Cook, Jeffrey C. Cameron, Wil V. Srubar III
Revista: Matter
DOI: 10.1016/j.matt.2019.11.016
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Reciclagem – cuidando do Planeta
26/12/19
A Evolução do Conceito de Lixo
A palavra lixo é derivada do termo em latim lix que significa: a) “cinzas” de uma época em que a maior parte dos resíduos de cozinha era formada por cinzas e restos de lenha carbonizada dos fornos e fogões; e também b) lixare (polir, desbastar) onde lixo seria então a sujeira, os restos, o supérfluo que a lixa arranca dos materiais. No dicionário, ela é definida como sujeira, imundice, coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Lixo, na linguagem técnica, é sinônimo de resíduos sólidos e é representado por materiais descartados pelas atividades humanas. Desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras indústrias na Europa, o lixo era produzido em pequena quantidade e constituído essencialmente de sobras de alimentos.
A partir da Revolução Industrial, as fábricas começaram a produzir objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas. O homem passou a viver então a era dos descartáveis em que a maior parte dos produtos — desde guardanapos de papel e latas de refrigerante, até computadores — são inutilizados e jogados fora com enorme rapidez.
Ao mesmo tempo, o crescimento acelerado das metrópoles fez com que as áreas disponíveis para colocar o lixo se tornassem escassas. A sujeira acumulada no ambiente aumentou a poluição do solo, das águas e piorou as condições de saúde das populações em todo o mundo, especialmente nas regiões menos desenvolvidas. Até hoje, no Brasil, a maior parte dos resíduos recolhidos nos centros urbanos é simplesmente jogada sem qualquer cuidado em depósitos existentes nas periferias das cidades.
A questão é: o que fazer com tanto lixo?
O lixo geralmente é mais rico do que imaginamos…
Tipos de Lixo e Sua Reutilização
Tipos de lixo com suas respectivas cores para reciclagem.
PAPEL
A matéria-prima vegetal mais utilizada para a fabricação de papel é a madeira obtida em áreas de reflorestamento (na sua maioria, eucalipto e pinus).
A matéria-prima é processada química ou mecanicamente, ou por uma combinação dos dois métodos, gerando a “pasta celulose”. A pasta de celulose também pode ser obtida por meio da reciclagem do papel.
Para produzir 1 tonelada de papel são necessárias 2 a 3 toneladas de madeira, uma grande quantidade de água e muita energia. A reciclagem de papel preserva as árvores que seriam cortadas para fabricá-lo, reduz a poluição do ar e da água, além de economizar energia.
Reciclável | Não Reciclável |
Caixa de papelão | Papel sanitário |
Jornal | Copos descartáveis |
Revista | Papel carbono |
Impressos em geral | Fotografias |
Fotocópias | Fitas adesivas |
Rascunhos | Etiquetas adesivas |
Envelopes | |
Papel timbrado | |
Cartões | |
Papel de fax |
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CICLO DA RECICLAGEM DO PAPEL
1. O catador de recicláveis recebe o papel utilizado e o separa de acordo com o tipo.
2. Remove-se objetos como clips, grampos e plásticos, e o papel é organizado em “fardos”, que são enviados para as indústrias papeleiras.
3. Os fardos são cortados em tiras e carregados por uma esteira até um enorme tanque de água quente chamado “hidropulper”, que corta e agita o papel até ser transformado numa pasta de celulose.
4. A água é retirada da polpa por drenagem, eliminando-se também por esse processo impurezas como fibras ou arames.
5. Produtos químicos e corantes podem ser adicionados à polpa antes de ser processada em uma outra máquina.
6. A polpa preparada é jogada sobre uma tela de arame que funciona como peneira. A água passa através das malhas deixando somente as fibras agregadas que se transformarão no papel.
7. A água deixada nas fibras é prensada e o papel é secado por meio de rolos e pesados cilindros aquecidos a vapor.
8. A superfície do papel é alisada, sendo depois enrolado em bobinas. E está pronto para ser utilizado novamente.
BENEFÍCIOS DA RECICLAGEM
Economia dos seguintes recursos naturais:
– Madeira: uma tonelada de aparas pode substituir de 2 a 4 m3 de madeira, conforme o tipo de papel a ser fabricado.
– Água: na fabricação de 1 tonelada de papel reciclado são necessários apenas 2 mil litros de água, ao passo que, no processo tradicional, esse volume pode chegar a 100 mil litros por tonelada.
– Energia: em média, economiza-se metade da energia, podendo-se chegar a 80% de economia quando se comparam papéis reciclados simples com papéis virgens feitos com pasta de refinador.
PLÁSTICO
A leveza e a maleabilidade fazem do plástico um dos materiais preferidos para embalar e transportar produtos. Porém, a indústria plástica criou um dos maiores problemas ambientais deste século: a eliminação do lixo plástico.
Os materiais plásticos ocupam muito espaço nos aterros, devido a dificuldades de compactação e por sua baixa degradabilidade. As embalagens plásticas, lançadas indevidamente no ambiente, contribuem para entupimentos, propiciam condições de proliferação de vetores de doenças, prejudicam a navegação marítima e agridem a fauna aquática.
Geralmente, os plásticos manufaturados chegam ao final da vida útil praticamente sem modificações substanciais nas suas características físico-químicas. Entretanto, boa parte dos plásticos usados pode ser reciclada, resultando, daí, ganhos ambientais, econômicos e sociais.
O QUE SE PODE FAZER COM PLÁSTICO RECICLADO
Plástico | Objetos mais adequados à reciclagem | Alguns objetos que podem ser feitos com plástico reciclado |
PS | Caixas de CDs, embalagens de laticínios | Vasos de plantas, cabides |
PP | Caixas de baterias de automóveis, sacos de ráfia | Tubos de esgoto, caixas e vasos para plantas |
PE | Garrafas, engradados | Sacos, vazilhame de produtos de limpeza |
PET | Garrafas | Fibras para fazer vestuário, caixas, fibras para enchimento |
PVC | Tubos, perfis | Tubos de esgoto, solas de sapatos, perfis |
ESP | Caixas, embalagens | Vasos para plantas, cabides |
BENEFÍCIOS DA RECICLAGEM:
– Economia de energia e petróleo;
– Aceleração da decomposição da matéria orgânica nos aterros sanitários, pois o plástico impermeabiliza as camadas de material biologicamente degradável, prejudicando a circulação de gases e líquidos;
– Redução do volume de lixo depositado em aterros, aumentando sua vida útil.
Poucas são as empresas que fazem todo o processo de reciclagem do plástico. O mais comum é:
1º Grupo » Empresas de comercialização de resíduos: compram a sucata plástica, separam, prensam em fardos e vendem
o resíduo classificado.
2º Grupo » Empresas de transformação dos resíduos em grânulos: compram os resíduos já classificados e transformam
em grânulos.
3º Grupo » Empresas de fabricação de novos produtos: compram os grânulos e transformam em novos produtos.
RECICLAGEM DE PET
PET é o melhor e mais resistente plástico para fabricação de garrafas e embalagens. Devido às suas características, o PET mostrou ser o recipiente ideal para a indústria de bebidas em todo o mundo.
Porém, com o aumento do consumo, surgiu um grande desafio a ser resolvido: o que fazer com as embalagens já utilizadas e descartadas?
A coleta e a reciclagem da embalagem PET têm sido cada vez mais incentivada, permitindo o uso da matéria original para a fabricação de diversos produtos. Um dos mais interessantes é produção de fibras de poliéster. Essas fibras estão sendo largamente utilizadas na indústria têxtil e nas confecções.
METAL
O homem moderno é extremamente dependente dos metais. Nos veículos, na construção civil, nas ferramentas e nos utensílios domésticos, os metais estão presentes em grandes quantidades. Nas aplicações elétricas, o cobre é fundamental. Os metais leves, como alumínio, titânio e zircônio, são cada vez mais usados.
Os metais são materiais muito duráveis de grande resistência mecânica e facilidade de conformação, sendo muito utilizados em equipamentos, estruturas e embalagens em geral. Quanto à composição, os metais são classificados em dois grandes grupos: os ferrosos (compostos basicamente de ferro e aço) e os não-ferrosos. Entre os metais não-ferrosos, destacam-se o alumínio, o cobre, o chumbo, o níquel e o zinco.
Os metais são 100 % recicláveis. Para a reciclagem, os metais são separados por tipo:
– sucatas pesadas: geralmente encontradas nos “ferros-velhos” (vigas, equipamentos, chapas, grelhas etc.);
– sucatas de processo: cavacos, limalhas e rebarbas, além de peças defeituosas que voltam ao processo industrial;
– sucatas de obsolescência: materiais destinados ao lixo, após o uso.
As sucatas de materiais ferrosos são vendidas para as siderúrgicas e fundições que os usam como matéria-prima para a produção de aço. As mais comuns são:
– aço e ferro, usados em obras de construção civil;
– tubos de ferro e aço;
– ferro fundido: blocos de motores, peças, tubos, conexões;
– latas vazias;
– cabos elétricos;
– tambores de 200 litros;
– peças de máquinas;
– pedaços de objetos variados.
As sucatas de materiais não-ferrosos mais comuns são:
– alumínio: latinhas de bebidas, janelas, portões, grades, panelas, rodas, marmitex;
– cobre encapado: fios com capa de isolação;
– cobre nu: fios sem isolação, tubos;
– chumbo: redes de canalização, tanques e aparelhos de raios, lacres, chumbo de roda;
– zinco: placas de pilhas, telhas;
– estanho: peças variadas;
– níquel;
– titânio;
– bronze;
– latão;
– magnésio.
Reciclagem de Alumínio
De acordo com dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), a cada 1Kg de alumínio reciclado, 5Kg de bauxita (minério de onde se produz o alumínio) são poupados. Para se reciclar 1 tonelada de alumínio, gasta-se somente 5% da energia que seria necessária para se produzir a mesma quantidade de alumínio primário, ou seja, a reciclagem do alumínio proporciona uma economia de 95% de energia elétrica.
A reciclagem da lata representa uma enorme economia de energia. Para produzir o alumínio são necessários 17,6 mil kW. Para reciclar, 700 kW. A diferença é suficiente para abastecer de energia 160 pessoas durante um mês. Hoje, em apenas 42 dias, uma latinha de alumínio pode ser comprada no supermercado, jogada fora, reciclada e voltar às prateleiras para o consumo.
VIDRO
O vidro é um material duro, frágil e transparente. É fabricado a partir de algumas das matérias-primas mais abundantes da face da Terra. O elemento básico do vidro é a sílica, fornecida pela areia, óxidos fundentes, estabilizantes e substâncias corantes.
O uso da embalagem para o mesmo fim, várias vezes, é o primeiro dos atributos que diferenciam o vidro da maioria dos materiais de embalagem.
O aproveitamento do vidro na reciclagem é de 100%. Os cacos são utilizá-los como matéria-prima na fabricação de novas embalagens de vidro. O material é fundido em fornos de alta temperatura junto com a matéria-prima virgem (calcário, barrilha, feldspato, entre outros). Cada 1 Kg de vidro que é reciclado evita a mineração de 1,3Kg de areia – uma prática de alto impacto ambiental.
CLASSIFICAÇÃO DE SUCATAS DE VIDRO
Recicláveis | Não Recicláveis |
Garrafas de bebida alcoólica e não alcoólica | Espelhos, vidros de janela e box de banheiro, lâmpadas, cristal |
Frascos em geral (molhos, condimentos, remédios, perfumes e produtos de limpeza) | Ampolas de remédios, formas, travessas e utensílios de mesa de vidro temperado |
Potes de produtos alimentícios | Vidros de automóveis |
Cacos de embalagens | Tubos de televisão e válvulas |
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Uma das principais dificuldades na reciclagem do vidro é a coleta do material descartado. Deve ser separado por tipos e cores:
- Por tipo:
– Garrafas;
– Potes (alimentos);
– Frascos (medicamentos, cosméticos, etc);
– Vidros planos;
– Cristais;
– Espelhos;
– Lâmpadas;
– Pirex e similares. - Por cor:
– Translúcido ou incolor: o mais valorizado;
– Âmbar (garrafas de cerveja e produtos químicos) e verde (refrigerantes): o segundo mais valorizado;
– Misto e plano.
RESÍDUOS ORGÂNICOS
Mais da metade do lixo domiciliar é constituída por matéria orgânica. A compostagem é o processo natural de decomposição biológica, que propicia um destino útil para os resíduos orgânicos, transformando problema em solução.
VANTAGENS DA COMPOSTAGEM:
– É fácil de fazer;
– Tem custos reduzidos;
– Melhora a estrutura do solo e atua como adubo;
– Tem fungicidas naturais e organismos benéficos que ajudam a eliminar organismos causadores de doença no solo e nas plantas;
– Diminui a contaminação dos solos
COMO FAZER UMA COMPOSTEIRA DOMÉSTICA?
- Reserve um recipiente, em sua cozinha, apenas para o descarte de resíduos orgânicos. As embalagens ou objetos de plástico, vidro e metais deverão ser descartados em outro recipiente.
2.Escolha um canto no seu quintal, de preferência à sombra, onde você montará sua composteira. Contorne o espaço escolhido com bambu, madeira velha, tela de galinheiro, blocos ou tijolos (sem cimento).
3. Deposite na composteira o material orgânico, já separado do lixo. Cubra-o com folhas, grama cortada, serragem e esterco seco misturado com terra, até que não dê para ver o material orgânico (restos de alimentos) embaixo.
4. Regue o monte para umedecer essa camada de cobertura mais seca. Essa cobertura também protege o monte do sol direto.
Procedimentos
1. A cada dois ou três dias areje bem o monte, passando o material de um lado para o outro. Após esses revolvimentos, o material esquenta – não será fácil manter a mão no meio do monte por muito tempo –, indicando que a decomposição está ocorrendo corretamente. Em qualquer momento, você pode adicionar mais material orgânico à composteira, repetindo a etapa 3.
2. Fungos, tatuzinhos, besouros, piolhos-de-cobra e trilhões de bactérias estarão trabalhando por você, decompondo o material. Esses “bichinhos” são inofensivos e não se espalham para além do monte. Se, quando o composto estiver pronto, você quiser ensacá-lo para vender, peneire-o antes, devolvendo os bichinhos ao monte, para que eles possam continuar o trabalho de decomposição.
3. Quando não couber mais material na composteira, comece outra, seguindo o mesmo procedimento. O monte deve ser revirado e regado, por cerca de 2 meses. Após esse período, o monte terá murchado pela metade.
4. O material será um composto, pronto para ser usado, se o monte:
– Tiver cor marrom café e cheiro agradável de terra;
– Estiver homogêneo e não der para distinguir os rejeitos;
– Não esquentar mais, mesmo após o revolvimento.
Fonte: http://www.cecae.usp.br/recicla
O QUE PODE E O QUE NÃO PODE SER USADO NA COMPOSTAGEM
ETAPAS DA COMPOSTAGEM
1ª Etapa
O tempo de duração é de 10 a 15 dias. É a etapa da decomposição da matéria orgânica facilmente degradável, como por exemplo, carboidratos. As proteínas, aminoácidos, lipídios e carboidratos são decompostos em água, gás carbônico e nutrientes, liberando calor. A temperatura pode chegar a 65-70ºC. Nessa temperatura, durante um período de cerca de 15 dias, é possível eliminar as bactérias patogênicas, como por exemplo, as salmonelas, e as ervas – inclusive as daninhas, ovos de parasitas, larvas de insetos etc.
Nessa fase, a temperatura deve ser controlada para que não ultrapasse os 75ºC, pois pode causar a produção de odores, pelas reações químicas que acontecem no processo e não mais a ação biológica de microorganismos.
PODE | NÃO PODE |
Restos de comida cozida e da preparação | Carne, peixe, frutos do mar |
Cascas de frutas, legumes e ovos | Laticínios (queijo, manteiga etc) |
Folhas e resíduos de jardim | Gorduras |
Restos de madeira | Resíduos de jardim com pesticidas |
Plantas doentes | |
Plásticos, vidros, metais, tecidos, tintas, produtos químicos, medicamentos |
2ª Etapa
A temperatura fica na faixa de 45-30ºC e o tempo pode variar de dois a quatro meses. É a fase de semimaturação: os participantes freqüentes desta fase são as bactérias e os fungos.
3ª Etapa
Essa é a fase de maturação/humificação: celulose e lignina são transformados em húmus ou composto. A temperatura cai para 25-30ºC.
PNEUS
Os pneus são feitos basicamente de borracha, que é um tipo de material altamente resistente à degradação biológica e com elevado poder calorífico, podendo constituir risco como potencial foco de incêndio (um pneu pode ficar em combustão por semanas).
Quando queimados, os pneus liberam gases que formam uma fumaça negra, de forte odor, na qual está presente o dióxido de enxofre. Além disso, os pneus depositados em locais inadequados permitem a proliferação de diversos mosquitos, como os transmissores da dengue e da febre amarela, pois acumulam água no seu interior.
PROCESSOS DE RECICLAGEM DE PNEUS
1. Processos físicos/mecânicos: o pneu é triturado, moído e seus componentes (borracha, fibras, aço) são separados para posterior reutilização.
2. Processos químicos: são os que permitem obter maior leque de produtos.
3. Processo pirolítico (decomposição pelo calor, sem oxigênio): podem ser obtidos diversos tipos de óleos e gases que, posteriormente, poderão ser utilizados como matéria-prima para combustíveis e outros produtos químicos.
USOS PARA OS PNEUS RECICLADOS:
1. Recauchutagem e remoldagem: o pneu é reconstruído a partir de um pneu usado, repondo a banda de rodagem (a borracha externa).
2. Uso como combustível: os pneus são picados e queimados nos fornos de indústrias, como produção de cal, cimento, celulose e papel.
3. Uso como aditivo de asfalto: conhecido como asfalto-borracha, é obtido pela mistura de borracha de pneu moído e asfalto.
4. Borracha regenerada: a borracha regenerada pode, em parte, ser utilizada na confecção de bandas de rodagem de pneus. Ela também pode ser utilizada na fabricação de pneus maciços, usados em veículos internos de movimentação de carga.
Visando diminuir o passivo ambiental dos pneus inservíveis no Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) publicou a Resolução 258, de 26 de agosto de 1999, que trata da destinação final, de forma ambientalmente adequada e segura, dispondo sobre a reciclagem, prazos de coleta, entre outros fatores.
LÂMPADAS FLUORESCENTES
As lâmpadas fluorescentes são muito econômicas, mas antes da compra é importante observar: somente adquirir o produto com selo Procel, pois foram testadas e aprovadas pelo Inmetro.
O que muita gente ainda não sabe é que as lâmpadas fluorescentes compactas ou tubulares contêm mercúrio, substância tóxica nociva ao ser humano e ao meio ambiente. Se rompidas, liberam vapor de mercúrio que será aspirado por quem as manuseia. Em virtude da ampla utilização pela população que necessita diminuir as contas de eletricidade e da toxidade do material, não basta pensarmos em uma coleta diferenciada. É importantíssimo enfocarmos os cuidados no manuseio e no descarte, para não quebrá-las. Ao manusear as lâmpadas fluorescentes nunca se deve segurá-las pelo vidro. É recomendável que sejam descartadas em caixas de papelão ou protegidas com jornal, plástico bolha, entre outros, para evitar sua ruptura (como, aliás, deve ser para todo material perfurante e cortante a ser descartado). No caso das lâmpadas, devem ser vedadas para conter o vapor de mercúrio e, assim, proteger a saúde e o meio ambiente. Em caso de quebra acidental de uma lâmpada, o local deve ser limpo, os cacos coletados, de modo a não ferir quem os manipula, e colocados em caixas de papelão ou protegidos com jornal, para evitar o rompimento da embalagem que deve ser fechada, hermeticamente, em sacos plásticos, a fim de evitar contínua liberação.
Enquanto não se regulamenta a legislação que criará normas para lâmpadas com mercúrio, é recomendável que a população não misture essas lâmpadas com o lixo doméstico, pois serão rompidas fatalmente, contaminando o meio ambiente e pondo em risco a saúde dos funcionários da limpeza – local ou pública, bem como a saúde dos catadores.
RECICLAGEM
O processo de reciclagem industrial de lâmpadas fluorescentes mais usado, em várias partes do mundo e no Brasil, envolve basicamente duas fases:
1ª fase: Esmagamento
As lâmpadas são quebradas em pequenos fragmentos em um moinho, quando, então, os materiais constituintes são separados em cinco classes distintas:
- terminais de alumínio;
- pinos de latão;
- componentes ferro-metálicos;
- vidro;
- poeira fosforosa, rica em mercúrio;
- isolamento baquelítico.
Destino dos produtos obtidos:
– A poeira é retirada do filtro e transferida para uma unidade de destilação para recuperação do mercúrio;
– O vidro é enviado para reciclagem;
– O alumínio e pinos de latão, depois de limpos, são enviados para reciclagem;
– A poeira de fósforo é, normalmente, enviada para uma unidade de destilação, onde o mercúrio é extraído. O mercúrio é, então, recuperado e pode ser reutilizado;
– A poeira fosforosa resultante é reciclada.
O único componente da lâmpada que não é reciclado é o isolamento baquelítico, existente nas extremidades da lâmpada.
Destilação de mercúrio
É a fase de recuperação do mercúrio contido na poeira de fósforo. A recuperação é obtida aquecendo o mercúrio acima de 350°C. O material vaporizado, a partir desse processo, é condensado e coletado.
Fonte: CMRR – Centro Mineiro de Referência em Resíduos
Acesse: http://www.cmrr.mg.gov.br/
Curiosidades…
O gerenciamento do lixo sólido, além de ajudar na preservação dos recursos primários existentes na natureza, permite a redução do volume do lixo e a diminuição da poluição do ar, do solo e da água, trazendo também economia de energia e de água na produção. O papel reciclado, por exemplo, requer cerca de 74% a menos de energia e 50% a menos de água do que o papel obtido de madeira virgem.
O Japão reutiliza 50% do seu lixo sólido. Nesse país um dos mais engajados em questões de preservação ambiental, são comuns diversos tipos de reciclagem, como o reaproveitamento da água do chuveiro na privada. Já na Europa Ocidental, recupera-se 30% do seu lixo e os EUA reciclam 11%.
Materiais retirados do lixo, que levariam tempo para se decompor, como o alumínio, plástico, vidro, papel e papelão, estão sendo reprocessados e voltando para o mercado como embalagens, utilidades domésticas e outros milhares de produtos. A reciclagem de uma única latinha significa a economia de energia suficiente para manter uma TV ligada por 3 horas.
Fonte: https://saberpensar.jimdofree.com/reciclando-o-lixo-e-as-id%C3%A9ias/
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Horta Doméstica – Cultivo
09/12/19
Mesmo morando na cidade podemos cultivar hortaliças, plantas medicinais, condimentares e aromáticas no quintal de nossa casa.
Para isso, temos de fazer a nossa horta, onde colheremos plantas fresquinhas e sem resíduos de veneno, que fazem muito bem para a nossa saúde física e mental. Sim, para a nossa saúde mental também! Pois cuidar de plantas é uma terapia e pode ser também uma diversão.
As plantas de nossa horta podem ser cultivadas em canteiros, os quais temos de nutrir (alimentar) com adubo orgânico.
Além do adubo, precisamos de sementes e mudas de boa qualidade. As sementes podem ser compradas no comércio local, assim como as mudas. No entanto, podemos também produzir, em casa, as nossas mudas.
Como produzir mudas?
Para a produção de nossas mudas podemos usar bandejas de isopor ou de plástico, próprias para a sua produção, e também substrato orgânico.
Nas bandejas, plantamos algumas mudas de hortaliças, por exemplo, compradas ou ganhadas; e deixamos que germinem por um período de 25 a 30 dias.
Depois disso, retiramos as mudas (vigorosas e saudáveis) das bandejas, com todas as suas raízes e o substrato junto, na forma de um bloco, e as plantamos num canteiro.
Dicas para se fazer um canteiro
O canteiro deve ser feito em um local que receba luz do sol o dia todo, ou, pelo menos, por umas quatro horas diárias; pois as plantas precisam de calor para ficar verdinhas e sadias.
Daí para frente é preciso somente irrigar o canteiro com água de boa qualidade, e sem jamais encharcá-lo. Caso apareça nele algum bichinho, antes de ele comer as suas plantas mate-o com as mãos.
Se for necessário, você pode usar também remédios naturais para controlar pragas e doenças de seu canteiro. Mas, atenção! Não há necessidade de usar veneno em seu canteiro!!! Vamos fazer uma horta orgânica, boa para a nossa saúde e para o meio ambiente.
Que plantas escolher para o cultivo?
Porém, nem tudo pode ser plantado em espaços muito limitados, como canteiros, floreiras ou vasos. Por isso, antes de fazer o canteiro de nossa horta temos de escolher nossas plantas preferidas, as quais possamos cultivar em grande número e em pequenos espaços.
Entre as hortaliças, por exemplo, podemos escolher plantas como alface, rúcula, tomate e cenoura.
Já entre as plantas medicinais, temos aquelas para o preparo de deliciosos chás, como a erva-doce, a camomila, a hortelã e o capim-santo (também chamado capim-cidreira ou capim-limão); e, entre as plantas condimentares, temos o orégano, o coentro, a salsa, a cebolinha e o manjericão.
Plantando tudo junto, em consórcio!
Aliás, podemos cultivar diferentes espécies vegetais num mesmo espaço, o que chamamos de “consórcio de plantas“.
O consórcio é uma técnica de plantio muito importante no cultivo orgânico de plantas, por aumentar a biodiversidade, que, por sua vez, é importante para o desenvolvimento e a saúde das plantas e do solo, bem como para o controle de pragas e de doenças.
Assim, num mesmo canteiro você pode plantar, juntas, hortaliças e plantas condimentares e aromáticas. Por exemplo: cebolinha com coentro, coentro com alface, cebolinha com hortelã e cebolinha com manjericão.
Em consórcios de hortaliças e de condimentares, você pode acrescentar também plantas medicinais, como capim-santo, em uma de suas extremidades, e até flores, para atrair os insetos bons.
Mas, para fazer esse consórcio, você deve ter o seguinte cuidado: não cultivar, juntas, plantas que podem fazer sombra uma na outra por muito tempo.
Finalmente, é importante, e prazeroso, cuidar sempre das plantas e garantir nosso alimento sem contaminações que possam prejudicar a nossa saúde!
Feito tudo isso, é só colher verduras e chás na área de serviço de nosso apartamento, ou no quintal de nossa casa, ali, bem pertinho da cozinha, onde vão ser preparadas para o consumo!
Fonte: Embrapa Tabuleiros Costeiros
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Índia constrói casas resistentes a enchentes com materiais locais
09/12/19
Casas à prova de inundações
O estado de Kerala, no sul da Índia, que perdeu quase um milhão de casas em duas inundações desastrosas em 2018 e 2019, está tentando se adaptar às mudanças climáticas construindo casas resistentes a inundações.
Em dois anos, um sexto da população de 35 milhões de habitantes do estado foi afetado pelas inundações e 1,4 milhão delas teve que abandonar suas casas. Muitas casas frágeis foram destruídas e estão sendo reconstruídas do zero.
Percebendo que as inundações serão uma ocorrência cada vez mais regular no futuro, à medida que as mudanças climáticas continuarem a tornar o clima mais extremo, o plano é projetar e construir casas que possam suportar as inundações.
E, de acordo com os arquitetos pioneiros na área, elas devem ser construídas com materiais locais, como bambu, cal e lama.
“Estamos usando tijolos de barro entrelaçados, pilares feitos de bambu tratado, barro e concreto. Para reboco, usamos cascas de coco, bambu tratado e telhas de barro. O bambu é um substituto significativo do aço e tem uma resistência equivalente,” contou o arquiteto Gopalan Shankar.
Tecnologia habitacional de baixo custo
Shankar iniciou seu negócio sem fins lucrativos, o Habitat Technology Group, em 1987, como uma banda de um homem só.
Levou seis meses para ele conseguiu sua primeira encomenda, mas ele agora trabalha com 400 arquitetos, engenheiros e assistentes sociais, e possui 34 escritórios regionais e 35.000 trabalhadores treinados em toda a Índia.
No estado de Kerala, ele acaba de concluir a construção de 250 casas resistentes ao clima para as vítimas das enchentes.
O governo indiano tem um esquema que dá às pessoas um subsídio para reparar suas casas após uma enchente, mas as incentiva a construir de maneira a tornar as casas mais capazes de suportar impactos futuros.
“Em áreas propensas a inundações, quando há necessidade de residir lá, construímos a casa com o material disponível localmente que possa se mostrar eficiente. Os danos causados pelas inundações não afetam em larga medida o morador, tanto física quanto financeiramente,” disse Shankar.
Fonte: inovaçãotecnológica.com.br
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Já temos toda a energia necessária para acabar com a pobreza
09/12/19
Já temos toda a energia necessária para acabar com a pobreza
Ainda não sabemos ao certo se é mesmo possível construir uma civilização sustentável.
Acabar com a pobreza e cuidar do clima
Dois objetivos fundamentais da humanidade hoje são erradicar a pobreza e enfrentar as mudanças climáticas. Antes de planejar o que fazer, contudo, é fundamental que o mundo saiba primeiro se as ações para alcançar algum desses objetivos afetam o outro.
Por exemplo, muito se tem discutido sobre quanta energia os países realmente precisam para satisfazer as necessidades mais básicas de toda a sua população; mas os cenários globais de estabilização climática assumem fortes reduções no crescimento da demanda de energia – especialmente nos países em desenvolvimento.
Uma pesquisa patrocinada pelo IIASA (Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados), na Áustria, forneceu agora, pela primeira vez, uma base para responder a essa pergunta, incluindo as ferramentas necessárias para relacionar as necessidades básicas diretamente ao uso de recursos.
Os pesquisadores escolheram três países em desenvolvimento – Brasil, Índia e África do Sul – e, para cada país, analisaram quais requisitos materiais estavam subjacentes às necessidades humanas básicas; e como os recursos energéticos necessários para atender a essas necessidades básicas variam em diferentes contextos (por exemplo, clima ou cultura) em cada país.
Para isso, eles desenvolveram uma nova maneira de derivar a demanda de energia dos serviços básicos, separando-a da demanda de energia para o crescimento econômico, de modo que a energia para a erradicação da pobreza pudesse ser separada daquela demanda da parte da população que já não se encontra abaixo da linha a pobreza.
“Há muito que as pessoas temem que o desenvolvimento econômico e a mitigação do clima não sejam compatíveis – que o crescimento necessário para tirar bilhões de pessoas da pobreza tornaria impossível reduzir as emissões líquidas a zero – o que é um requisito para a estabilização do clima. Até agora, a comunidade de pesquisa, no entanto, não tinha uma forma de separar as necessidades de energia para erradicar a pobreza das necessidades de energia para o crescimento da demanda geral dos países. Sem isso, vastas desigualdades e padrões de consumo insustentáveis nos países em desenvolvimento estavam sendo ignorados,” explica o professor Narasimha Rao.
Temos energia para combater a pobreza
O setor de transporte é um dos grandes consumidores de energia. Por isso pesquisadores têm recomendado pensar fora da caixa e viabilizar formas alternativas de transporte para uma economia sustentável.
Os resultados mostram que as necessidades de energia para fornecer padrões de vida decentes a todos os cidadãos dos países analisados estão muito abaixo do uso atual de energia nacional, e também muito abaixo do uso médio per capita da energia em termos globais.
Em outras palavras, não há uma dicotomia entre combater a pobreza e cuidar do clima porque já temos a energia suficiente para atender ao primeiro objetivo – basta distribuí-la adequadamente.
A energia necessária para proporcionar saúde e educação é muito menor do que a energia necessária para sustentar a infraestrutura física, o setor de transportes e as residências e prédios comerciais e industriais.
Mais do que isso, essas necessidades de energia para dar dignidade aos mais pobres podem ser ainda mais reduzidas se os países fornecerem transporte público extensivo a preços acessíveis e usarem materiais locais na construção civil.
“Não esperávamos que as necessidades de energia para uma vida minimamente decente fossem tão modestas, mesmo para países como a Índia, onde existem grandes lacunas. Também foi uma surpresa agradável que as necessidades humanas mais essenciais relacionadas à saúde, nutrição e educação são baratas em termos de energia. Ao longo do caminho, também descobrimos que medir a pobreza em termos dessas privações materiais excede em muito a definição de pobreza de renda do Banco Mundial,” detalhou Rao.
Embora o impacto do setor seja pontual em relação a setores como agricultura e pecuária, tem havido pressões para uma mineração verde e sustentável.
Pressão de energia para os ricos
As descobertas indicam ainda que a riqueza, mais do que as necessidades básicas, pressiona a demanda de energia e que a maior parte do crescimento futuro da energia nesses países provavelmente servirá à classe média e aos ricos, mesmo que os governos priorizem a erradicação da pobreza.
Isso sugere que deve ser dada muita atenção aos estilos de vida e como eles evoluem nos países em desenvolvimento.
O Brasil, por exemplo, possui uma intensidade energética de mobilidade comparativamente alta devido à alta dependência dos carros. Devido a essas diferenças, os países em desenvolvimento enfrentarão diferentes custos e desafios para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, elevando a qualidade de vida dos cidadãos acima de um padrão básico.
As promessas futuras do Acordo de Paris deverão considerar essas diferenças para garantir que os países percebam seus esforços como comparáveis e justos, recomenda a equipe.
Fonte: https://www.inovacaotecnologica.com.br
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Adaptar a Casa para Idoso
24/09/19
Quando o Alzheimer entra na nossa casa ela precisa ser adaptada, assim como nossos hábitos e vida. Faz parte da minha profissão ajudar a adaptar o espaço, para que o cotidiano seja o mais prazeroso possível.
Assim como adaptamos a casa para a chegada de um filho, ou a saída dele para sua própria casa, precisamos adaptar a casa da família que convive com o paciente de Alzheimer, porque tudo vai mudar.
- O perigo mora em casa
- Banheiros
- Dormitórios
- Salas
- Detalhes importantes
- Cozinhas
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Madeira Transparente
15/07/19
Madeira transparente
Em 2016, uma equipe do Instituto Real de Tecnologia da Suécia apresentou uma madeira opticamente transparente.
Os pesquisadores fizeram a madeira ficar transparente removendo das paredes celulares da madeira de balsa um componente chamado lignina, que absorve a luz. Para reduzir a dispersão da luz, eles incorporaram acrílico como suporte.
Agora, a equipe adicionou à sua madeira sem lignina um polímero chamado polietilenoglicol (PEG), o que a tornou capaz de armazenar e liberar calor.
“Escolhemos o PEG por causa de sua capacidade de armazenar calor, mas também por causa de sua alta afinidade com a madeira. Em Estocolmo há um navio muito antigo chamado Vasa, e os cientistas usaram o PEG para estabilizar a madeira. Então sabíamos que o PEG poderia ir realmente profundamente nas células da madeira,” disse a pesquisadora Céline Montanari.
Material de mudança de fase
Conhecido como um “material de mudança de fase”, o PEG é um sólido que se funde a uma temperatura de 30º C, armazenando energia no processo. O material fica travado na estrutura da madeira, e a temperatura de fusão pode ser ajustada usando diferentes tipos de PEG.
“Durante um dia ensolarado, o material absorverá o calor antes que ele chegue ao espaço interno, e o interior ficará mais frio do que do lado de fora,” explicou Montanari. “E à noite ocorre o inverso – o PEG se torna sólido e libera o calor no ambiente interno para que você possa manter uma temperatura constante na casa”.
O acrílico foi novamente usado para proteger o material compósito da umidade. Como na versão anterior, a madeira modificada continua transparente, embora ligeiramente “enevoada”, permitindo alguma privacidade – e com o bônus adicional de armazenar e liberar calor.
Melhor que plástico ou vidro
Os pesquisadores apontam que a madeira transparente tem o potencial de ser mais ecologicamente correta do que outros materiais de construção, como plástico, concreto e vidro.
Além de suas capacidades de armazenamento térmico, esse “vidro de madeira” poderia ser mais fácil de descartar depois de ter servido ao seu propósito. “O PEG e a madeira são de base biológica e biodegradáveis. A única parte que não é biodegradável é o acrílico, mas ele poderia ser substituído por outro polímero de base biológica,” disse o professor Lars Berglund.
Agora, o foco está em ampliar o processo de produção para torná-lo viável industrialmente. A equipe estima que a madeira transparente poderá estar disponível para aplicações de nicho em design de interiores em cerca de cinco anos.
Eles também estão tentando aumentar a capacidade de armazenamento do material para torná-lo ainda mais eficiente em termos de energia.
Artigo: Multifunctional transparent wood for thermal energy storage applications
Autores: Céline Montanari, Y. Li, Lars Berglund
Revista: Proceedings of th ACS National Meeting & Expositions 2019
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Três Ecologias – Felix Guattari
23/05/19
Para onde quer que nos voltemos, reencontramos esse mesmo paradoxo lancinante: de um lado, o desenvolvimento contínuo de novos meios técnico-científicos potencialmente capazes de resolver as problemáticas ecológicas dominantes e determinar o equilíbrio das atividades socialmente úteis sobre a superfície do planeta e, de outro lado, a incapacidade das forças sociais organizadas e das formações subjetivas constituídas de se apropriar desses meios para torná-los operativos.
(…)
As formações políticas e as instâncias executivas parecem totalmente incapazes de apreender essa problemática no conjunto de suas implicações. Apesar de estarem começando a tomar uma consciência parcial dos perigos mais evidentes que ameaçam o meio ambiente natural de nossas sociedades, elas geralmente se contentam em abordar o campo dos danos industriais e, ainda assim, unicamente numa perspectiva tecnocrática, ao passo que só uma articulação ético-política – a que chamo ecosofia – entre os três registros ecológicos (o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana) é que poderia esclarecer convenientemente tais questões.
(…)
As relações da humanidade com o socius, com a psique e com a “natureza” tendem, com efeito, a se deteriorar cada vez mais, não só em razão de nocividades e poluições objetivas, mas também pela existência de fato de um desconhecimento e de uma passividade fatalista dos indivíduos e dos poderes com relação a essas questões consideradas em seu conjunto. Catastróficas ou não, as evoluções negativas são aceitas tais como são. O estruturalismo – e depois o pós-modernismo – acostumou-nos a uma visão de mundo que elimina a pertinência das intervenções humanas que se encarnam em políticas e micropolíticas concretas. Explicar esse perecimento das práxis sociais pela morte das ideologias e pelo retorno aos valores universais me parece pouco satisfatório. Na realidade, o que convém incriminar, principalmente, é a inadaptação das práxis sociais e psicológicas e também a cegueira quanto ao caráter falacioso da compartimentação de alguns domínios do real. Não é justo separar a ação sobre a psique daquela sobre o socius e o ambiente. A recusa a olhar de frente as degradações desses três domínios, tal como isto é alimentado pela mídia, confina num empreendimento de infantilização da opinião e de neutralização destrutiva da democracia. Para se desintoxicar do discurso sedativo que as grandes mídias em particular destilam, conviria, daqui para frente, apreender o mundo através dos três vasos comunicantes que constituem nossos três pontos de vista ecológicos [o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana].
(…)
ECOLOGIA SOCIAL
A ecosofia social consistirá, portanto, em desenvolver práticas específicas que tendam a modificar e a reinventar maneiras de ser no seio do casal, da família, do contexto urbano, do trabalho etc. Certamente seria inconcebível pretender retornar a fórmulas anteriores, correspondentes a períodos nos quais, ao mesmo tempo, a densidade demográfica era mais fraca e a densidade das relações sociais mais forte que hoje. A questão será literalmente reconstruir o conjunto das modalidades do ser em grupo. E não somente pelas intervenções “comunicacionais” mas também por mutações existenciais que dizem respeito à essência da subjetividade. Nesse domínio, não nos ateríamos às recomendações gerais mas faríamos funcionar práticas efetivas de experimentação tanto nos níveis microssociais quanto em escalas institucionais maiores.
(…)
ECOLOGIA MENTAL
A ecosofia mental, por sua vez, será levada a reinventar a relação do sujeito com o corpo, com o fantasma, com o tempo que passa, com os “mistérios” da vida e da morte. Ela será levada a procurar antídotos para a uniformização midiática e telemática, o conformismo das modas, as manipulações da opinião pela publicidade, pelas sondagens etc. Sua maneira de operar aproximar-se-á mais daquela do artista do que a dos profissionais “psi”, sempre assombrados por um ideal caduco de cientificidade.
(…)
ECOLOGIA AMBIENTAL
Em minha opinião, a ecologia ambiental, tal como existe hoje, não fez senão iniciar e prefigurar a ecologia generalizada que aqui preconizo e que terá por finalidade descentrar radicalmente as lutas sociais e as maneiras de assumir a própria psique. 8 Os movimentos ecológicos atuais têm certamente muitos méritos, mas, penso que na verdade, a questão ecosófica global é importante demais para ser deixada a algumas de suas correntes arcaizantes e folclorizantes, que às vezes optam deliberadamente por recusar todo e qualquer engajamento político em grande escala. A conotação da ecologia deveria deixar de ser vinculada à imagem de uma pequena minoria de amantes da natureza ou de especialistas diplomados. Ela põe em causa o conjunto da subjetividade e das formações de poder capitalísticos – os quais não estão de modo algum seguros que continuarão a vencê-la, como foi o caso na última década.
(…)
O princípio particular à ecologia ambiental é o de que tudo é possível tanto as piores catástrofes quanto as evoluções flexíveis. Cada vez mais, os equilíbrios naturais dependerão das intervenções humanas. Um tempo virá em que será necessário empreender imensos programas para regular as relações entre o oxigênio, o ozônio e o gás carbônico na atmosfera terrestre. Poderíamos perfeitamente requalificar a ecologia ambiental de ecologia maquínica já que, tanto do lado do cosmos quanto das práxis humanas, a questão é sempre a de máquinas – e eu ousaria até dizer de máquinas de guerra. Desde sempre a “natureza” esteve em guerra contra a vida! Mas a aceleração dos “progressos” técnico-científicos conjugada ao enorme crescimento demográfico faz com que se deva empreender, sem tardar, uma espécie de corrida para dominar a mecanosfera.
No futuro a questão não será apenas a da defesa da natureza, mas a de uma ofensiva para reparar o pulmão amazônico, para fazer reflorescer o Saara. A criação de novas espécies vivas, vegetais e animais, está inelutavelmente em nosso horizonte e torna urgente não apenas a adoção de uma ética ecosófica adaptada a essa situação, ao mesmo tempo terrificante e fascinante, mas também de uma política focalizada no destino da humanidade.
(…)
as três ecologias deveriam ser concebidas como sendo da alçada de uma disciplina comum ético-estética e, ao mesmo tempo, como distintas uma das outras do ponto de vista das práticas que as caracterizam. Seus registros são da alçada do que chamei heterogênese, isto é, processo contínuo de ressingularização. Os indivíduos devem se tornar a um só tempo solidários e cada vez mais diferentes. (O mesmo se passa com a ressingularização das escolas, das prefeituras, do urbanismo etc).
A subjetividade, através de chaves transversais, se instaura ao mesmo tempo
no mundo do meio ambiente, dos grandes Agenciamentos sociais e institucionais e, simetricamente, no seio das paisagens e dos fantasmas que habitam as mais íntimas esferas do indivíduo. A reconquista de um grau de autonomia criativa num campo particular invoca outras reconquistas em outros campos. Assim, toda uma catálise da retomada de confiança da humanidade em si mesma está para ser forjada passo a passo e, às vezes, a partir dos meios os mais minúsculos.
Trechos do ensaio “Três Ecologias” de Felix Guattari
